quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Cura Bíblica ou Placebo Psicológico?
















Por Jorge Fernandes Isah

Lendo o livro do Dr. Jay Adams, "Manual do Conselheiro Cristão"1, percebi que ele bate repetidamente na mesma tecla: de que à parte da Escritura é impossível qualquer mudança ou cura espiritual.

O homem poderá se debater e se bater com diversas metodologias, desde as pretensamente mais científicas até as não-científicas; porém, sem que se creia nas orientações da Bíblia, a mudança mais radical, o novo nascimento, é inatingível; visto essa condição somente ser possível pelo poder do Espírito Santo o qual nos predispõe, transformando a antiga natureza em uma nova natureza, para que sejamos capazes de seguir o Seu norteamento.

Desta forma o não-crente somente terá uma esperança viva e verdadeira se, pela operação divina, converter-se à fé no Evangelho de Cristo. De outra forma, andará em círculos, amenizando aqui e acolá seus problemas, que "volta e meia" retornarão, sem que haja uma solução. São placebos sem nenhuma eficácia, o mesmo que tomar comprimidos de açúcar (que podem matar ao invés de curar, se a pessoa for diabética, p.ex).

Outra posição do Dr. Adams é a da necessidade de confrontação com o cliente (a utilização do termo se dá pelo fato do autor não ver o aconselhado como paciente). Enquanto ele não souber claramente qual é o seu problema, e esse problema não for tratado através do arrependimento e do perdão (sobretudo o arrependimento diante de Deus para receber o Seu perdão); confrotado pela sua natureza caída e a de seus semelhantes (a impiedade humana) diante da graça divina, esse homem será um homem sem esperança.

Ao contrário, se tiver a mente de Cristo, e for inundado por ela, aprenderá a viver uma vida relativamente desprovida de raízes neste mundo, e isso será uma imensa alegria, pois viverá como se peregrino e estrangeiro fosse. Como definiu o autor: "Toda mudança prometida por Deus é possível. Toda qualidade requerida por Deus, da parte de Seus filhos remidos, pode ser atingida. Deus supriu cada recurso para tanto necessário... sua pátria está nos céus (FP 3.20), e, por isso, há esperança de alegre mudança no aconselhado pela graça de Deus"2.

A mudança na crença do que é o homem a partir de conceitos "mascarados" pelo próprio homem, como a sua bondade inerente, a sua animalidade inerente, a sua irresponsabilidade inerente, a relatividade das relações e da moral, tornam em infrutíferas, perniciosas e catastróficas a metodologia humana para se tratar os desvios e os problemas espirituais (inorgânicos). A abordagem não-cristã é inútil e apenas escravizará o "doente" numa espécie de redoma que o próprio método o direcionará e aprisionará.

Por exemplo, existe a abordagem do conhecimento do especialista (freudianismo) em que o aconselhamento somente deve acontecer por métodos e técnicas apropriadas (segundo eles). Nela os problemas são resultados dos eventos externos ocorridos na vida do cliente, o que retira do cliente qualquer responsabilidade, pois os fatores que o levaram ao problema decorrem das ações de outras pessoas. Interessante que esse método tende a "inocentar" o cliente e a culpabilizar quem vive ao seu redor. E, assim, o indivíduo vive num círculo vicioso onde a culpa dos seus problemas se deve à socialização deficiente, onde o cliente sempre será a vítima, e as outras pessoas com quem conviveu em seu passado ou mesmo no presente, são os criminosos. E isso determinou-lhe uma consciência rígida (superego), a qual se encontra em conflito com os seus desejos normais (id), levando-o às dificuldades, à sua não adaptabilidade, gerando os vários e duradouros conflitos da vida.

Portanto, o perito terá de desfazer aquilo que os outros fizeram, reverter esse quadro pela psicanálise, retrocedendo ao passado do cliente, fazendo-o reviver pessoas e situações desagradáveis, a fim de torná-las, durante as sessões, agradáveis, reestruturando o sistema de valores do aconselhado. Esse método é longo e está envolto em um emaranhado de especialização que torna o psicanalista em uma espécie de "super-homem" com todos os poderes sobre o cliente. Ele cria uma dependência e um vínculo que impedem o paciente até mesmo de decidir sobre si mesmo, pois muitos são internados por ordens desses mesmos peritos, que controlarão a sua vontade e desejos tornando-os em corpos sem almas.

Da mesma forma, ainda que o padrão seja diferente, o behaviorismo de Skinner, se posiciona como a escola de modificação comportamental baseada no empirísmo. Para eles, o homem é apenas um animal, e, por isso, produto do seu meio ambiente. Novamente, temos uma causação externa ao cliente. Ele não é culpado por seu comportamento nocivo, o qual é somente consequência do seu convívio social.

