Por Jorge Fernandes
Há os cegos que não vêem, e não querem ver essa condição e vivem na ilusão de que a essência humana é venturosa, e os perversos, casos raros de "inocentes" cujas culpas não lhes pertencem mas são resultados do meio, da conjunção desfavorável de fatores ambientais, culturais e sociais (popularmente conhecido como "azar"), os quais não permitiram à bondade florescer, pelo contrário, conduziu-os à improbidade, coitadinhos.
Há os que crêem na regeneração humana, fruto dos esforços pessoais de profissionais "infallibiles", de técnicas comportamentais indiscutíveis, e métodos científicos que levarão o perverso a acreditar-se santo, até que todo o aparato psicológico-terapêutico mostre-se ineficaz e estulto quando, diante da escolha, sua inclinação o levará à queda, pois "os seus pés correm para o mal, e se apressam para derramarem o sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniqüidade; destruição e quebrantamento há nas suas estradas" (Is 59.7).
E ao serem confrotados por suas tolices, escondem-se na condicionalidade do tratamento: Antes, inquestionáveis; depois, imprecisos. E assim caminha a humanidade, "porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas" (Jo 3.20).Está claro por que o mal subsiste: Num mundo sem ordem, todos estão certos e ninguém tem razão; por que o padrão não é absoluto, pelo contrário, rejeita-se o modelo fundamental, cujo princípio é a verdade e normas estabelecidas por Deus. Ao negá-las, o ponto de partida é sempre o do homem "livre" passeando por um universo relativo, onde o próprio conceito de liberdade não existe. São tentativas de se atravessar paredes sem crer que elas existam; então, como atravessá-las?
Dissimulada e cinicamente, é o mesmo que dizer: não há paredes, mas caso houvesse, poderíamos transpô-las, como não existem, contentemo-nos com a possibilidade de atravessá-las. Ou seja: o homem se tornou refém da própria mentira, aquele fosso que diz inexistir, mas de onde não consegue sair, pois em si mesmo apenas afundará mais e mais.
Porém, que mal é esse? Uma força, uma entidade, uma vontade? O mal tem nome e sobrenome: Satanás, o pai da mentira, de quem Cristo diz: "Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira" (Jo 8.44). O Senhor falava aos filhos da perdição, aqueles que eram influenciados pelo diabo, mas que desejavam o mal com a mesma disposição com que ele anelava. Da mesma forma que Satanás é culpado por desejar e praticar o mal, o homem também não é inocente. E assim a sua rebeldia afastou-o tanto de Deus, ao ponto de não considerar mais o significado da verdade e vida; ele reconhece somente a mentira e a morte, declarando-as a própria imagem de si mesmo, ainda que não as confirme autênticas, legítimas, em seu coração escorregadio. Porém, nenhum artifício afasta-lo-á do julgamento de Deus, porque todos estaremos "perante a face do Senhor, porque vem a julgar a terra; com justiça julgará o mundo, e o povo com eqüidade".
Por que o homem se aproximou tanto do caos? Por que Deus é ordem, e em sua teimosa oposição, o homem desprezou-O, preferindo a confusão. Deus estabeleceu leis pelas quais o homem, observando-as, viveria pacificamente, e a sociedade em disposta justiça. Por isso, após a Queda de Adão no Éden, quando desobedeceu à lei de não comer da árvore do bem e do mal ("porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" [Gn 2.17]), enganado que foi pela serpente, a qual induziu-o a cobiçar o pecado que havia em seu coração, a humanidade se tornou abominação para Deus, o qual viu "que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração" (Gn 6.5)*.
Para reger as decisões humanas, o Senhor deu-nos a Sua Lei, que estabelece o que não devemos fazer, o pecado (negativamente), e o que devemos fazer, o certo (positivamente), visto o homem ter apagado em seu coração a Lei Natural (Rm 1.18-21), "o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos" (Rm 1.21-22).
