Por Jorge Fernandes
A igreja pode mudar o mundo? Não sei se é possível, na verdade, não creio possível, pois não vejo respaldo bíblico para a afirmação de que a igreja transformará o mundo. Em especial porque, ao contrário, ela vem sendo excessivamente influenciada por ele. De certa forma, as trevas têm ganhado batalhas (não me entendam mal, as trevas jamais vencerão a luz), mas sabemos que a vitória na guerra é de Cristo, e nossa, por Cristo.
Se há algo que podemos fazer é proteger a igreja das sugestões malignas, voltar ao Evangelho, ser novamente luz e sal no mundo. Para que isso aconteça é necessário que se abandone as experiências místicas e sensitivas, a adoração superficial, e a convicção errada de que, qualquer coisa, desde que tenha uma cruz, é cristianismo; de que, qualquer um, desde que seja batizado, é cristão. Enquanto insistir-se em lutar contra o mundo, com as armas do mundo, ele sempre vencerá, ainda que nos dê, em um ou outro round, a falsa idéia de que jogará a toalha, de que está próximo de ser derrotado (entenda que, eternamente, satanás e o mal estão derrotados, mas para nós, a vitoria aconteceu no tempo, e compreenderemos a sua plenitude no Dia do Senhor). Ao usar o armamento alheio, revelamos que as armas celestiais não são as melhores, e acabamos por nos conformar aos métodos e práticas as quais queremos vencer.
Quem pode derrotá-lo? Cristo já o fez na cruz do Calvário, e ao ressuscitar no terceiro dia. Então, se Ele é o nosso general, por que temos de ouvir o inimigo irremediavelmente derrotado? Basicamente porque se abandonou a doutrina e o modo de vida cristão. Não em relação aos dogmas denominacionais de batistas, presbiterianos, assembleianos, mas a essência do Evangelho, a revelação divina nas Escrituras Sagradas, e o entendimento daquilo que Deus nos revelou como a Sua vontade.
ENSINO DA IGREJA
Li recentemente um artigo em que o irmão opunha-se ao ensino pela igreja, no sentido de que esse não é o papel da igreja. É claro que a igreja não ensina, e sim os membros que são qualificados pelo Espírito Santo e designados por ela para tal. Senão, porque Paulo escreveria: “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas” (1Co 12.27-28 – este e outros grifos são meus). Se a igreja não ensinar as doutrinas bíblicas, como o corpo terá unidade? E para que haveria doutores? “Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis. E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?” (1Co 12.17-19). Fico a perguntar se a igreja a qual esse irmão é membro não tem nenhuma doutrina, nem é ensinada a verdade aos neófitos. Pelo que entendi, apenas o Espírito Santo pode ensinar, doutrinar o eleito, e Deus usará a Bíblia como única fonte de ensino. Porém, da mesma forma que foi dado dons diferente aos membros da igreja, todos poderão aprender por si só? E no caso daqueles que são analfabetos? À época da igreja primitiva, e até pouco tempo, uma minoria era capaz de ler. Nesse caso, a palavra foi-lhes lida e pregada, mas será que todos têm a capacidade de entender? E a quem não tem o Espírito (o incrédulo, p. ex.) como chegará ao conhecimento da verdade? Não será por pregação, pelo ensino? Filipe, que não era apóstolo (o irmão diz que o ensino era uma prerrogativa apostólica) ao ser levado ao deserto pelo Espírito não ensinou ao Eunuco? (At. 8.26-39). Mas alguém poderá dizer: “Bem, você faz a defesa do ensino para o incrédulo, que ainda não é parte da igreja, nesse caso, está certo. Mas aos membros do corpo, apenas o Espírito pode ensinar”. Porém a ordem do Senhor é clara: “Fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.19-20).
Isso é preservar a doutrina de Cristo, a qual se dará pelo ensino dos eleitos aos eleitos. Ou Paulo, em suas cartas, faz o quê? Ele não ensina, exorta, orienta? Mas o irmão poderia dizer: “Esse é o ensino dos apóstolos, ninguém mais pode fazê-lo”, mas os apóstolos não são membros do corpo? E eles não ensinaram a outros crentes que ensinaram a outros crentes e, assim, “o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui” (Gl 6.6)? Aqui a instrução é prerrogativa humana, e não do Espírito Santo, o qual capacita tanto o instrutor quanto o instruído ao entendimento, de tal forma que o instrutor será recompensado pelo instruído (o que muitos considerarão uma ofensa: a recompensa pecuniária para ensinar), logo, essa instrução não pode ser pelo Espírito, pois, o que poderíamos dar-LHE? (a alusão a bens é claramente material, e mesmo que não fosse, a obediência, o serviço, a adoração e devoção a Deus não são nenhuma forma de "paga" pelo que Ele nos dá).
