Por Jorge Fernandes
Em recente conversa com o irmão Natan de Oliveira, a qual originou o estudo escatológico que presentemente ele faz em seu blog, deparei-me com os seguintes versículos:
“Por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual já antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, que já chegou a vós, como também está em todo o mundo; e já vai frutificando, como também entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade” (Col 1.5-6). Veio-me a seguinte questão: Quando Paulo diz mundo está se referindo a todo o Mundo?
Sabemos que a palavra mundo tem vários significados na Bíblia. Mas especialmente esse não se parece enquadrar em nenhum deles. Vamos analisar o que nos revelam os versos:
1) A esperança está reservada aos santos;
2) Os santos ouviram a palavra de esperança pela pregação do Evangelho;
3) Que tanto a palavra de verdade como de esperança chegou aos santos de Colossos;
4) Ela também chegou a todo o mundo;
5) Ela vai dando frutos de conversão e santificação, para a glória de Deus.
Se não interpreto equivocadamente, esses são os princípios contidos nos dois versículos aos quais o apóstolo nos leva a contemplar. Porém, quero me deter no item 4: a palavra da verdade, na qual repousa a esperança dos santos, “como também está em todo o mundo”. Analisemos algumas hipóteses para o contexto da expressão mundo:
1) Refere-se a todo o planeta;
2) Refere-se ao mundo conhecido da época;
3) É uma expressão superlativa para designar todos os que ouviram o Evangelho, não necessariamente todos os habitantes do planeta ou da parte conhecida do planeta;
4) Significa tão somente os eleitos, o Corpo de Cristo.
Vamos a outro versículo que auxiliará a argumentação:
“Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro” (Col 1.23).
O que lhe parece quando o apóstolo fala em “toda criatura que há debaixo do céu”?
1) São todas as criaturas que habitam o planeta;
2) São todas as criaturas que habitam o mundo conhecido da época;
3) É uma expressão superlativa para designar todos os que ouviram o Evangelho, não necessariamente todos os habitantes do planeta ou da parte conhecida do planeta;
4) Significa tão somente os eleitos, o Corpo de Cristo.
Atente-se que Paulo escreveu aos colossenses, mas será que o seu objetivo era o de atingir toda a cidade de Colossos ou apenas a Igreja em Colossos? É claro que a carta é dirigida à Igreja e não à cidade, “aos santos e irmãos fiéis em Cristo”(v.2) e não a todos os habitantes. Colossos era uma cidade em declínio à época em que Paulo escreveu essa carta, a qual é um dos quatro escritos que compõem as Epístolas da Prisão. Paulo provavelmente não visitou a cidade nem evangelizou-a diretamente, mas provavelmente alguns dos seus colaboradores participaram na edificação do corpo local, e por isso ele se sentia responsável pessoalmente por ela.
Então, sabendo que Paulo não escreveu para todos os colossenses, mas para os santos em Colossos, não seria correto interpretar que a palavra mundo nos versículos citados não se refere ao mundo todo, a todos os habitantes do planeta, e nem mesmo a todos os habitantes da parte conhecida do planeta?
A próxima opção é a de que o apóstolo se refere apenas aos que ouviram o Evangelho onde ele foi pregado. Não é todo o mundo, nem mesmo o mundo conhecido, mas algumas partes desse mundo conhecido. Ainda assim, não seriam todas as pessoas que habitavam nessas partes, mas apenas as que ouviram o Evangelho. Parece mais plausível e exeqüível. Mas a questão aqui não é do que pode ser executado ou não, do que é eficaz ou não, até porque nada é impossível para Deus (Mt 19.26), mas daquilo que Paulo diz verdadeiramente. E o certo é que, nem todos os que ouviram a pregação converteram-se. Logo, Paulo não pode estar falando dos que apenas ouviram o Evangelho, porque entre eles houve os que mantiveram seus corações impenitentes.
