terça-feira, 29 de janeiro de 2008

POSSO AGRADAR A DEUS?




Por Jorge Fernandes

Posso agradar a Deus? Há algo em mim com que o Senhor se deleite?
A Bíblia afirma em Rm 3.10-12: “Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só”.
É uma declaração dura, que nos incomoda (revelando uma humanidade caída e perdida), e irretocavelmente verdadeira como toda a Escritura. Aos olhos do Senhor, não há nada em nós com que Ele se alegre. Nada! Absolutamente nada! Que isto fique bem claro.
Mas não pára aí. Veja o que diz 1Co 6.9: “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?”. A situação está se complicando... Se não somos justos, e os injustos não herdarão o reino dos céus, qual é a nossa chance?
Em Mt 3.17, Deus declara após o batismo de Jesus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Como vemos, Ele se alegra, se compraz em Seu Filho Amado.
Na exortação de Paulo à igreja de Colossos lemos: “Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Col 2.8). Pelos meios humanos, pelo conhecimento humano e por ações humanas jamais alegraremos o coração de Deus. Não temos nem produzimos nada com o que Ele se agrade. Paulo continua: “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (2.9). Em Cristo, Deus se personificou. Aprouve-Lhe manifestar toda a Sua plenitude no Filho. O Apóstolo conclui: “Estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade”(2.10). Portanto, apenas em Jesus podemos agradar a Deus.
Erwin Lutzer, pastor e escritor, disse: Nos piores dias, quando oro ao Pai, peço para que Ele não me veja como sou, mas através do Seu Filho Amado.
Apenas o Senhor Jesus pode limpar-nos da iniqüidade, dos pecados, restaurar-nos e tornar-nos mais alvos do que a neve; tornar-nos agradáveis a Deus. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1.9). Cristo nos comprou por bom preço (1Co 6.20; 7.23), pelo seu sangue derramado na cruz. E Ele é o único, que pelo seu poder, nos justifica perante Deus. “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito” (1Pe 3.18).
Assim, Paulo pode afirmar: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17); e “desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2Ti 4.8).
E é assim que Deus, em sua soberania, santidade e misericórdia, quer.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

SINGULAR





Por Jorge Fernandes


Sei que não posso dormir,
Mas durmo assim mesmo,
Em meio a oração que me aflige a aflição alheia,
Pelo amor que não tenho, a dor que não sinto,
Obrigo-me a tê-los,
Na inaptidão de que venham a fruir.
Devo deixar para a manhã seguinte,
Insistir no clamor a Ele,
Sei que me ouve, sei que não se agrada,
O Espírito gemendo por mim,
Corrige as palavras,
Tornando-as puras diante Dele.
E não vem o amor, nem a dor,
E não tê-los,
Faz-me pensar no êxito intangível.
Mas o sangue vertido no madeiro,
Por amor de mim, e amor a eles,
Colhe as frases amorfas,
Torná-as em sons cristalinos e indizíveis;
O Pai as ouve, se agrada no Filho,
Que não entendo, nem compreendo,
Sei existir,
E em esforços inúteis,
Não apreendo.