O mesmo Paulo se qualifica como “doutor dos gentios na fé e na verdade” (1Tm 2.7); exorta Timóteo a que mande “estas coisas e ensina-as” (1Tm 4.11); de que “se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras” (1Tm 6.3-4); “ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade” (2Tm 2.24-25) ; “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido” (2Tm 3.14).
Não há nenhuma referência ao ensino sobrenatural do Espírito, mas ao ensino humano, segundo o poder divino de capacitar, operar e confirmar a Palavra no coração eleito, revelando-lhe a Sua vontade.
Portanto, a igreja, não como entidade institucional (Vaticano, Concílios, Dioceses, etc), é responsável por aquilo que Cristo lhe deu: o Evangelho, mantendo-o na pureza em que Ele o proclamou, na santidade da revelação escriturística. E isso é realizado através de cada um dos membros do corpo, sob a supervisão e autoridade do Espírito Santo, mas também da igreja, a qual é inspirada por Ele.
VOLTA AO EVANGELHO
Sem a proclamação da doutrina bíblica, como será possível influenciar o mundo?* Sem que os membros sejam ensinados à obediência escriturística, negligenciando-a, haverá vida cristã? Enquanto os alicerces, os fundamentos da doutrina, não estiverem arraigados na igreja (verdades como a Trindade Santa, a Queda, a Depravação Humana, a Expiação Vicária de Cristo, o Arrependimento e a Regeneração do incrédulo, a Santificação... doutrinas que já são realidade na vida do eleito, e não uma promessa futura), está-se a proclamar qualquer outra coisa menos o Evangelho.
É indispensável e urgente voltar-se à pregação expositiva, à prática cristã do estudo bíblico individual e nos lares, à Escola Dominical, para que sejamos instruídos na verdade revelada, capacitados a entendê-la, praticá-la e ensiná-la aos novos e velhos crentes, não a confundindo com a falsa doutrina e o antievangelho. Sem nos esquecer da oração diária e a intercessão por todos, crentes ou não.
O reflexo será o despertar da consciência em Deus, da redenção em Cristo, das promessas que nos aguardam na eternidade, mas, também, uma vida terrena que testemunhe o amor e a graça divinas, através de atitudes que traduzam ao mundo como é a mente de Cristo: fazendo o bem, perdoando as ofensas, confortando os aflitos, suprindo as necessidades do próximo (material e espiritual), não nos conformando com o mundo e a nossa vontade, mas resignados à vontade santa e soberana de Deus.
Assim é que demonstraremos o interesse verdadeiro pelas pessoas e a obediência sincera a Deus. Como diz o ditado: "Palavras são palavras, nada mais que palavras", e se não são acompanhadas por atitude e comportamento que as corroborem, continuarão sendo palavras; ao que o apóstolo exorta-nos: “Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1Jo 3.18).
Cristo proclamou o Evangelho, ensinou-o, dando-nos o exemplo de como viver santa, justa e perfeitamente segundo a Sua palavra. Não há meio termo, nem muro, no qual haja neutralidade e se possa subir. Então, onde você está? Em Cristo? No mundo? Se sim, não. Se não, sim. Pois o Senhor é quem definirá: onde Ele estiver, ali o eleito estará.
* Como disse, não me iludo na transformação do mundo secular em cristão, mas piamente acredito que a Igreja influencia-lo-á, tirando das trevas aqueles que Deus predestinou eternamente à luz.
13 comentários:
É uma vergonha o que estão fazendo com a igreja. Ninguém se preocupa com doutrina, é apenas dinheiro, fama e poder. Virou um lugar comum, onde devia ser diferente. Acabaram até com a EDB. É por essas e outras que o nome crente está tão difamado, e muitos dos crentes de verdade nem gostam ser chamado assim.
Vamos orar para Deus dar força aos seus filhos de perseverar na fé.
Janirson G. Reis
Se a igreja não pode transformar o mundo, o que estamos fazendo aqui? Não é o caso de dizer o que Jesus disse que assim somos insipidos e não prestamos pra nada?