A última opção é de que Paulo ao citar o termo mundo, falou exclusivamente dos santos, da Igreja do Senhor, aqueles que ouviram a pregação da verdade e da esperança, foram regenerados, e tornaram-se membros do Corpo de Cristo, “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17). Deus destinou os eleitos a ouvirem a palavra, a terem fé, de que todos seriam salvos, e de que todos fariam parte da Igreja, a qual é o mundo dos vivos, dos salvos em Cristo, e por Cristo. Resumindo: aqueles que Deus, em sua soberania e graça, decretou infalivelmente a salvação por Seu Filho Jesus Cristo, estes ouviram a pregação do Evangelho, foram convertidos e tornados santos.
O termo frutificando no v. 6 relaciona-se com mundo, e o apóstolo o compara com os santos de Colossos. A indicação é de que os eleitos do mundo produziam frutos pela graça de Deus: da fé em Cristo, e do amor para com todos os santos (v.4). Não há porque usar-se o termo frutificando em relação aos incrédulos, mas aqui ele claramente refere-se aos santos de Colossos e aos que frutificam como os santos de Colossos, “desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade”.
Ora, aqueles destinados à incredulidade jamais provarão da graça de Deus, no sentido de salvação e santificação, muito menos da verdade. É o que Paulo faz questão de confirmar ao citar novamente o termo: “Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus” (v.10). Quem pode estar incluído neste contexto a não ser os crentes, aqueles regenerados por Cristo? Portanto, toda a relação faz-se entre o Evangelho, a pregação apostólica, a conversão e santidade, e o mundo como o mundo dos santos; ao qual fomos transportados por Deus, tirados da potestade das trevas para o reino do Filho do seu amor, “em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (v. 13-15). Neste contexto, não há lugar para incrédulos nem condenados, somente os salvos por Cristo.
No v. 23, Paulo coloca o Evangelho pregado a toda criatura debaixo do céu, do qual ele foi feito ministro “segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus; o mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos” (v. 25-26). Novamente, encontramos uma inter-relação entre as palavras toda criatura e santos. O que nos leva a crer que Paulo utilizou-se dos termos mundo e toda criatura não para afirmar que o Evangelho foi pregado a todos que existiam à época, mas para designar que Deus, em sua santa e perfeita sabedoria, tinha destinado a pregação do Evangelho para salvar a todos os eleitos, e de uma forma sobrenatural, eles todos estavam ao alcance dos discípulos e apóstolos de Cristo, quanto ao ouvir a palavra a fim de serem regenerados.
Da mesma forma, no v. 28, Paulo anuncia, admoesta e ensina a todo o homem em toda a sabedoria, “para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo”. Todo o homem aqui significa todas as pessoas existentes? Se assim for, Paulo está a pregar o universalismo, a doutrina de que ninguém será condenado, e de Deus salvará a todos. Mas sabemos que a Bíblia não afirma nem confirma esta heresia, pelo contrário, rejeita-a de capa a capa. Então, o apóstolo somente pode estar a falar, novamente, de todos os eleitos, daqueles que foram destinados à salvação. O que nos leva a outra pergunta:
Qual o propósito do Evangelho? Salvar os escolhidos ou condenar os réprobos?
A Bíblia diz que os réprobos já estão condenados (Jo 3.18). A pregação da palavra apenas agrava ainda mais a situação deles. Como está escrito: “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado” (Tt 3.10-11). Portanto, a pregação do Evangelho é para que o escolhido tenha confirmada, no tempo, a sua eleição eterna; para que o santo tenha confirmada, no tempo, a sua santidade; para que o salvo tenha confirmada, no tempo, a sua salvação; para que o filho tenha confirmada, no tempo, a sua filiação a Deus, por Cristo nosso Senhor.
Paulo não falava genericamente, como um tolo, mas sabiamente, inspirado pelo Espírito Santo. Logo, ele se refere apenas aos santos, à Igreja, ainda que alguns teimem em acreditar que o Evangelho é para todo o mundo, para todos os homens, e todas as criaturas debaixo do céu*.
*Com isso não quero dizer que o Evangelho não deva ser proclamado a todas as pessoas, em todos os cantos do planeta. Não é isto. Porém, ele surtirá efeito e trará frutos apenas nos corações aos quais Deus escolheu regenerar. Aos demais, a palavra surtirá o seu efeito também, não voltando vazia, mas condenando, segundo o que apraz a Deus (Is 55.11).
11 comentários:
Amigo Jorge
Nem preciso lhe dizer (risos...) que discordo da sua interpretação.
Você faz uma ginástica danada para não aceitar o óbvio "... o qual (Evangelho) foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual (Evangelho) eu, Paulo, estou feito ministro..."
Vou "mastigar" uma resposta para refutar você, e lhe escrevo durante a semana.
Antecipo apenas, que não se trata de universalismo.
Nem conheço de este texto ser usado pelos universalistas.
Eles usam outros textos.
O texto não diz que o Evangelho será manifesto a todas as criaturas debaixo do céu, isto a manifestação sobrenatural que produz frutos só foi reservada aos santos (eleitos).
O texto não diz que o Evangelho é para todo o mundo.
O texto não diz que o Evangelho é para todos os homens.
Nem o texto diz que o Evangelho é para todas as criaturas debaixo do céu.
O texto diz somente que o Evangelho foi pregado (foi falado, foi anunciado, foi propagandeado, foi divulgado, foi testemunhado) para todas as criaturas debaixo do céu.
Só isto.
Em uns esta pregação (ASSIM COMO HOJE) produziu verdadeira vida.
Em outros esta pregação (ASSIM COMO HOJE) não produziu nada, apenas trouxe ainda mais condenação.
Exemplo prático:
Herodes fazia parte do conjunto nominado por Paulo como "todas as criaturas debaixo do céu"? Sim.
O Evangelho foi pregado a ele, o Evangelho chegou ao conhecimento dele?
Sim.
O Evangelho produziu nele verdadeira vida?
Não.
Mais claro que isto é impossível para eu explicar.
O que vou lhe escrever durante a semana se eu tiver tempo, é uma refutação possível ponto a ponto do seu texto, para lhe mostrar os enganos do texto da sua reflexão.
E o seu erro pode ser lido subliminarmente na sua expressão "Parece mais plausível e exeqüível."
Não se trata de ser mais ou menos plausível e mais ou menos exeqüível, mas sim trata-se de se afirmar com fé o que a Palavra de Deus revela:
"... e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda a criatura que há debaixo do céu..." Colossesces 1.23
Um grande abraço
Natan,
Leia novamente o meu texto, com calma, sem precipitação. Algumas coisas que você disse que eu disse eu não disse, em outras, você me repetiu, em outras parece que não entendeu, ou não me fiz entender.
Se atentar para o texto verá que as palavras usadas por Paulo como "santos", "todo o mundo", "frutificando" estão inter-relacionadas, assim como a expressão "toda criatura" e "todo homem" relacionam-se com elas. Portanto, elas não podem ser dissociadas.
O meu objetivo não foi refutá-lo escatologicamente. Como disse (e você sabe bem disso) eu já tinha essa interpretação há algum tempo, e já havia decidido e iniciado a escrever sobre ela antes de ler a sua 4a dose sobre o pós-milenismo-preterista-parcial. A minha intenção foi, dentro do texto, mostrar a soberania de Deus em salvar os eleitos, e propiciar que eles estejam ao alcance do Evangelho de uma forma que apenas o Deus Todo-Poderoso é capaz de fazer, independente da vontade de suas criaturas.
Mas vamos lá! Faça as suas refutações. O importante é que Deus seja glorificado com nossas vidas, pensamentos e ações, e não um mero desafio teológico. Tanto nós, como quem nos ler, poderá crescer no entendimento e na graça de Deus.
Forte abraço!
Cristo o abençoe!
Amigo Jorge
Vou abrir mão da refutação.
Seria muito chato da minha parte, e acabaria sendo como me alertas um mero desafio teológico sem edificar ninguém.
Mesmo discordando da interpretação que dás em particular para o verso 23, eu não teria problemas em aceitar o item 2) (Refere-se ao mundo conhecido da época).
Mas discordo que seja interpretado como o item 3) (Expressão superlativa para todos os que ouviram o Evangelho, nem aceito que seja o item 4) (Tão somente os eleitos).
As palavras "santos", "todo o mundo" e "frutificando" do verso outro, eu reconheço que estão inter-relacionadas e sabes também que reconheço que "todo o mundo" aqui não pode ser afirmado como sendo todos absolutamente.
Mas o verso controverso é o 23.
Sei que o objetivo não foi me refutar escatologicamente, até porque, se interpretação correta for a que tu sugeres em alguns casos, a profecia de Jesus em Mateus 24 não deixa de ser válida e acertada igualmente (mesmo que tenha sido todo o mundo romano ou "civilizado" de então).
No mais fica na paz.
Um grande abraço
Mas... que tu "tá" errado tu "tá"... risos
Natan
Natan,
não há problema em debater. Ele é saudável quando se busca a verdade, e não somente a prevalência da nossa posição ou opinião. Defender o indefesável é tolice, mas se existe argumento que me leve à defesa de determinada questão, por que não fazê-lo?
Não foi minha idéia que você desistisse. Não sou irrefutável (rsrsrs)... Apenas quis que você lesse o texto com mais calma e ponderasse no que dissesse. Se ainda assim você me considerou equivocado, pode colocar seus pontos de vista, pensar não é proibido, pelo menos ainda.
A exceção do Mathew Henry, vendi todos os meus comentários bíblicos (estou formando a coleção de Romanos do Dr. Lloyd-Jones, pouco a pouco, e paro por aqui), mas em algumas fontes que pesquisei, não li uma só linha sobre a implicação dos termos "mundo" e "toda criatura" em Col 1, como se, propositadamente, tivessem deixado a questão de lado, não mexer em vespeiro.
Então, orei e me debrucei sobre o texto bíblico de Col 1, e cheguei às conclusões presentes na minha postagem. Li, reli-a, e, sinceramente, não vejo no quê posso estar equivocado, o que não é garantia de que não esteja.
Talvez a questão relativa ao mundo tenha parecido evidente, mas o que mais me alegrou foi entender que Deus, em sua sabedoria e soberania, destinou, ao alcance dos apóstolos e demais cristãos da época, a garantia de pregarem o Evangelho a todos aqueles que estavam destinados à salvação, que poderosamente foram colocados no raio espacial da ação evangelística da Igreja Primitiva. Desta forma, o Senhor confirmou no tempo aquilo que decidira e assegurara na eternidade. Isto sím é maravilhoso, saber que o amor de Deus cuidou e cuida de cada um dos seus escolhidos.
Se a minha interpretação não é correta... o espaço está aberto aos discordantes.
De qualquer forma, entendo o seu posicionamento. Se o irmão achar relevante me refutar, estou à disposição.
No mais, Cristo o abençoe.
Um grande abraço, amigo.
Também não acredito que a palavra tenha vindo a ser pregada em todo o mundo, não há sinais de que os americanos e australianos antes de descobertos por europeus tivesse contato com o cristianismo.
Não sou exegeta mas acho que a sua tese pode estar certa. O senão é quanto a eleição. Pelo que entendi, Deus colocou todos os eleitos no oriente médio, de maneira que os apóstolos como Paulo pudessem levar a palavra para eles crerem. Deus não seria injusto ao dar a salvação apenas para os judeus, árabes e romanos?
Outra pergunta é qual a sua opinião em relação ao diluvio? Ele foi mundial ou apenas no mundo cohecido de então? Porque?
Júlio César
Júlio César,
Vamos por partes:
1) Se você não crê na eleição, então tudo o que eu disse pode ir para a lixeira, pois a base da minha interpretação é a escolha divina, inclusive, propiciando aos eleitos serem alcançados infalivelmente pelo Evangelho. As chances de o resto estar certo são nulas, se não houver eleição.