Para Skinner, falar ao menos em responsabilidade é uma insensatez. "A solução aventada por Skinner consiste em descobrir cientificamente as contingências relacionadas à conduta 'deficiente' (todos os julgamentos de valores fazem parte da mitologia), para então, com base nos informes obtidos, reagrupar as contingências ambientais, a fim de reprogramar as reações do paciente. Isso é feito mediante o uso de recompensas e controles que provoquem a aversão"3. Em outras palavras, seria o mesmo que domesticar o homem como se domestica um cão selvagem, treinando-o para fazer exatamente o que o "dono" quer. Porém, ao meu ver, os animais foram criados por Deus para servirem ao homem; e, especificamente neste caso, o que vemos é o homem no mesmo nível dos animais, servindo a um grupo elitista que se considera como um semi-deus. Desta forma, o método utilizado não é o da confrontação bíblica, mas o da manipulação, ao qual muitos aconselhadores cristãos se submeteram (p.ex., Dobson).

Para ele, o homem é tão destituído de valor quanto qualquer animal; e assim, podem fazer do homem qualquer tipo humano desejado, começando pela manipulação genética e então estabelecendo as contingências ambientais desejadas. O objetivo é o de criar rebanhos, como gado. Mas, mesmo entre peritos tão obstinados, não há unidade, e determinar o que quer que fosse seria impossível, visto não haver valores fixos, nem padrões, pois tudo é relativo, está a ser descoberto ou mesmo pode não ser o desejado.

Da mesma forma outras abordagens seguem o mesmo padrão de controlar, dominar e aprisionar os clientes aos seus métodos. Não há desejo real de libertá-los.

Sem o uso das Escrituras, sem a conversão, sem o arrependimento, sem que o Espírito Santo atue no homem, sem a santificação, sem a confrontação bíblica, sem que a criança seja ensinada nos caminhos do Senhor, todos esses métodos se tornam em uma louca prisão, onde o cliente não obtém cura, e necessita constantemente estar "conectado" ao especialista e sua metodologia, sem que muitas vezes se saiba exatamente o que ele tem, nem como "curá-lo".

Uma boa dica de série televisiva é Monk, cujo personagem sofre de transtorno compulsivo, o chamado "toc", e se mete em hilárias situações (ainda que a série faça da psicanalise uma "válvula de escape"; de onde o personagem não consegue escapar, e se mantém completamente dependente, preso ao método).
Há outras como Criminal Mind e Lie To Me (nitidamente adeptas do método de Skinner) que abordam o homem a partir do seu comportamento. Em última análise, eles sempre poderão solucionar os casos criminosos baseados na personalidade, no seu passado, e em suas relações. Acontece que sendo o próprio homem quem investigará esses elementos, assegurar que ele os compreenderá e solucionará é impossível. Como séries policiais, elas não se propõem a garantir a cura do cliente (nem estão preocupadas com esse aspecto), mas apenas descobri-lo, revelando-lhe a identidade através dos crimes. Mesmo que o objetivo seja minimamente alcançável, tenho dúvidas da sua eficácia.

Outra interessante série no campo psicológico voltada para os animais é o Encantador de Cães, ainda que esteja fundida a uma crença holística (espiritualista panteísta), mas que também analiza os comportamentos dos humanos, no caso, os donos, a partir do mesmo princípio em que os animais são examinados.

Voltando ao Dr. Adams, ele se posiciona frontalmente contra os métodos anticristãos, os quais, perpassados por técnicas esotéricas, obscuras, não revelam a verdade do paciente, nem o colocam em contato com a realidade, sua e do mundo em que vive. Pelo contrário, eles o transportam para um mundo paralelo, onde não há solução, apenas contemporização e uma cura intangível. 

Com o alicerce sólido [a Escritura] o crente poderá erguer uma metodologia cristã coerente com o alicerce; enquanto o incrédulo sempre distorcerá esses aspectos com seus pecados e sua posição não-cristã de vida. Porém, o conselheiro cristão poderá trazer à luz a verdade obscurecidamente refletida pelo incrédulo a partir dos princípios e metodologia bíblicos. Ele jamais deverá buscar e incorporar a esses princípios e metodologia elementos alheios e antibíblicos. Técnicas que aparentemente são eficazes somente o distanciarão ainda mais da eficiência escriturística.

Infelizmente o eclético e o cristão "moderno" (diga-se pragmático e liberal) partem da premissa de que não existe base bíblica que sirva de alicerce, e, invariavelmente, pegarão tudo de que dispoem à mão para tentar construir algo que funcione, mas que ao final, será apenas um trabalho sem efeitos reais e verdadeiros.