Marcio Batista
Janirson,
Realmente há muitos bodes em meio as ovelhas, mas não podemos nos esquecer de que os escolhidos por Cristo perseverão na fé a despeito da secularização da igreja, a despeito da descrença de muitos (inclusive líderes), a despeito da negação do Evangelho, a despeito do humanismo, das heresias, e tantas outras obras satânicas, porque este, o diabo, já está derrotado, e nós, os filhos de Deus, já somos vitoriosos em Cristo e por Cristo.
Portanto, não desanime, nem se abale com os erros e o falso testemunho de falsos crentes, mas mantenha-se obediente ao seu Senhor e Salvador, servindo-o com o amor com que Ele nos ama. Deixo-lhe as palavras do apóstolo: "Como está escrito:Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou" (Rm 8.36-37). Esta é a nossa esperança e realidade.
Cristo o abençoe.
Abraços.
Márcio,
A Escritura não garante que a Igreja transformará o mundo, mas de que, como sal e luz, revelaremos o Evangelho de salvação e vida aos perdidos e mortos em seus pecados.
Em momento algum há qualquer promessa de que o mundo seria totalmente cristão, e viveria segundo o Evangelho. Pelo contrário, há muitas exortações para não compactuarmos com as obras infrutuosas das trevas, por exemplo: Jo 1.5,1.10,3.19,17.9,16; 1Co 6.2; Ef 5.11; Fp 2.15; 1Pe 2.9; 2Pe 2.17. Estas e outras passagens mostram a separação que existe entre crentes e incrédulos, entre luz e trevas, entre Cristo e o mundo. São coisas completamente distintas, e que não se fundirão. Em outras palavras, as trevas sempre existirão, ainda que confinadas ao local de sofrimento, aflição e dor que é o Inferno.
A Igreja, a noiva de Cristo, é o sal que salgará o mundo, a luz que iluminará o mundo, a fim de que os eleitos de Deus saiam das trevas e venham para o Reino do seu Filho Amado. E isso não tem nada a ver com a "conversão" do mundo, mas com a proclamação do Evangelho, o arrependimento e a conversão dos escolhidos eternamente por Deus.
Cristo o abençoe.
Abraços.
Amigo Jorge
É bem discutível a sua afirmação de que "Em momento algum há qualquer promessa de que o mundo seria totalmente cristão..."
Totalmente é muito radical.
O colega falou em transformação do mundo, e eu li nas entrelinhas, não necessariamente o mundo todo, mas uma influência de tal forma que a mensagem do Evangelho influenciaria e estaria presente no mundo da mesma forma que as águas cobrem o mar.
Afinal eu sou pós-milenista.
De minha parte mantenho a pergunta do colega nos mesmos termos.
Mas eu entendo o seu posicionamento, típico de pré-milenistas e amilenistas igualmente.
Um grande abraço
Natan,
Apenas fiz ver ao Márcio que não há, neste mundo, a menor possibilidade de interação entre luz e trevas, de tal forma que a luz eliminará completamente as trevas, ainda que a vitória da luz sobre as trevas já tenha ocorrido. Não vejo base bíblica para isso (se houver, por favor, mostre-me), mas as afirmações escriturísticas são de que haverá sim uma separação da luz e das trevas. Por isso, a igreja deve estar consciente de que, ou se está de um lado ou do outro, não é possível, como os liberais querem, uma igreja meio critã, meio mundana, porque o muro as dividirá, separando-as, e não há como subir no muro e ficar numa espécie de neutralidade ou de acomodação das duas posições.
Creio que a Igreja influenciará o mundo (não sei em que proporção; Deus sabe), não no sentido de "convertê-lo" ao cristianismo, mas de tirar do meio dele os eleitos, trazendo-os a Cristo.
A proclamação do Evangelho trará resultados positivos no mundo, mas ainda assim, haverá trevas e toda a sorte de aflições para a igreja (Jo 16.33), em vista da inimizade dela com o mundo (Jo 17.14). Mas o Senhor nos diz: "tende bom ânimo, eu venci o mundo".
Entendo a sua posição, ela é típica dos pós-milenistas (rsrs)...
Brincadeira à parte, o importante é a volta ao Evangelho, à vida cristã devocional, à piedade, buscar o interesse de Cristo e não o nosso (Fp 2.21). Fazendo isso, tanto pós, pré ou amilenistas estarão em obediência a Deus, cumprindo a Sua vontade. No final, é isso o que importa, não acha?