2) As Escrituras afirmam de capa a capa que Deus é justo, e ponto final! Se você crê na Bíblia como infalível, inerrante, e de que seus autores foram inspirados pelo Espírito Santo, Deus é justo, e nele não há injustiça. Leia Sl 11.7, 119.137; Is 45.21, 53.11; Jr 11.20; Lm 1.18; Jo 5.20, 17.25; At 3.14; Cl 4.11; 1Pe 3.18 1Jo 1.9. São algumas passagens que afirmam a justiça de Deus.
Quanto ao fato de Deus escolher e eleger os salvos, em quê há injustiça nisso? Infelizmente, muitos como você acham que, para Deus ser justo, Ele tem de se sujeitar à vontade do injusto. Todos nós somos injustos, todos nós fomos reprovados: “não há um justo; nem um sequer” (Rm 3.10). Então, por que o Senhor não poderia escolher salvar uns e condenar outros? Leia atentamente o que o apóstolo Paulo respondeu, provavelmente, a alguém que como você questionou a justiça de Deus:
“Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece. Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” (Rm 9.14-24).
O princípio é o da autoridade de Deus. Ele é soberano, não está sujeito a nada, e sujeita tudo à Sua vontade. Portanto, Ele pode fazer o que quiser, sem dar nenhuma satisfação a qualquer de suas criaturas, contudo, cada um de nós terá de responder diante do Seu trono. Pense nisso.
3) Sim. O meu objetivo com o texto foi mostrar que Deus propiciou a cada um dos eleitos o ouvir a pregação do Evangelho e serem salvos no tempo, não somente no Oriente Médio, mas na Ásia, na Europa, no norte da África... Porém, independente dos lugares em que o Evangelho foi levado, ele o foi, exclusivamente, para salvar os eleitos. Este é o ponto.
Continua...
Continuando...
4) O Dilúvio foi mundial. Ao contrário da eleição que é particular, individual, algo que não depende do homem mas somente de Deus, a condenação é para todos, de uma forma geral. Deus condenou toda a humanidade, mas escolheu dela indivíduos os quais capacitou, salvou e santificou por Jesus Cristo. Não foi assim à época de Noé?
Novamente, por Sua vontade, sabedoria e justiça, Deus condenou o mundo inteiro, elegendo apenas Nóe e sua família, os quais eram justos diante de Deus. Não por justiça própria, mas pela justiça que Deus lhes agraciou (Noé e seus parentes foram alvos da graça divina). Leia o texto:
“E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor... Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará. Mas contigo estabelecerei a minha aliança” (Gn 6.5-8;17-18).
Da mesma forma que Deus amou Noé e sua família, odiou o restante da humanidade por causa da impiedade dos seus corações. Logo, o Dilúvio não poderia ser um evento local, a menos que houvesse homens apenas na região em que Noé habitava. Mas, novamente, o importante é saber que Deus propiciou aos seus eleitos, Noé e família, a salvação. O restante sucumbiu por seus próprios pecados.
Obrigado pela visita. Volte sempre.
Cristo o abençoe!
Amigo Jorge
Como eu disse, é um detalhe que não ensina o universalismo.
Mas compare e veja:
1. "... toda criatura que há debaixo do céu..." em Colossences.
2. "... toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus" em Gênesis.
Pois bem, em Colossenses você advoga que não se trata de todas as pessoas indistintamente, mas em Gênesis você advoga todas as pessoas indistintamente.
Mas... quem sabe queiras fazer distinção entre "do céu" com "dos céus"...
Como tu eu advogo o dilúvio universal, mas conheço pessoas que para poderem dizer para si mesmos que "parece mais plausível e exeqüível", entendem que o dilúvio foi local, e este texto estaria falando de todo o mundo habitado ou todo o mundo civilizado de então.
Não te parece que a analogia é a mesma?