Na ânsia de se obter resultados a qualquer custo, esquece-se de que há somente um caminho que o assegurará: a sabedoria e o conhecimento bíblico com o qual o homem é transformado à imagem de Cristo. Em sua rebeldia, o que o homem faz é afastar-se de Deus, e buscar em si mesmo o deus (in)capaz de curá-lo.

O crente não pode agir como alguém que ao final não tem nada, quando Deus lhe deu tudo, tanto o alicerce como os materiais a fim de construir um sistema bíblico.

O pressuposto principal é o da inspiração divina da Escritura, a qual tem o poder de:

1) Ensinar, estabelecendo normas de fé e de vida.

2) Repreender, mostrando de modo convincente aos crentes que errarem, como e de que forma estão vivendo no erro.

3) Corrigir, endireitar novamente a partir das Escrituras a fim de que o crente se firme outra vez.

4) Disciplinar na justiça, pois as Escrituras permanecem operando em nós, estruturando-nos na disciplina diária, conduzindo-nos à piedade.

Esses quatro usos das Escrituras delimitam quatro atividades básicas do aconselhamento bíblico:

1) Atividade aquilatadora, o crente, alicerçado na Bíblia, não encontra dificuldade alguma em fazer juízo sobre as questões. Por exemplo, a Bíblia diz que o homossexualismo é pecado. Para o crente, a questão está resolvida.

2)Atividade convencedora, na qual a Palavra revelará o padrão divino de santidade a fim de que haja arrependimento do aconselhado, e não uma busca infrutífera por um alívio. Condutas pecaminosas sempre trarão consequências danosas às vidas das pessoas; logo, o conselheiro, ao invés de minimizar ou contemporizar o pecado, deve mostrá-lo, levando o cliente à convicção de sua rebeldia. Somente a ação do Espírito Santo mediante a Palavra poderá ajudar o aconselhado a buscar o "reino de Deus e a Sua justiça", através da qual ele experimentará o verdadeiro alívio e a verdadeira felicidade.

3)Atividade Transformadora - As escrituras, eminentemente práticas, levarão o crente não somente a reconhecer o seu pecado, mas a como ser restaurado, recuperado do pecado. A Bíblia deve ser usada de modo prático, da forma como Deus tencionou que fosse empregada.

4)Atividade Extruturadora - O discipulado através da disciplina no ensino regular e ordenado da Palavra, pela Palavra, tornará o crente habilitado para toda a boa obra; porque não há nada que o homem de Deus não esteja adequadamente preparado pelas Escrituras.

Portanto, a metodologia a ser aplicada no aconselhamento não pode ser o ajuntamento e colagem de toda espécie de coisas à Bíblia, e sim, usarmos os recursos do conhecimento divino no aconselhamento, através do estudo árduo e contínuo das Escrituras.

É preciso conhecer os problemas humanos, e descobrir as respostas dadas por Deus. E o único método é através do estudo e ensino das Escrituras.

Para completar, o aconselhamento cristão é uma prerrogativa de qualquer crente, mas, sobretudo, ele tem de vir sob a autoridade investida por Cristo e a Igreja; portanto, segundo Adams, é função primordial dos pastores, os quais são preparados escrituristicamente para tal, e outorgados por Deus e a Igreja para cumprirem essa missão, como vocação especial. 

Infelizmente, do último século para cá, o aconselhamento tem sido adotado secularmente por profissionais da área médica; e os médicos devem se ocupar exclusivamente com os problemas orgânicos, ou seja, com a saúde física do homem. Assim, "não há lugar, no esquema bíblico, para o psiquiatra como médico de especialidade separada. Essa casta, que a si mesmo se nomeou, veio à existência ante a expansão do guarda-chuva médico a fim de incluir as doenças inorgânicas (qualquer que seja o seu sentido)"4.

Ao investirem-se de prerrogativas as quais não lhe cabem, como as do psicólogo e psiquíatra, eles deixam de cumprir verdadeiramente a sua missão para tornarem-se em ministros seculares, metade médico (uma parte insignificante) e metade sacerdote secular (uma parte avantajada), corrompendo todo o objetivo do aconselhamento e, por conseguinte, da medicina. Até porque muitos vêem o aconselhamento como uma forma de não-aconselhamento, relativista, em que o aconselhado é estimulado a falar ao invés de ouvir, onde não se busca o resultado objetivo (no caso do crente, a santificar-se e amoldar a sua imagem à de Cristo).

A função do conselheiro é a de, com sabedoria e ensinamento bíblico, orientar o aconselhado a abandonar as práticas que lhe são nocivas, notadamente as práticas anti-cristãs, e pecaminosas.

Nota: 1 - "Manual do Conselheiro Cristão" - Dr. Jay Adams - Ed. Fiel 
2 - Idem - pg. 40
3 - Idem - pg. 85
4 - Idem - pg. 22

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

deus, não é Deus











Por Jorge Fernandes Isah

Deus é Deus. Não importa o que eu pense, nem se penso. Ele continua Deus. Não importa o que eu faça, nem o que não faça. Ele é Deus. Não importa o que creia, nem o que não creia. Ele permanece, e sempre será Deus. É uma afirmação simplista? Sim. Mas nela está contida uma verdade absoluta: Deus não é outra coisa a não ser Deus. Ainda que eu me aventure a rotulá-lo ou redefini-lo, nada o fará deixar de ser o que é: “eu sou o que sou” [Ex 3.14].

Nem a fé, nem o ceticismo. Nem as boas obras, nem as más. Nem a morte, nem a vida. Nem o bem, nem o mal. Ou qualquer outra coisa que eu seja ou produza. Ainda que o universo não existisse, Deus é Deus. Imutável, Todo-Poderoso, Soberano, Perfeito, Justo e Santo.

Então se dirá: como sabe essas coisas? Como saber que Deus é Deus? Não dependerá daquilo que apreendo dEle, de como o vejo e me relaciono? Deus não depende de mim?

A verdade é que todas as criaturas têm um relacionamento com Deus. Seja a matéria ou a anti-matéria, seja o físico ou o espiritual, seja forma ou amorfa, viva ou morta, certa ou errada, possível ou impossível, verdadeira ou falsa. Tudo se relaciona com Deus, pois Ele é o criador de todas as coisas, e nada pode vir à existência sem que Ele determine que exista, nem mesmo os pensamentos, nem mesmo o que não pensamos; “porque todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” [Jo 1.3].

Ele não depende em nada de nós.

Até mesmo o que não existe se relaciona com Ele, pois por sua vontade não o trouxe a existência. Nada pode autoexistir ou surgir sem que Ele queira, pois seu plano é certo e infalível. Como está escrito: “Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos” [Sl 100.3].

[Apenas como uma hipótese ou uma hipérbole, o não-relacionamento é uma forma de relacionamento].

Os réprobos relacionam-se com Deus, rejeitando-o, desprezando-o, blasfemando, opondo-se, pecando e cultivando a impiedade como afronta à Sua santidade. Não importa se consciente ou inconsciente, se voluntário ou involuntário, tencionando fazê-lo ou não, se por dolo ou distração, se livre ou obrigado, o fato é que todo pecado, e por conseguinte toda criatura, tem um relacionamento com o Criador: O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um” [Sl 14.3]. E isto vale também para satanás e seus anjos.

Ao final, todos têm um relacionamento com Deus, independente de se querer ou não; independe da vontade, pois tudo no universo está sujeito a Ele, contido e limitado pelo Seu poder: pois o Seu “reino é um reino eterno; o teu domínio dura em todas as gerações” [Sl 145.19]. Foi o que Paulo também disse: “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração” [At 17.28].

A dependência seja em qual nível for revelará o tratamento que Deus dispensa e a forma como nos portamos diante dEle. Nada acontece por acaso, nem cairá no esquecimento, porque o “Senhor guarda a todos os que o amam; mas todos os ímpios serão destruídos” [Sl 145.20]; ainda que faça o sol se levantar sobre maus e bons, e a chuva descer sobre justos e injustos [Mt 5.45]. O que me leva a concluir que o Senhor tem um relacionamento pessoal com cada uma de Suas criaturas, tanto as eleitas como as réprobas, pois até mesmo estas cumprem o Seu propósito eterno, segundo os Seus desígnios, de criar “até o ímpio para o dia mal” [Pv 16.4].

Contudo o relacionamento ou dependência de Deus não significa conhecimento, saber quem Ele verdadeiramente é. Apenas aqueles que são predestinados e chamados para serem conforme a imagem de seu Filho, para que “ele seja o primogênito entre muitos irmãos” [Rm 28.29], podem conhecê-lo. Não digo reconhecê-lo por algumas particularidades, pelos indícios que a criação nos revela da Sua majestade, pela impossibilidade de haver o acaso e a aleatoriedade na vida, mas pelo que é, e nos revelou de Si mesmo.

Em linhas gerais, Deus se revelará apenas a quem quiser, pois não é um exercício do quanto podemos conhecê-lo, mas do quanto quer que saibamos. Ainda que não seja a essência do versículo, ele pode muito bem ser aplicado nesta situação: “assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que se compadece” [Rm 9.16]. Ele é misericordioso até mesmo em Se revelar, e isso é simplesmente fantástico: a forma como o Todo-Poderoso quis se mostrar. Porém se não for por Ele, não o será. Se não for pela regeneração da mente natural, o homem não o conhecerá. Se não for através da revelação especial, o que se apreende será apenas uma concepção incompleta, não elucidativa, errônea, ao ponto em que não passará de uma mera criação humana, transformando em lenda ou ficção o que é real e verdadeiro.