Grande abraço ao amigo.
Cristo o abençoe!
Risos...
Voltando ao debate:
Me diga lá, como que pode ser dito que Cristo é vitorioso, se ao final das contas existirem bilhões no inferno e uma minoria no céu?
Que tipo de vitória é esta?
Como que explicas esta questão.
Como você concilia "muitos serão chamados mas poucos escolhidos" com "serão tantos quanto as areias da praia"?
Fico no aguardo.
Natan,
A vitória de Cristo depende do número de salvos? Se for assim, e Ele não salvar TODOS, então não é vitorioso? A questão é numérica, estatística? Isso não lhe parece um certo pragmatismo teológico? Para mim, se Cristo quisesse morrer apenas por uma pessoa, e apenas essa pessoa fosse salva, ainda assim seria vitorioso, pois essa seria a Sua vontade, e pronto! A Sua autoridade de Todo-Poderoso não o obriga a fazer aquilo que não quer, mas exclusivamente o que planejou antes da fundação do mundo. Por outro lado, o seu questionamento não deixa de ser um questionamento a Deus em que, no bojo da sua crença escatológica, o Senhor tem de se enquadrar senão, não é Deus.
Mas vamos as suas perguntas:
1)A primeira e a segunda, respondi parcialmente acima. O poder de Deus não está relacionado com a quantidade de pessoas que serão salvas, mas com a capacidade de salvá-las segundo o Seu decreto eterno. Como disse, cem bilhões ou algumas dezenas de salvos não representam que Deus é maior ou menor, porque como sabemos, Ele é imutável e soberano. Portanto, Cristo é vitorioso em qualquer situação, mesmo se nem um fosse salvo, mesmo se todos fossem condenados.
2)Em relação aos versículos citados, o irmão se refere a Mt 22.14 e Gn 22.17. O primeiro é sobre à parábola da Ceia das Bodas, onde Cristo afirma no final, ao descobrir o convidado sem vestes núpciais (simbolizando os descrentes, os bodes, o joio na igreja, aquele que aparenta ser crente mas não foi lavado no sangue do Cordeiro), e a promessa de Deus a Abraão de que a sua descendência seria multiplicada como as estrelas no céu, como areia na praia.
Segundo o que entendi, a sua afirmação é de que o texto é literal, e portanto, os eleitos serão exatamente o mesmo número das estrelas do céu, o mesmo número dos grãos de areia da praia. Então está fácil saber quantos são os eleitos, basta contar todas as estrelas do firmamento ou todos os grãos de areia da praia (mas qual céu e praia seriam observáveis, a fim de serem contáveis?).
Entendo os textos da seguinte forma:
Mt 22.14: O Evangelho é proclamado, mas Israel o rejeita (lembre-se que Cristo profere a parábola aos sacerdotes e fariseus), então, ele é proclamado entre os gentios que o aceitam. Porém, há entre os convidados um que não está com a veste adequada, está no meio dos convivas, e os convivas não percebem que ele é um “penetra”. Quando o Anfitrião (Deus) chega, nota imediatamente que ele não é um dos convidados, e o entrega para ser lançado no fogo eterno (inferno). Por fim, sentencia: “muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”. O que está em conformidade com Mt 7.13-14:“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem”. Da mesma forma, Noé pregou por 120 anos o arrependimento e o juízo de Deus que viria com o dilúvio, mas ninguém creu, e apenas ele, esposa, filhos e noras foram salvos da condenação. Isso prova que, realmente, se Deus não operar no coração do incrédulo, ele não crerá, e será condenado. Ao passo que, somente Deus sabe quem é escolhido e quem não é, deixando claro que, a “multidão” dos eleitos será muito menor do que a “multidão” dos rejeitados, porque assim lhe apraz, e ponto final!
Continua...
Continuação...
Em relação a Gn 22.17, podemos relacioná-lo com Ap 7.9, onde lemos:“Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos”. Mas, em momento algum, lemos que a multidão dos salvos seria maior que a dos perdidos, ou de que todos os perdidos seriam salvos. [No trecho de apocalipse encontramos entre a multidão pessoas dos quatro cantos da Terra, o que não quer dizer que seriam todas as pessoas dos quatro cantos da Terra]. Os textos nos falam de uma multidão incontável (aos olhos humanos), mas exatamente igual ao que Deus predeterminou na eternidade (nem um a mais, nem um a menos), cujo número Ele sabe.
