domingo, 25 de julho de 2010

A Paz












Por Jorge Fernandes Isah

Farei uma postagem um pouco diferente de todas até aqui. O motivo? É que, nesta semana, recebi o vídeo abaixo, o qual me fez meditar no que está escrito: "E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca da áspide, e a desmamada colocará a sua mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar" [Is 11.6-9].

Não entrarei nos mendros escatológicos, por pura ignorância mesmo, mas sei de alguns irmãos que não se furtarão a fazê-lo. Sejam bem-vindos! Mas mais do que a discussão sobre os "fim dos tempos", quero revelar a minha imensa alegria com a esperança da promessa de que a nossa paz está em Cristo, o Renovo [v.1] ao qual o profeta se referiu, e levou-o a dizer:"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" [9.6]

Paulo confirmou-o: "Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz" [Ef  2.13-14]

Não uma paz meramente ideológica, alcançada por meios humanos; não uma paz fomentada em gabinetes e discussões infandáveis e inócuas; não uma paz pela força, conquistada pelos quartéis e tropas; não uma paz que humilha e corrompe, destrói e expropria o espírito; não uma paz ao custo de arames farpados, grilhões, perseguições e morte. Ainda que a promessa seja de que o mal e os malfeitores serão castigados no fogo eterno ["Não há paz para os ímpios, diz o Senhor" Is 57.21], o que não é injusto, mas prova da justiça; a paz que Cristo nos dará [e já nos deu] não será forçosa, muito menos enganosa, como aqueles que prometem-na enquanto seus corações estão fincados na guerra, na dor e no sangue do próximo. Eles são os que levianamente tentam curar a ferida do povo, dizendo:"Paz, paz; quando não há paz" [Jr 8.11]. Na verdade, ou são tolos por proclamarem o engano, acreditando cegamente nele, ou fraudulentos, agindo dolosamente, com má-fé, em conformidade com a malignidade daquele a quem querem satisfazer os desejos, o diabo, o qual "foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira" [Jo 8.44].

Creio firmemente que, como cristãos, devemos buscar reformular o mundo, a partir da Escritura, não a partir de movimentos sociais e políticos [ideologicamente antropocêntricos], ainda que devamos e tenhamos o dever de participar, como Igreja, nesses segmentos, como a luz que Cristo faz brilhar em nós. Pode parecer incoerente o que estou a dizer; mas digo que é-nos possível participar de quase todos os movimentos artisticos, sociais e políticos, a fim de salgá-los e iluminá-los, porém, sem jamais usar as lentes humanistas, mas sempre com a mente de Cristo, firmados na Palavra, sem concessões, relativizações ou associações com as forças do mal. Na verdade, estamos proibidos de agir segundo os padrões do mundo, segundo as diretrizes traçadas pelas mentes envoltas em trevas, para não sermos confundidos com eles, "porque ninguém pode pôr outro fundmento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo" [1Co 3.11].

Muitos entenderão que estou sendo radical, e de que as coisas não são bem assim. Dirão que o homem, por viver no mundo, pode se associar ao que não está claramente contra o Evangelho. É interessante que o argumento utilizado quase sempre justificará a cooperação com o que é flagrantemente contra o Evangelho. Ou seja, estará a justificar a carnalidade e impiedade, quando a Bíblia exorta-nos, em todo o tempo, à separação, a nos afastar e rejeitar tudo o que se oponha à verdade. Não é assim que Paulo nos alerta a agir? "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?" [2Co 6.14].

Há muitos que se dizem cristãos mas praticam o anticristianismo. Há muitos que se dizem discípulos de Cristo, quando estão a servir a Belial. Há os que insistem na associação de luz com trevas, quando a luz dissipa e destrói as trevas. E há ainda os que se dizem justos e estão a praticar a injustiça, em nome da justiça, movidos pelo engano e prazer na injustiça. Exemplos práticos despontam aos borbotões: "crentes" de todos os tipos a testemunhar o falso evangelho, acorrentados à dissolução, seja ideológica [os que se unem a materialistas/marxistas, p. ex.], seja física [entregues à prostituição, embriaguez, pornografia], seja moral [aqueles que furtam, corrompem, estorquem, fraudam, lesam, matam]; e mesmo os que não as praticam,  pecam quando "também consentem aos que as fazem" [Rm 1.32].

