Por Jorge Fernandes
A Bíblia esteve nas mãos dos judeus e, ainda que a estudassem diligentemente, não compreendiam os reais propósitos divinos; escutavam muitas vozes, muitas sugestões, muitas interpretações, mas a voz do Espírito Santo era-lhes por silêncio. De forma diabólica, os escribas e sacerdotes ouviam apenas a si mesmos e aos seus pares, corrompendo e acrescentando à palavra de Deus seus próprios conceitos, insuflando o povo a segui-los como se fosse o conselho divino. É o que está escrito: “Na cadeira de Moises estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem move-los” (Mt 23.1-4).
Ao sentarem-se na cadeira de Moisés, os líderes do templo liam as Escrituras, tanto a Lei como os Profetas, explicavam-nas e ensinavam-nas, de forma que cumpriam o trabalho honrado de preservar e propagar a palavra escrita. Contudo, a despeito da autoridade investida (eram também juízes no tribunal onde a Lei Mosaica era a lei civil), suas atitudes não eram compatíveis com aquilo que proferiam. Eles eram “atores”, interpretavam o papel de alguém que não é, não pode ser, ou não quer ser. O hipócrita encontra-se no mais miserável de todos os estados, o de guiar os outros quando está completamente perdido; e de ser incapaz de ver a própria ruína e inutilidade. Por isso, Cristo exortou o povo a ouvi-los, mas não a segui-los (1).
Por diversas vezes, Ele os chamou de hipócritas, insensatos, cegos, assassinos, raças de víboras. Há os que vêem nas palavras do Senhor uma admoestação branda, um apelo amoroso para que os fariseus e escribas se convertessem da sua disposição ao pecado e a oposição a Deus. Porém, em Mateus 23, Jesus os censura duramente através de uma série de “ais” e em descrições pormenorizadas das suas atitudes pecaminosas. Não vejo, na contundência de Suas afirmações, nenhuma demonstração de amor para com o alvo do Seu ataque. Antes, em Suas palavras, é visível a sentença condenatória.
A forma como os “ais” são proferidos, mostram a nítida ira do Senhor para com aqueles homens; e não há porque ser diferente, visto que a Bíblia revela a soberana autoridade de Cristo para salvar e também para condenar. E é esse o caso. Cristo está a julgar os principais. Aqui Ele não se refere a eles como amigos, mas como a inimigos. Parece que, de certa forma, para alguns, se Ele está julgando-os, está agindo injustamente. Mas, lembremo-nos de três coisas:
1-Cristo é Deus. A segunda pessoa da Trindade Santa; o Filho eterno; nosso Senhor e Salvador, cuja morte na cruz propiciou a libertação e vida a muitos; Aquele pelo qual todas as coisas foram feitas; e pelo qual o mundo será julgado. Portanto, se há alguém com autoridade, justiça, santidade e retidão para julgar qualquer pessoa ou evento no universo, esse alguém é o Verbo encarnado: Jesus Cristo.
2-A ira divina é santa. Ela é o reflexo da Sua justiça. Portanto, dizer que Cristo, ao mesmo tempo em que se ira e condena, o faz em amor ao objeto da Sua ira e condenação é, no mínimo, uma contradição. O problema é que se espalhou pelo mundo que Deus ama a todos, quando, na verdade, Deus ama aquele que o obedece, aquele que cumpre os Seus mandamentos, aquele que foi regenerado e lavado no sangue do Seu Filho amado, os eleitos, pelo qual morreu e se entregou para que fossem salvos. Quem se atreverá a rogar por aquele que Deus condena? Ao fazê-lo, não estará questionando a Sua justiça e a santidade? E se fazendo como ele? O “ai” de Cristo é uma acertiva inexorável, do qual não se pode escapar.
3-Deus é justo, e não pode ser questionado por ninguém. Foi o que Ele disse a Jó: “Porventura também tornarás tu vão o meu juízo, ou tu me condenarás, para te justificares?” (40.8).
O que não quer dizer que Cristo não tenha outro objetivo em mente. O alvo do Seu amor está implícito na maneira com que os condena, e desta forma, todos os eleitos lerão e ouvirão aqueles exemplos como alerta para não repeti-los, para afastarem-se deles, para condená-los igualmente, e assim, buscarem fazer exatamente o oposto do que os líderes de Israel faziam. Em outras palavras, Cristo revela-nos toda a sordidez e vilania dos fariseus e escribas, condenando-as e a eles, para que nós visualizemos o erro, saibamos do desagravo de Deus a quem os comete, e nos afastemos de suas práticas. O alvo da Sua ira é a liderança judaica e seus seguidores, o alvo do Seu amor, os eleitos (podendo ser mesmo alguns desses líderes e seguidores).
E, hoje, as coisas são diferentes? Não há milhares de estudiosos mundo afora, Bíblias em mãos, examinando-a, assim como os fariseus e escribas faziam? E, igualmente, não são guiados por suas mentes pervertidas a rebelar-se contra aquilo que dizem acreditar?