O fato da referência a estrelas, grãos de areia e multidão são demasiados fracos para se propor a idéia de que todo o mundo, ou a maior parte dele será salvo.
Deus refere-se a Abraão numa linguagem metafórica, dizendo algo que ele sequer podia imaginar, não no sentido literal de que, se ele contasse os grãos de areia de determinada praia (Deus não indica a praia), saberia a quantidade da sua descendência.
Portanto, ainda que nós, os eleitos de Deus, sejamos uma multidão que não se pode contar (Gn 32.12), não representa que essa multidão será maior ou absolutamente maior do que o número dos reprovados e condenados.
Espero tê-lo respondido, senão, vamos ao próximo "round".
Abraços.
Caro Jorge
Suas respostas são tão longas quanto as minhas... risos...
A sua afirmação "Por outro lado, o seu questionamento não deixa de ser um questionamento a Deus em que, no bojo da sua crença escatológica, o Senhor tem de se enquadrar senão, não é Deus." é um tanto contundente.
Eu não estou questionando a Deus, estou questionando a você.
Não é também uma questão de Deus se enquadrar na minha crença escatológica, mas certamente Deus se enquadrará a Sua própria Palavra na escritura.
E sendo pós-milenista, não tenho problemas nenhum em ser surpreendido por um arrebatamento
a qualquer momento (acho pouco provável e não escriturístico).
Tenho alguma simpatia ao pré-milenismo histórico e também para com o amilenismo.
Mas comparando escritura com escritura, me parece de longe, que o pós-milenismo preterista parcial é a mais bíblica das considerações escatológicas.
Gosto da sua resposta de que Jesus já seria vitorioso se apenas um só fosse salvo, mas discordo suavemente de que afirmes que ele seria vitorioso se ninguém fosse salvo, seria JUSTO, mas vitorioso tenho lá minhas dúvidas.... Não foi o caso evidentemente uma vez que o número de eleitos cresce a cada dia que passa.
Sou um otimista.
Se "poucos escolhidos" simbolizam os descrentes, uma vez que nas bodas somente UM foi encontrado sem as vestes, então temos uma contradição no seu argumento, uma vez que o correto seria ler "muitos são chamados (PARA SALVAÇÃO), e poucos escolhidos (PARA PERDIÇÃO), logo sinalizaria esta passagem um futuro onde bilhões sendo salvos, a maioria
estaria conosco na eternidade e a minoria em perdição.
Fico impressionado que interpretes este versículo desta forma, uma vez que ele é sempre usado para os que imaginam que o mundo irá de mal a pior (pré-milenistas e amilenistas), como um versículo chave para explicar que os salvos seriam poucos (poucos escolhidos).
Sobre a areia da praia, também um argumento de que o número será incontável (o dos eleitos), não é uma numeração literal como afirmas, nem eu falei tal coisa, mas a analogia não pode se perder, ou seja será um grande número, incalculável, como é o das estrelas e o do número das areias da praia.
A analogia não significa isto para você?
Continuei a ler e que pena.... risos.... Veja estou debatendo desarmado.
Sou um confesso admirador da sua apologética.
Leio agora que interpretas normalmente como os demais, ou seja, para colocar no esquema
escatológico que preferes (de que o número de perdidos será maior), colocas a fala final em contradição.
continua...
continuando...
Leia o texto com calma... os judeus rejeitaram, o convite é estendido aos gentios, até o dia da festa (das bodas), no auge das bodas vem o dono da festa (Deus) - um parênteses aqui é saber como os dispensacionalistas explicam o cara ter chegado nas bodas do Cordeiro sem estar preparado - foi arrebatado por engano.... - voltando... no auge da festa Deus retorna e encontra praticamente TODOS preparados para festa e somente UM com vestes erradas... Ele então manda que se retire este indivídulo e fala "retirai-o porque muitos são chamados e poucos escolhidos", não te parece uma contradição dizer que muitos aqui são os perdidos e poucos os corretamente vestidos para a festa no momento dela (no fim quando o Senhor voltar)?
Leia o texto com vagar, livre-se dos preconceitos interpretativos e me diga em sã consciência se não te parece contraditório?