A sabedoria do mundo tenta nos enrodilhar, nos atrair com palavras doces e aparentemente inofensivas, quando o objetivo é nada mais do que nos destruir, e fazer-nos alinhar aos esquadrões do mal, e assim tornar-nos loucos para Deus. E o que isso quer dizer? Que daremos mais importância para aquilo que Deus tornou loucura, e desprezaremos o que Deus fez sabiamente: salvar os crentes pela loucura da pregação [1Co 1.21].

Não há evangelho sem Cristo crucificado. Não há evangelho sem arrependimento. Nem sem confessar pecados; sem remissão. Sem novo-nascimento. Sem nos revestir de Cristo. Não há evangelho sem morte; nem ressurreição. Não há evangelho sem tristeza, nem vergonha pelo que somos. Mas também não há sem a alegria e esperança do que seremos. E o que querem nos dar é um evangelho caquético, que nos lançará, como naúfragos, do mar de enxofre para o lago de fogo; um evangelho que, de tropeço em tropeço, levará inevitavelmente à queda definitiva, a rejeitar a verdade, permanecendo incrédulos, e soberbos na tolice inflexível. Porque acreditam possível enganar a Deus; creem nas suas espertezas, e na possibilidade de dissimularem seus intentos, ao ponto em que os manterão secretos, como a conservar intactos seus disfarces; contudo, esquecem-se de que o Senhor vê tudo, nada escapa-lhe, como sentenciou: "Ai dos que querem esconder profundamente o seu propósito do Senhor, e fazem as suas obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? E quem nos conhece? Vós tudo perverteis, como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Nada sabe" [Is 29.15-16].

A escuridão é densa, e não podem realmente reconhecer a verdade,"porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, vendou os profetas, e os vossos principais videntes... Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído" [Is 29.10,13].

Mas nós podemos, porque nos foi dado alcançar a graça e a fé pela pregação da Palavra; e recebemos o Espírito de Deus, para conhecer o que nos foi dado gratuitamente por Ele, uma vez que o homem  espiritual"discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo" [1Co 2.15.16].

Sobre o vídeo, não sei dizer se haverá animais na eternidade. A Bíblia, em várias passagens proféticas, nos mostra a imagem de animais convivendo com os homens. Não sei dizer se são apenas simbólicas ou efetivamente acontecerão. Ao meu ver, talvez por gostar de animais e pensar limitadamente, creio que haverá nos novos céus e terra, o convívio pacífico entre os homens, e entre eles e os animais. O que me dá essa certeza é o trecho em que Paulo fala da esperança de que também a criatura será libertada da servidão da corrupção, para a mesma liberdade da glória que temos, como filhos de Deus. Para concluir que "toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora" [Rm 8.22], e de que espera, como nós, a adoção, a saber, a redençao. 

Então, temos uma prévia do que poderá ser a eternidade, como nos diz o profeta no início deste texto. 

Não sei se o Kevin Richardson é cristão. Se não for, mais do que rolar, acariciar e ser "afagado" pelas feras, deveria desejar sê-lo para participar de todas as bênçãos em Cristo, as quais Deus fez abundar nos filhos da adoção, revelando-nos o mistério da sua vontade, para congregar todas as coisas em Cristo, "na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra... com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós o que primeiros esperamos em Cristo" [Ef 1.10, 12].

Richardson talvez esteja experimentando o que faremos em plenitude na eternidade. Certamente com a alegria e perfeição que jamais alguém alcançará neste mundo, pois lá, o faremos no amor de Cristo, e para a glória dAquele que primeiro nos amou.

Nenhum comentário: