Por Jorge Fernandes Isah
Hoje teremos uma aula diferente. Darei uma parada no estudo da Confissão de Fé Batista de 1689, ainda que o assunto seja ela, de certa forma. Decidi solicitar, aos queridos irmãos, uma avaliação do rumo em que as aulas estão se realizando, de forma que eu pudesse ter uma impressão do que deve ser mantido e do que pode ser modificado. O objetivo é, na verdade, ter umfeedback dos que participam da E.B.D, para que o estudo da C.F.B. possa ser aprimorado. Como sou “marinheiro de primeira viagem”, e nunca lecionei antes, acho importante a contribuição dos irmãos além da assistência, como observadores. Mas, por que? Insegurança e dúvidas quanto ao conteúdo apresentado? Ou quanto ao método de exposição? Bem, um pouco disso tudo também, mas principalmente porque vejo como prioritário não apenas o acúmulo de conhecimentos e informações mas, a partir dele, a aplicação prática, no dia-a-dia, daquilo que aprendemos e foi-nos ensinado. Com isso não estou apelando para o pragmatismo, em que os resultados ditarão o ensino; mas uma reflexão sobre a validade do ensino, no sentido de nos fazer cristãos melhores e nos ajudar com a tarefa de testemunhar o Evangelho de Cristo às pessoas com as quais nos relacionamos diariamente.
Fiz um esboço de algumas questões a serem abordadas, mas não o segui “ipsis litteris”, à medida em que dialogava com os irmãos. Eles foram abordados em maior ou menos grau e, penso que, no fim das contas, esta aula serviu para colocar alguns pontos que considerei importante, e os irmãos também colocaram pontos igualmente importantes.
Assim a aula foi dividida em duas etapas:
PRIMEIRA: AVALIAÇÃO
Primeiro, gostaria de saber a opinião dos irmãos em relação ao nosso estudo. O que têm achado? [Aponte os pontos favoráveis e os desfavoráveis].
Segundo, em quê o presente estudo tem contribuído para a melhoria da sua vida cristã?
Terceiro, aponte o que foi que melhorou, caso tenha melhorado.
Quarto, o estudo deve trazer conhecimento, informação. Mas também uma aplicação prática. Você pode apontar em quais pontos este estudo contribuiu no seu dia-a-dia?
Quinto, você acredita, realmente que o estudo da Confissão de Fé Batista pode torná-lo(a) em um cristão melhor? Por que?
SEGUNDA: TEXTO PARA MEDITAÇÃO
Recebi de um amigo e irmão, que é missionário, o seguinte relato, algo acontecido no seu dia-a-dia, o qual transcreverei abaixo, resguardando os nomes de locais e pessoas, por motivos mais do que óbvios:
“Médico de índio, médico de branco
- Alô, Luiz? Sou eu...
- Ah, Professor! Que bom que o senhor ligou. Eu não estou bem. De repente, a boca começou a sair sangue e das fezes também. Aí, o médico não deixou eu voltar para aí.
- Luiz, em qual hospital você está?
- Eu estou aqui no hospital... Eu vou operar...
- Já está marcada a cirurgia?
- Não, o médico disse que as plaquetas estão fracas. Eu não posso operar agora. Tenho que ficar bom. Aí, eles me operam... Eu acho que ainda vou demorar para voltar...
- Luiz, qualquer coisa que você precisar pode pedir...
- Professor, eu preciso mesmo. O meu filho está aí sozinho. Fiquei sabendo que a minha família foi toda embora hoje de manhã para a aldeia, mas o meu filho ficou na casa da cidade sozinho. Ele está com a família do meu sobrinho, mas ele está sem a gente. O senhor pode comprar cem reais de comida e levar para ele? Depois eu pago o senhor.
- Claro, Luiz. Não se preocupe. Descanse e se recupere. Aqui, a gente vai cuidar dele. Eu estou pedindo para Jesus te fortalecer para que você volte logo...
- Ah, Professor, pede sim.
Desliguei o telefone com o peito apertado. Luiz já ouvira sobre Jesus, mas tínhamos planos de começarmos a compartilhar as histórias bíblicas com ele. Seria uma oportunidade para ele aprender, mas essa parada dele no hospital nos pegou de surpresa.