domingo, 13 de janeiro de 2008

COMO UM NADA

Por Martyn Lloyd-Jones

Esta bem-aventurança leva-nos a sentir como um nada; e tornamo-nos "humildes de espírito" e sentimo-nos verdadeiramente desamparados. Qualquer indivíduo que imagine ser capaz de viver a vida cristã somente com as próprias forças, exatamente por isso está proclamando que não é crente. Quando realmente percebemos aquilo que deveríamos fazer, inevitavelmente nos tornamos "humildes de espírito". Por sua vez, isso conduz a pessoa ao segundo estágio, no qual, tendo percebido a sua própria natureza pecaminosa, tendo notado a sua incapacidade, devido ao pecado que nela habita, e tendo visto o pecado até nas suas melhores ações, pensamentos e desejos, tal pessoa lamenta-se chorando, e clama, à semelhança do grande apóstolo: "Desventurado homem que sou! quem me livrará do corpo desta morte?" Entretanto, reitero que encontramos aqui algo ainda mais perscrutador, isto é, "Bem-aventurados os mansos".
Ora, por qual motivo as coisas são assim? Porque estamos chegando a um ponto em que começamos a ficar preocupados com as outras pessoas. Deixe-me colocar a questão como segue. Posso ver a minha própria nulidade e desamparo face a face com as exigências do Evangelho e com a lei de Deus. Ao mostrar-me honesto comigo mesmo, tomo consciência do pecado e da maldade que em mim existem, e isso me puxa para baixo. Dessa maneira, preparo-me para enfrentar ambas essas coisas. Não obstante, muito mais difícil ainda é permitir que outras pessoas digam coisas dessa natureza a meu respeito! Instintivamente, sinto-me ressentido. Todos nós preferimos condenar-nos a nós mesmos, e não que outras pessoas nos condenem. Talvez eu assevere sobre mim mesmo que sou um pecador, mas é devido a um puro instinto que não gosto que alguém me chame de pecador. Ora, esse é justamente o princípio espiritual introduzido por esta bem-aventurança. Até agora, eu vinha examinando a mim mesmo. Doravante, porém, outras pessoas passaram a olhar para mim, e eu passei a ver-me em certo relacionamento para com elas, e elas começaram a tomar atitudes a meu respeito. Como é que eu reajo diante dessas coisas? Essa é precisamente a questão ventilada por esta bem-aventurança. Penso que você concordará que isso é mais humilhante e aviltante do que qualquer coisa que fora antes ressaltada. Consiste em permitir que outros indivíduos dirijam os seus holofotes na minha direção, ao invés de eu mesmo fazê-lo.
Do livro Estudos no Sermão do Monte, Ed. Fiel

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O QUE AGRADA A DEUS

Por Jorge Fernandes

“É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30)

João o Batista, orientado pelo Espírito Santo, ao declarar que Jesus devia crescer enquanto ele diminuir, proferiu algo comparável ao que Paulo disse em Gálatas 2.20: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.
Ambos viam-se “diminuindo” à medida que o SENHOR Jesus “crescia” neles. Não que Jesus venha substituir-nos em nós mesmos. Mas o Seu caráter, a Sua natureza santa vem solapar a nossa natureza pecaminosa. Assim, já não sou eu quem vive (o homem torpe, depravado, iníquo), mas Cristo vive em mim (o homem santo, justo e reto). As qualidades do Senhor são-nos implementadas, e cada vez mais deixamos aquilo que O desagrada. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).
João o Batista, sabia que a obra a ele delegada por Deus estava se findando, e que como “A Voz que clama no deserto” seu ministério daria lugar ao sacerdócio divino de Jesus. Não foi por acaso que o SENHOR falou dele: “Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele” (Mateus 11.11). Aqui, Jesus refere-se a Si mesmo como o maior no reino de Deus. “E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.27-28). E não foi Ele, justamente, quem mais serviu? “Mas esvaziou-se a si mesmo (Jesus), tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Flp 2.7).
Deus Pai quer que sejamos como o Seu Filho Amado, que reflitamos a Sua glória, e que a boa obra iniciada por Ele em nós seja aperfeiçoada até o dia do SENHOR (Fp 1.6). Por isso, Cristo tem de crescer em nós, para que cada vez mais sejamos como Ele é; e o velho homem, crucificado com Ele (Rm 6.6), se revista do novo, renovado para o conhecimento, segundo a imagem daquele que nos criou (Col 3.10). “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo” (1 Pe 2.2).
João o Batista não deu lugar à vaidade e a soberba, antes, o Espírito Santo que operava nele, dirigiu-o à submissão completa a vontade do seu SENHOR. E serviu-O humildemente, e como ele, devemos também servi-LO obedientes, rendendo-nos ao Seu domínio.
E que Cristo nos sujeite a sermos menores no Seu reino; e cada vez mais diminuamos, até que, crescendo pela Sua graça, o SENHOR se forme inteiramente em nós. E possamos, um dia, proclamar como Paulo o fez: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” (Fp 1.21).