Estará evidenciada a incapacidade do homem, por si só, de conhecê-lo. E ela não poderá ser corrigida se não for pelas mãos de Deus. Se Ele não transformar o barro dando-lhe vida, o novo-nascimento, nada feito. “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” [Jo 3.3, 7].

Pois os regenerados, as ovelhas, serão apartadas dos bodes; aquelas à direita, e estes à esquerda. Então o Senhor dirá aos que estiverem à sua direita: "Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" [Mt 25.34]. E dirá também aos que estiverem à sua esquerda: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" [Mt 25.41].

As ovelhas não são bodes, nem os bodes, ovelhas. E Cristo não os confunde; antes criou-os separados, com propósitos distintos, com o fim de ser glorificado; e naquele dia, todos verão a Sua obra concluida. E ela passa necessariamente pela regeneração dos pecadores, aqueles que receberam a Sua misericórdia e não nasceram do sangue, “nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” [Jo 1.13], o qual ordenou que assim fosse, antes da fundação dos séculos, para a nossa glória também. Porque o que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiu ao coração do homem, é o que Ele preparou e reservou aos que o amam. Revelando-as pelo seu Espírito; “porque ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” [Rm 2.11]

Tais coisas são reveladas através da Bíblia Sagrada, a própria voz do Senhor falando aos nossos ouvidos. Mostrando-nos o que Ele é, o que somos, as promessas que nos são reservadas, na esperança de que se cumprirão infalivelmente, porque assim nos diz, e assim será. Como escrevi certa vez, não há silêncio nas Escrituras. Jamais Deus se calará àqueles que tiveram seus ouvidos abertos, a mente aberta, o coração de pedra transformado em carne; pois somente Ele é capaz de dar vida ao defunto, tirando-o das trevas e levando-o para a luz, Jesus Cristo, o qual "eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus"[Jo 1.34].

Porque Deus estará sempre a se revelar ao Seu povo, para que o conhecimento seja entre Pai e filhos, através do Unigênito, Cristo, em cujas mãos estão todas as coisas, e nas quais fomos entregues, porque ouvimos a Sua voz e Ele nos conhece, e nos deu a Sua vida para que jamais pereçamos, como ovelhas desgarradas levadas ao aprisco pelo Pastor [Jo 10.27-28].

Como está escrito: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” [Jo 10.14].

Sem Cristo e o Evangelho, o conhecimento de Deus é impossível! E se tem apenas o deus que se quer, e no qual estupidamente se acredita.

E esse deus, não é Deus!


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Resultado do Último Sorteio de Livros & Nova Promoção


NOVO SORTEIO

No próximo mês de Março serão sorteados pelos blogs Internautas Cristão, Kálamos e Voltemos ao Evangelho, os seguintes livros: 

Kit 1: "Com Vergonha do Evangelho" - John MacArthur Jr. - Ed. Fiel














Kit 2: "Questões Últimas" - Vincent Cheung - Ed. Monergismo














Kit 3: "O Papado e o Dogma de Maria" - Hernandes Dias Lopes - Ed. Hagnos














Kit 4: "Deus é o Evangelho" - John Piper - Ed. Fiel














Kit 5: "As Crônicas de Nárnia - Volume Único" - C. S. Lewis - Ed. Martins Fontes














Maiores detalhes e inscrição para o sorteio AQUI.


Resultado do Último Sorteio:


Os ganhadores da promoção "Sorteio de Livros" organizada pelo site Internautas Cristãos, pelo blog Kálamos e Voltemos ao Evangelho, no mês de Fevereiro/2010 foram:

KIT 1 - "Sermões em Efésios", de João Calvino - Gabriela Brandalise - PR;
KIT 2 - "Piedade com Contentamento", de Vincent Cheung - Rubner Rodrigues Durais -SP;
KIT 3 - "Por Que os Homens São Salvos?", de Charles H. Spurgeon - Camila E. Chagas Augusto -MG;
KIT 4 - "Os Dez Mandamentos", de Arthur Pink - Ana Gabriela da Conceição - RJ.

Os contemplados terão o prazo de 05 (cinco) dias utéis para manifestar o interesse de receber os livros, enviando-nos nome e endereço completo com CEP. Os livros serão enviados no prazo de 10 a 15 dias após a resposta dos ganhadores, pela ECT, em encomenda normal. Caso o ganhador não se manifeste no prazo indicado, novo sorteio será realizado a fim de destinar o prêmio a outro participante.

Aos contemplados, parabéns e boa leitura!

Tiago Vieira - Internautas Cristãos
Jorge Fernandes Isah - Kálamos
Vinícius Pimentel - Voltemos ao Evangelho

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Castelos de Areia Demolidos

















Por Jorge Fernandes Isah

Como prometido em um comentário da postagem anterior, apresentarei um esquema que, de certa forma, sintetiza os pensamentos em "Dupla predestinação, o Barro 'decaído' e a Arbitrariedade de Deus" , e muitas outras reflexões neste blog. Gosto muito de síntese, apesar de praticamente todas as minhas ruminações serem analíticas. 

O objetivo não é explicar tudo, até porque não considero tudo explicável, havendo coisas que não nos foi revelada por Deus e que permanecerão um mistério até aquele glorioso dia, quando não será necessário perguntar nada.  Mas naquilo que nos foi revelado, não temos que temer conhecê-lo.

Então, vamos ao esquema!

1) Deus é soberano e autoridade sobre toda a Sua criação, inclusive, o homem [o que desagradará os proponentes de todos os sistemas humanistas, que veem o homem como autônomo e livre em relação a Deus]. "Conhecidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras" [At.15.18].

2) Deus preordenou tudo no universo, inclusive o mal e o pecado, até mesmo as nossas mínimas atitudes e pensamentos. Nada está livre do poder de Deus, pois se assim estivesse, Deus não seria o Todo-Poderoso [Is 44.6-7, 45.5-7].  Novamente os sistemas humanistas ruem diante da Palavra; porque, em sua insignificância, o homem é livre apenas para cumprir o eterno decreto de Deus, o qual é a manifestação da Sua perfeita e santa vontade.

3) O fato do homem não ser livre, não exclui a sua responsabilidade sobre os seus atos. O homem é responsável não porque é livre, mas porque praticou esses atos e, ao executá-los, tornou-se responsável por eles, e o único culpado e réu; pois "A alma que pecar, essa morrerá... na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá" [Ez 18.20, 24]. 

4) Responsabilidade não pressupõe liberdade humana [livre-arbítrio ou autonomia], mas autoridade divina, a qual foi estabelecida pela Lei Moral [a primeira delas promulgada no Éden:"De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.16-17)] .

5) Deus é justo. Não há padrão de justiça superior a Ele [Sl 11.7].

6) Deus é santo. Não há padrão de santidade superior a Ele [Sl 145.17, Is 43.15].

7) Deus é Todo-Poderoso. Não há poder superior a Ele [Ap 1.8]. Como o profeta disse: "
A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis?" [Is 40.18].

8) Deus não está sujeito à Sua criação, nem mesmo à Lei Moral. Ela é para as Suas criaturas, portanto, aplicam-se somente a elas. Não se pode aplicar a Lei Moral a Deus, porque ela está no nível da criação, não do Criador.

9) Deus não peca exatamente pelo mesmo princípio de autoridade máxima; e do pecado ser criação, logo, ele está no nível da criação, não do Criador. Nada pode sujeitá-lO, antes o Senhor é quem sujeitou todas as coisas conforme a Sua bendita vontade [Fp 3.21].  

Abro um parênteses para reafirmar que o homem faz parte da criação, logo está no nível da criação e sujeito à vontade divina. Não há a menor hipótese do homem, ainda que precariamente, ainda que minimante, ainda que se sinta ilusória e fraudulosamente investido de algum poder, frustrar o plano divino. Antes, o homem é nada perante Ele, "e todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?" [Dn 4.35].

Ainda que certos conceitos sejam “duros” demais mesmo para calvinistas, não me importou ou interessou amaciá-los, nem também enrijecê-los, porém cabe-nos aceitá-los como Deus os revelou e encontram-se registrados nas Sagradas Escrituras.

A Bíblia demole o humanismo... e os humanistas, como os castelos de areia são destruídos na praia.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Dupla Predestinação, o Barro "decaído" e a Arbitrariedade de Deus












Por Jorge Fernandes Isah

A partir do livro Eleitos de Deus, de R. C. Sproul, farei algumas considerações sobre a sua abordagem relacionada à dupla predestinação, o barro "decaído" e a arbitrariedade de Deus. Boa parte desses argumentos podem ser lidos nos meus comentários ao livro, disponíveis aqui

Ressalto ainda que o meu intento não é o de polemizar pelo gosto da polêmica, mas revelar os meus pensamentos e fazer com que tanto eu como o leitor pensemos a partir do próprio texto bíblico. Não estou a sugerir nenhuma "saida" das Escrituras, nem uma tentativa estúpida de explicar algo inexplicável. Ao meu ver, o que tem feito os crentes permanecerem vulneráveis ao mundo e a si mesmos (em suas pressuposições) é exatamente o medo de ver na Bíblia aquilo que ali está revelado. Sem fazer-me dono da verdade ou especulador, nem exaustivo no que me proponho: uma reflexão a partir de considerações escriturísticas; e que pode levar muitos ao estudo sério de algumas questões que nem mesmo cogitamos pensar. O que acabará por nos tornar em replicantes de um esquema intruso à Bíblia, reverberando o deleite que o homem tem de ouvir sua própria voz. Então, sem mais delongas, mãos-à-obra!

Na questão da dupla predestinação, ainda que Sproul tente amenizar a eleição dos réprobos, ao dizer simplesmente que Deus escolheu os eleitos e deixou de lado ou à própria sorte os réprobos, não neutraliza a idéia do favor divino, da Sua escolha para a salvação dos eleitos; e o desfavor, mas ainda assim uma escolha, para com os ímpios.

Da mesma forma, dizer que Deus não endurece efetivamente o coração ímpio, mas retira a restrição do pecado sobre eles, deixando-os livres para pecar, é muito simplória e faz o malabarista derrubar todos os pratos no chão e estatelar-se sobre eles, além de não haver respaldo bíblico para essa conjectura.

Usar termos como "endurecimento passivo", "entregá-los ao pecado", "decreto positivo e negativo", "destinação não simultânea", etc, não exclui de Deus o desejo de que seus corações sejam endurecidos, os pecadores se voltem mais e mais ao pecado, e de que destinando alguns para a salvação, estará destinando os demais para a condenação. É fato que Deus não os quis salvar; é fato que Ele quis condená-los. Então, por que a necessidade de se tentar "aliviar" Deus quando Ele claramente diz o que fez e por quê fez? Não seria uma forma de subestimá-lo, e de até mesmo considerá-lo imperfeito, necessitando que o adequemos aos nossos defeitos para assegurar-lhe a perfeição? Isso cheira mal, algo muito próximo da rebeldia ou, na melhor das hipóteses, ignorância disfarçada de piedade. Em muitos casos é não querer aceitá-lo como é; em outros é a incapacidade de vê-lo como se revelou a Si mesmo.

Sproul chegou ao ponto de utilizar a passagem de Ex 7.2-5 (quando Deus afirmou a Moíses que endureceria o coração do Faraó) como um exemplo de endurecimento passivo, onde Deus não interviu diretamente no coração do Faraó, mas ao remover a sua restrição sobre ele, deixou que "as inclinações malignas de Faraó fizessem o restante"1. Ao que pergunto: se isso não é o mais escancarado malabarismo argumentativo a fim de tirar de Deus o poder de mover a vontade do Faraó a fim de que se cumprissem exatamente os Seus designios, o que mais pode ser? De certa forma, não passa de uma tentativa ilusória para transformar o irreal em verdade através de hábeis jogos semânticos.

Passiva ou ativamente, o Faraó não cumpriu o decreto divino? Tal qual ele foi estabelecido na eternidade? E, ainda que passivamente (especulativo), estaria-se a dizer que Deus obteve o resultado desejado sem querer produzi-lo? E se Ele não quis produzi-lo, quem o produziu? Nós? Há uma nítida inversão de papeis e de valores; sempre como uma justificativa para eximi-lo de suposta culpa, o que redundará em uma tentativa, mesmo inconsciente, de desprezá-lo e a Sua santidade, sabedoria e perfeição.

Da mesma forma, ao referir-se a Rm 9, Sproul diz: "Soa como se Deus estivesse ativamenbte fazendo pessoas ser pecadoras. Mas isso não é requerido pelo texto... veremos que o barro com o qual o oleiro trabalha é barro 'decaído'. Um pouco de barro recebe misericórdia para tornar-se vaso de honra. Essa misericórdia pressupõe um vaso que já está culpado. Da mesma maneira, Deus precisa 'tolerar' os vasos de ira, próprios para a destruição, pois eles são vasos de ira, culpados"2.

Não sei quanto a você, mas me parece outro contorcionismo desnecessário para não concluir o que o texto bíblico evidentemente afirma: Deus é quem FAZ os vasos de honra e os vasos de ira, lançando "as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou" (v.23); assim como a "sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição"(v.22).