O filho do Luiz deve ter uns dez anos de idade... Ele ficou, mas não ficou sozinho. Está com um dos tantos sobrinhos do Luiz. Peguei o carro e fui fazer as compras determinadas pelo Luiz. Já havia suspeitado de que havia algo por trás dessa história toda, mas só confirmei minhas suspeitas quando parei o carro na frente da casa do Luiz e ele veio ao meu encontro: o Feiticeiro. Já escrevi diversas vezes sobre ele... Além disso ele também ficou conhecido aqui na região como o “índio que cura em nome de Jesus, Maria e José”. Ano passado, escrevi uma série de dez histórias sobre ele e sobre o maior perigo que assola o trabalho missionário no confronto com a cosmovisão animista: o perigo real do sincretismo.
- Professor, tudo bem?
- Sim, chegamos tem uma semana.
- Eu estou aqui com a minha família há um mês.
- E o filho do Luiz? Está aí?
- Está.
- É porque o Luiz pediu que eu trouxesse umas compras para ele.
- O que o Luiz te falou?
- Para fazer umas compras para o filho... Ele vai demorar a voltar.
- Eu sei. Eu estou aqui fazendo pajelança para descobrir quem tem inveja dele e curá-lo desse mal.
- Então, você está fazendo pajelança para ele?
- Sim. E a próxima vez que você falar com ele no telefone, lembre para ele que ele tem uns amigos brancos lá em São Paulo que com certeza vão poder ajudá-lo também, assim como você está ajudando...
Este é o desfecho da história: o Feiticeiro está fazendo pajelança para o Luiz. E, assim como o médico do branco é caro, o médico do índio também é muito, mas muito caro. As compras não eram bem para o filho, mas o Luiz está endividado com o Feiticeiro por causa das pajelanças que ele está fazendo. E o Feiticeiro deve estar cobrando muito caro, porque está pressionando o Luiz a arranjar outros amigos para cobrir a dívida. O próprio fato de o Feiticeiro estar aqui na cidade morando na casa do Luiz já faz parte do pagamento dessa dívida.
O Pajé e o Feiticeiro cobram um preço muito alto por suas consultas e curas, pois na cultura dos povos daqui nada é de graça: nenhum presente, nenhuma oferta, nenhuma ajuda ou benefício. Seja na relação com os seres espirituais, seja na relação entre os seres humanos, todos estão sempre em dívida uns com os outros.
Ore para que a Graça de Deus seja revelada a esses povos!”
Esta história me tocou por vários motivos, e me fez questionar várias coisas, entre elas, a mais importante, é o nosso [meu, quero dizer] envolvimento com a obra de proclamação do Evangelho. Sei que nem todos são chamados para evangelizar, mas a responsabilidade de testemunhar a Cristo é obrigação e dever de todos. Se não sou capacitado por Deus a evangelizar as pessoas [proclamar verbalmente a fé], sou obrigado a ter uma vida cristã na qual as pessoas, mesmo sem ouvir uma única palavra evangelizadora, “vejam” o Evangelho. Muitos negam o que dizem com o seu testemunho pessoal, enquanto outros afirmam o que não disseram com o seu testemunho pessoal. A nossa trajetória neste mundo tem por objetivo nos fazer, cada dia mais, semelhantes ao Filho de Deus, Jesus Cristo. O que refletirá na proclamação do Evangelho, seja por meios verbais, seja por atitudes. O ideal é que ambos os meios sejam igualmente santificados e se assemelhem com aquilo que Cristo disse e fez.
O certo é que ninguém poderá viver o que diz se não for resgatado e regenerado por Cristo, mas muitos não precisarão dizer o que são, pois suas vidas resultam em louvor e glória para o bom Deus, na medida em que testemunham que Cristo vive nelas assim como vive no que fazem.
Então, pergunto: Em quê esse relato pode se relacionar com o nosso estudo? Ou melhor, com o foco do nosso estudo?
Com a resposta, cada um dos eleitos, regenerados e salvos pelo sangue do nosso Senhor, derramado na cruz.
2-Tenho recebido "feedbacks" de alguns irmãos sobre as aulas, aqui, através do meu email, e pessoalmente. Se você ainda não o fez, por favor, gostaria da sua opinião. Se não quiser torná-la pública, envie uma mensagem para o meu endereço pessoal: dosty@monergismo.com Ser-lhe-ei grato. Ah... valem tanto elogios como censuras, mas as que trazem algum crescimento e aprimoramento são as que apontam acertos e falhas.
3-O áudio desta aula pode ser ouvido e baixado em Aula 18.MP3