Vejamos alguns pontos:
1-Os fariseus e escribas tinham o conhecimento das Escrituras, e sabiam da chegada do Messias.
2-Cristo veio ao mundo, e os fariseus e escribas odiavam-no exatamente porque Ele se opunha a tudo o que faziam e era contrário as Escrituras.
3-Os fariseus e escribas eram “obreiros fraudulentos” (2Co 11.13) e, por isso, combatiam declaradamente o Evangelho de Cristo.
4-Eles se diziam servos de Deus, mas na verdade eram idólatras, pois faziam “todas as obras a fim de serem vistos pelos homens” (v. 5). Faziam ídolos de si mesmos.
5-Não eram humildes; usurparam e usavam o título que não lhes pertencia (Rabi), considerando-se mestres, quando “um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos” (v. 8).
O quadro dos “principais” descrito pelo Senhor, em nada lhes é favorável, ao contrário, é totalmente adverso, desventurado. E muitos discípulos dos fariseus e escribas estão a andar por aí, cheios de vaidade, exibindo-se como pavões na cópula, a fim de serem vistos e engrandecidos como se fossem deuses. A ferida na qual Cristo colocou o dedo é a vergonha exposta por muitos crentes. Não apenas pastores, presbíteros e diáconos, mas muitos de nós estão inchados por todo o tipo de cobiça, de vanglória, de louvor, de adoração, ostentando títulos e honrarias usurpadas de Deus. Como aqueles à época de Jesus queriam ocupar o lugar que somente o Filho de Deus pode ocupar, muitos se iludem com as falsas promessas de que podem ser rabis modernos, mestres de uma legião de tolos e incautos.
Quem lhe deu olhos para ler? A mente para entender? O espírito para discernir? E a vontade para obedecer? Quem lhe revelou o pecado? E a salvação? Quem lhe deu a vida? Ou será que foi você que se entregou na cruz por seus pecados? Ou, onde estava quando Deus fundou a terra? (Jó 38.4).
Se atentarmos, veremos que nada do que temos é fruto do nosso esforço, ou pode ser determinado por nossa vontade, ou aconteceu por mérito. Provavelmente, haverá no mundo pessoas muito melhores do que eu, muito mais inteligentes, sábias, talentosas e dispostas, mas de uma forma inexplicável, Deus escolheu-me para Si e não eles. Por isso, ninguém será justificado por obra de justiça que houver feito (Tt 3.5-6), "para que nenhuma carne se glorie perante ele" (1Co 1.29), e "aquele que se gloria glorie-se no Senhor” (1Co 1.31). Paulo está nos dizendo que tudo é pela graça e misericórdia de Deus, que nada do que somos ou temos é fruto nosso, mas gerado em nós por Cristo. Então, por melhor que eu seja, por mais bem situado social e financeiramente, por mais poder e prestígio que tenha, nada disso foi-me dado por mérito, mas por graça; o que me torna duplamente responsável pela forma como decido usar o que me foi entregue por Deus. Fazendo-o sabiamente, guiado pelo Espírito, serei instrumento de justiça, do contrário, de injustiça. E toda injustiça será castigada, condenada, parafraseando Nelson Rodrigues.
Vem à mente a advertência:
“Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7.20-23).
Sem entrar na análise profunda deste trecho, o que fica evidenciado é que, mesmo muitos sendo usados para a obra de Deus, não são de Deus. Fazem-na, estão nela, cumprem uma obrigação específica determinada por Deus, como todos no mundo, crentes ou não fazem, mas não estão entre os escolhidos. O que revela, mais uma vez, o poder divino de fazer o que quer, como bem quer, com quem quer, porque Ele é o padrão máximo de soberania, justiça e santidade, e para que em tudo o Seu nome seja glorificado. Ninguém pode enganá-lo, ou rir-se dEle, antes é Ele quem ri do tolo, porque “o tolo não tem prazer na sabedoria, mas só em que se manifeste aquilo que agrada o seu coração” (Pv 18.2).
No fundo, os antigos e os novos fariseus orgulham-se tanto das suas obras, como uma espécie de manifestação das suas bondades pessoais, como o fruto da aplicação e esmero de uma vida voltada para o serviço religioso e, com isso, esperando serem justificados perante Deus, corrompem todo o bom ensinamento doutrinário que porventura venham a realizar. Ele está tão seguro de si mesmo, tão cheio de si, que mesmo desejando glorificar a Deus o que consegue é glorificar-se, revelando todo o caráter vaidoso e soberbo que possui (dissimuladamente), e o desprezo para com tudo o que não seja ele mesmo (Lc 18.11-12). Ele é um fraudador da fé cristã, um embuste, uma vergonha para a igreja, pois diz o que está em conformidade com as Escrituras, mas age diametralmente oposta a elas (2). Está tão orgulhoso de suas obras (apontar os erros alheios), ensimesmado com seus dotes e atributos, com o destaque e proeminência alcançados, que é incapaz de acusar em si mesmo os pecados que acusa nos outros. Em suma, é o desobediente crônico; finge que é, mas não é; faz o que não deve quando devia fazer o que diz fazer; é odioso ao criticar o pecado de outrem, talvez por se ver nele e no seu pecado. Ele é um obstinado; perseverante na teimosia.