A Lei Moral percorre por toda a Escritura, mas pode ser resumida pelos Dez Mandamentos, que foram entregues por Deus a Moisés no Monte Sinai (Ex 20.1-17) para que o temor de Deus esteja diante de todos, "a fim de que não pequeis" (Ex 20.20). Contrário à verdade, o homem desprezou a sabedoria de Deus, entregando-se as suas regras injustas, ao pecado, encerrando a falsidade no recôndito da sua alma, como o produto final de toda a estupidez humana, "que detém a verdade em injustiça" (Rm 1.18). Ainda que o Senhor em sua misericórdia e bondade tenha alertado incontáveis vezes os homens a se converterem dos maus caminhos e das más obras; "não ouviram, nem me escutaram, diz o Senhor" (Zc 1.4); permanecendo mortos em suas ofensas e pecados. Por isso, cada homem e mulher serão julgados. Deus, do alto do Seu trono onde está assentado perpetuamente, "já preparou o seu tribunal para julgar" (Jr 9.7), e "Ele mesmo julgará o mundo com justiça; exercerá juízo sobre povos com retidão" (Jr 9.8).
Mas ainda não é o fim. Quer dizer que o caos e o mal venceram? Não houve a mínima chance para o bem e a ordem? Há um ditado que diz que as aparências enganam. Não sei em outros casos, mas especificamente neste, tudo o que vemos, mesmo a desordem e o pecado, estão em perfeita ordem com tudo aquilo que Deus estabeleceu na eternidade. Nenhum pecado, nenhuma mentira, nenhum engano, nenhuma maldade surpreende ao Todo-Poderoso, que os decretou como forma de manifestar a Sua ira e justiça (Rm 9.22). Para esses, que perpetraram o mal, deleitaram-se nele, acaletaram-no como uma anomalia ardentemente esperada, e deles fluiu como a mais imperfeita das aberrações, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados, os "que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo" (Is 5.20) sem arrependimento, "se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição" (2Pe 3.7).
Contudo, os que buscam o Reino de Deus e a Sua justiça (Mt 6.33), encontrarão a ordem e a santidade em Cristo, o qual é "o caminho, e a verdade e a vida" (Jo 14.6), e ninguém vai ao Pai senão por Ele.
Logo, Deus decretou a desordem e o pecado, para que em Seu Filho Amado o pecador descobrisse, e fosse-lhe reveladas a ordem, a santidade e a justiça; e o bem, ao contrário dos folhetins de tv, triunfou na cruz do Calvário, tornando maldição em bênção (porque todo aquele que subir no madeiro será maldito); e na Sua ressurreição, Cristo venceu o mal e o caos, o pecado e a morte, para cumprir em Si mesmo a Lei, e fazer-nos perfeitos nEle (Cl 2.10).
* Na verdade, Deus não se arrepende (Nm 23.19; Os 13.14; Tg 1.17), o que há aqui é Ele expressando-se de forma humana (antropomorfismo), em uma linguagem humana, a forma pela qual entendemos e percebemos o desagrado de Deus com o homem e suas atitudes. Portanto, Deus não se arrependeu de criar o homem que, ao relacionar-se com o Criador de maneira ímpia, levou-O a revelar o Seu desgosto com a maldade.
Contudo, os que buscam o Reino de Deus e a Sua justiça (Mt 6.33), encontrarão a ordem e a santidade em Cristo, o qual é "o caminho, e a verdade e a vida" (Jo 14.6), e ninguém vai ao Pai senão por Ele.
Logo, Deus decretou a desordem e o pecado, para que em Seu Filho Amado o pecador descobrisse, e fosse-lhe reveladas a ordem, a santidade e a justiça; e o bem, ao contrário dos folhetins de tv, triunfou na cruz do Calvário, tornando maldição em bênção (porque todo aquele que subir no madeiro será maldito); e na Sua ressurreição, Cristo venceu o mal e o caos, o pecado e a morte, para cumprir em Si mesmo a Lei, e fazer-nos perfeitos nEle (Cl 2.10).
* Na verdade, Deus não se arrepende (Nm 23.19; Os 13.14; Tg 1.17), o que há aqui é Ele expressando-se de forma humana (antropomorfismo), em uma linguagem humana, a forma pela qual entendemos e percebemos o desagrado de Deus com o homem e suas atitudes. Portanto, Deus não se arrependeu de criar o homem que, ao relacionar-se com o Criador de maneira ímpia, levou-O a revelar o Seu desgosto com a maldade.