O texto da porta estreia e largo o caminho da perdição... não pode cair em contradição com aquele outro que debatemos acima... Jesus falava para uma geração no início do Reino arrependei-vos pois é CHEGADO o Reino...), e naquela oportunidade de fato poucos eram os que entravam pela porta estreita.
Mas... também faz parte dos planos de Deus (na minha perspetiva) de que a medida que o tempo e o Reino crescesse (o grão de mostarda que começa insignificante e se torna árvore com grande sombra), o ES milacurosamente inverteria esta realidade inicial do Reino, dito hoje seria assim "muitos são os que se perdem e muitos os que são escolhidos", dito no futuro seria "muitos são os que são salvos e poucos os perdidos", até porque no momento da festa, das bodas do
noivo, estarão todos vestidos corretamente para a festa e somente UM (não literal) vestido incorretamente.
Fala sério? Te escandalizei? Perdi o amigo?
continua...
continuação...
O exemplo do Dilúvio é correto, o caso é que Deus naquela época decidiu não operar nos corações daqueles povos, mas no futuro não será assim, o Reino está entre nós e crescente até que "Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; e todas as famílias das nações adorarão perante a Tua face" Salmo 22.27
Se fala de conversão, não se trata dos novos céus e da nova terra, pois lá não haverá pecado.
E quando isto se cumpriu na história?
Eu digo que será no futuro, glorioso da igreja e do nosso Senhor Jesus que efetivamente fará juz ao título Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, e literalmente Salvador do mundo, em
todos os sentidos, em número de pessoas, na regeneração da natureza, na longevidade da
humanidade no futuro (quem morrer com 100 anos morrerá jovem), e o último inimigo a ser derrotado por este Jesus vitorioso será a morte, como diz apocalipse.
O futuro promete.
O texto que citas de apocalipse, nem vou comentar pois ele literalmente diz (uma multidão,
a qual ninguém podia contar, de todas as nações...).
Não são poucos escolhidos portanto, é gente que não acaba mais.
A analogia é perfeita: multidão incontável, estrelas incontáveis, águas incontáveis cobrindo o mar.... e várias outras.
Nunca falei que todos os perdidos seriam salvos.
Mas lhe apresentei a hipótese que mesmo em números absolutos a contagem penderá para o Senhor.
Se a linguagem metafórica usada nas escrituras não significam uma infindável multidão, então sei lá o que significa?
Entramos no círculo vicioso do escatologista pessimista que diz que incontável são poucos escolhidos, ou ainda aquela outra de dizer que perto é longe, e próximo é 2000 anos depois.
Assim fica difícil ler a escritura... risos...
No futuro, meu caro, do nosso Senhor vitorioso:
"Ó tu que ouves as orações, a ti VIRÁ TODA A CARNE." Salmos 65.2
"TODOS os moradores da terra te adorarão e te cantarão; cantarão o teu nome." Salmos 66.4
"Para que se conheça na terra o teu caminho, e entre todas as nações a tua salvação." Samos 67.2
"Príncipes virão do Egito (hoje islâmico); a Etiópia cedo estenderá para Deus as suas mãos." Salmos 68.31
"Nos seus dias florescerá o justo, e abundância de paz haverá enquanto durar a lua." Salmos 72.7
"E todos os reis se prostarão perante ele; todas as nações o servirão." Salmos 72.11
"E bendito seja para sempre o seu nome glorioso; e encha-se toda a terra da sua glória.
Amém e Amém" Salmos 72.19
E muitos e muitos outros textos que poderiam ser citados.
Não me provoque... eu os tenho já pintados de verde pela minha Bíblia afora e seria bem fácil listá-los "sem parar"...
Agora vou ver se reparto o texto em partes para publicar no teu blog, pois ficou tão grande que ele vai acabar truncando.
Um grande abraço
Natan,
Fique tranquilo. O fato de termos posições diferentes (ainda que eu não saiba qual verdadeiramente é a minha opinião escatológica) jamais será impedimento para a nossa amizade. Estamos num debate, você tem sua interpretação eu tenho a minha (tenho?), mas perdê-lo por isso, não é uma atitude cristã, nem me passa pela cabeça, porque, no decorrer de nossa amizade, tenho aprendido muito consigo.
Quanto as suas ponderações e aos textos que me enviou via email, analizarei e em breve darei-lhe uma resposta, se tiver alguma. Se não tiver, rendo-me, e pode me colocar na sua lista de novos pós-milenistas... mas sabe que sou cabeça-dura (rsrsrs).
Abraços amigo.
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