Voltando ao assunto do universalismo, o versículo com o qual eu me debati por um longo tempo antes de achar uma solução é o seguinte:
"Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis." 1 Timóteo 4.10
A sua reflexão é muito boa do ponto de vista da ação soberana em Deus maravilhosamente localizar, salvar e arrebanhar os eleitos, mas o versículo 23 em questão de Colossenses, a meu ver não se aplica ao caso.
Mas digo que é um detalhe, pois a aplicação que eu lhe dou não invalida as profecias de Jesus, e na aplicação que tu faz também não compromete o raciocíneo geral da tua proposta.
Um grande abraço
Natan,
Primeiro, eu não afirmei que o texto era universalista. Veja bem minha colocação: Eu disse que, para que todo homem fosse apresentado perfeito em Jesus Cristo (v.28), "todo homem" não poderia ser todos os homens, pois se o texto se refere a todos os homens, então, todos estarão perfeitos em Cristo, e sabemos que apenas os santos são perfeitos em Cristo. Logo, Paulo não pode estar falando de todos os homens indistintamente, porque se o fizesse estaria pregando o universalismo.
Segundo, você compara Cl 1.23 com Gn 6.17-18, ocorre que, são situações diferente. Explico: Em Cl 1.23, Paulo fala dos eleitos, dos santos e salvos, enquanto em Gn 6.17-18, Deus fala dos ímpios, pecadores e condenados. Não há como comparar os dois textos, pois Deus agiu de forma diamentralmente diferente em relação a cada grupo humano.
As palavras "céu" ou "céus" não têm nada a ver com a minha interpretação, mas a atitude de Deus em salvar uns e condenar outros, sim.
Terceiro, o texto de Timóteo 4.10 se lido isoladamente dará a idéia de salvação universal, mas dentro do contexto bíblico revela tão somente a salvação dos eleitos.
Quarto, ainda bem que você entendeu a minha proposta, que não é escatológica mas de revelar a soberania, o amor e cuidado de Deus para com os eleitos, os santos. E creio que o texto de Col 1 trata disso: exaltar a Cristo, sua obra, e dar-nos a esperança de que estamos seguros nas promessas de Deus quanto a uma vida gloriosa na eternidade.
Quanto à escatologia, vou "brigar" consigo no seu blog. Tenho apanhado bastante, mas dou meus "chega-pra-lá" de vez enquanto (rsrsrs)...
O importante é Cristo ser glorificado; e a Sua boa obra em nossas vidas não cesse de nos levar à santidade, à perfeição eterna que alcançaremos naquele grandioso Dia.
Mais uma vez, agradeço por seus comentários e participação sensata, que muito me honra, pois, assim, quem nos ler poderá ter assegurado o entendimento daquilo que o texto não foi claro; e a minha possibilidade de corrigir alguma falha, e sustentar a minha interpretação.
Cristo o abençoe!
Forte abraço do seu amigo e irmão.
Obrigado pela resposta. A eleição continua sendo o que entendo como uma previsão, uma antevisão de Deus para os que aceitam Cristo. Deus não escolhe ninguém, mas sabe os que vão aceitar Cristo.
Existe um texto que pode indicar sobre a eleição? Se tiver indique por favor.
Júlio César
Júlio César,
A sua visão é o que se chama de arminianismo, ou seja, não é Deus quem escolhe o santo, mas o candidato a santo é quem escolhe Deus. Não vou entrar em detalhes. No campo "Busca" no blog, coloque a palavra desejada e encontrará meus textos que falam deste e outros assuntos.
Indico também os excelentes livros que o auxiliarão no sentido de entender a eleição como doutrina bíblica, ao contrário do arminianismo. São eles:
1) A Soberania Banida - McGregor Wright - Editora Cultura Cristã;
2) Deus é Soberano - Arthur W. Pink - Editora Fiel.
Há ainda no site Monergismo muitos artigos e estudos. Dê uma chegada lá.
No mais, boa leitura.
Cristo o abençoe!
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