Quem preparou? Quem destinou? Quem é o oleiro? Ou seja, quem fez os vasos destinando-os a ser o que são? Se não foi Deus, quem foi? Outro deus? Satanás? O homem? Mas se mesmo o mal, e apenas o mal e o pecado, não foi criado e ordenado à existência pelo Senhor, Ele não é soberano, e estamos de alguma forma enganados ou sendo enganados. Se como a Bíblia assegura que não há outro deus além do Senhor, e de que Ele é o criador de todas as coisas, por que ainda resistimos? Por que não nos sujeitamos às evidências internas das Escrituras? Certamente porque os nossos conceitos e argumentos não se encontram em unidade e harmonia com essas manifestações certeiras; os quais penetram sorrateiramente pela porta dos fundos, como se fizessem parte da revelação proposicional quando não passam de parasitas a provocar a verdade, no exercício de induzir o crente a uma aventura desastrosa, a culminar numa imagem distorcida de Deus.

O barro não existia previamente antes de Deus fazê-lo existir. O barro "decaído" não decaiu alheio à vontade de Deus, à sua revelia, por vontade própria. O barro "decaído" não foi autocriado, ou criado por outra "força". O barro "decaído" surgiu pelo poder e vontade de Deus, e apenas por Ele poderia existir. O mesmo poder que destinou alguns para a glória e outros para a perdição. Ou seria possível ao homem escolher a forma como Deus o faria? E de como sería? Por exemplo, a cor dos olhos, cabelos ou pele? E o que dizer de coisas como o estado pecaminoso e o redentivo? Afinal, qual poder temos sobre nós mesmos? E a história? E a eternidade?

Fico com a impressão de que o autor quer ao mesmo tempo dizer e não dizer o que diz. E suas atenuações acabam por enfraquecer e confundir o conceito de soberania, predestinação e eleição divinas.

Isso é manipulação teológica, com todo o respeito e admiração que o Dr. Sproul merece. Bastaria ater-se ao texto bíblico, que é claro e límpido como água (especialmente os dois textos citados), sem a preocupação de imputar a Deus qualquer injustiça, pois, o menor pensamento de que isso seja possível somente poderá vir de uma mente doentia e caída; de uma mente não regenerada e carente da misericórdia divina. Nesses casos, vale a mesma resposta dada por Paulo: "Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?"(Rm 9.20).

Outra questão é a definição de arbitrário. Ele afirmou que Deus não é arbitrário, porque "por si só, ser arbritário é fazer alguma coisa por nenhuma razão"3. Bem, acho que esse conceito do autor, demonstra o seu nível de excentricidade, ou seria arbitrariedade?

A palavra arbitrário designa alguém que decide como árbitro, que não é regulado por leis, mas só depende da sua vontade. Nesse sentido, Deus é completamente arbitrário. Há algo igual ou superior a Ele, ao qual esteja condicionado? Deus faz exatamente tudo aquilo que quer, como quer e da maneira que quer, segundo a Sua perfeição, santidade e justiça. E quem somos nós para questioná-lo? Ou para moldá-lo a um padrão humano?

Não nascemos por nossa vontade, nem escolhemos o país, os pais, sexo ou nível de inteligência que gostaríamos de ter. Nascemos pecadores sem desejar sê-lo; somos eleitos sem querer sê-lo; e muitos irão para o inferno sem querer ir. Essas coisas todas aconteceram  e acontecerão à nossa revelia, pela arbitrária vontade divina. Então, considero Deus arbitrário  no sentido de que tudo no universo acontecerá segundo o seu arbítrio, sem nenhuma consulta prévia, sem nem mesmo Ele se preocupar se Suas decisões me agradarão ou não. E, por que? Porque Ele é santo, justo, perfeito, sábio, Todo-Poderoso. E porque somos pecadores, injustos, imperfeitos e tolos, criaturas metidas a besta, julgando ter algum poder quando não temos nada, e o pouco que temos (o que é muito para a nossa condição) provém dEle, e é por Ele, para a Sua glória.
Descrever a vontade divina como não-imperativa, não-absoluta, em que o governo de Deus não depende exclusivamente de Si, nem é independente do universo governado é professar a maior heresia que o homem é capaz de produzir. Numa tentativa tola de diminuí-lo aos nossos olhos. Portanto, concluo que Deus é arbitrário, e não há como não ser. Em qualquer situação que se vá explicar a soberania divina, não há como não ligá-la à arbitrariedade.  Senão não estaríamos falando de Deus, mas de deus, algo diminutivo, depreciativo, frágil como nós.

Nos aspectos citados, a despeito de muita coisa valorosa e pautada biblicamente que o Dr. Sproul diz e escreve, não posso concordar com suas afirmações. Elas me parecem como o marido desesperado, que ao encontrar a esposa em adultério no sofá da casa, joga fora o sofá.

Notas: 1 - Eleitos de Deus - R. C. Sproul - Editora Cultura Cristã - página 109.
2 - Idem - página 114.
3 -  Ibidem - página 116.