Paulo o descreve assim: “Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?” (Rm 2.21-23). Esse é o pior inimigo da verdade, porque ainda que a proclame e muitas vezes aceite-a intelectualmente, é incapaz de praticá-la, prefere viver a mentira deslavada, e terminar por blasfemar, com suas atitudes, o nome de Deus entre os incrédulos (Rm 2.24).
Como diz o pregador: “vaidade de vaidades! Tudo é vaidade” (Ecl 1.2).
Mas ao que “a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt 23.12). Porque quando tivermos a mente e o sentimento que houve também em Cristo, o qual se humilhou a si mesmo, e esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, achado na forma de homem, e foi obediente até a morte na cruz (Fl 2.5-8), então seremos “irrepreensíveis e sinceros filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Fl 2.15).
Retendo a palavra da verdade (o fariseu não consegue fazê-lo), humilhar-se significa considerar os outros superiores a si mesmo, não atentar para o que é propriamente seu, mas também para o que é dos outros (Fl 2.3-4). Para que isso aconteça, é necessário que Cristo cresça em nós, enquanto diminuímos e finalmente morremos para nós mesmos (Jo 3.30; Gl 2.20); pois o nosso velho homem foi crucificado com Ele, para desfazer o corpo do pecado, a fim de que não sirvamos mais ao pecado (Rm 6.6).
Cristo nos deu o exemplo: o maior se fez menor para ser exaltado soberanamente.
Notas: (1) Ainda que não diretamente, aqui encontramos o princípio da autoridade. Os líderes, mesmo afundados em suas corrupções, foram instituídos por Deus, e, portanto, não haveria por que os judeus desprezá-los naquilo em que falavam. O Senhor não mandou que o povo se rebelesse contra eles, que os destituíssem dos seus cargos, e colocassem outros mais honrados para exercê-los. Logo, o crente não é chamado à revolução. Não há componentes revolucionários no Evangelho, no sentido de algo afrontoso, insubordinado, desrespeitoso e injusto. O fato dEle ordenar que não praticassem os mesmos atos dos líderes, demonstrava a necessidade de se ter sabedoria, discernimento, santidade, a fim de não se contaminar com o pecado. Em nada nos autoriza ao desrespeito à lei, às normas que somente existem porque cumprem o propósito soberano de Deus; a menos que se oponham à expressa vontade divina. Como Pedro disse, "mais importa obedecer a Deus do que os homens" (At 5.29).
(2) Note-se que estou a falar de um fariseu moderno em um ambiente doutrinariamente ortodoxo, onde os princípios bíblicos estão preservados; já que qualquer tentativa de revelar esse erro em um ambiente corrompido doutrinariamente não surtiria nenhum efeito.
20 comentários:
Bom texto. Mas acho que você se contradiz ao dizer duas coisas diferentes. A primeira é: "De forma diabólica, os escribas e sacerdotes ouviam apenas a si mesmos e aos seus pares, corrompendo e acrescentando à palavra de Deus seus próprios conceitos, insuflando o povo a segui-los como se fosse o conselho divino".
A segunda é: "os líderes do templo liam as Escrituras, tanto a Lei como os Profetas, explicavam-nas e ensinavam-nas, de forma que cumpriam o trabalho honrado de preservar e propagar a palavra escrita".
Como o trabalho dos fariseus era corrompido e honrado ao mesmo tempo? Pode explicar?
Prezado irmão Jorge,
você descreveu bem a mentalidade e comportamento de um fariseu. Tais pessoas sabem exatamente o que Palavra pede e exige. Somente conseguem usar a Palavra para seus próprios benefícios. Tiram dela aquilo que melhor lhes convêm. O grande problema é que nunca leêm a Biblia contra si mesmos. Ela nunca lhes fala nada ou os confronta em seus pecados e ganâncias. Lembro-me quando era adolescente e membro de uma igreja batista como as pessoas se alegravam com a caixinha de promessas. Comentavam as promessas que haviam tirado durante a semana que passara. Um dia, em minha inocência, perguntei ao professor de E.B.D. se Deus só tinha promessas para nós ou se de vez em quando nos repreendia. Ele sabendo do que se tratava sorriu e me disse: irmão Luiz fique com a Bíblia inteira.
Parabéns pela postagem.
Continue espalhando a luz do Evangelho completo.
Um abraço
Gilmar,
Ao lerem as Escrituras, os rolos que continham a Lei e os profetas, eles estavam preservando-nas, como fiéis depositários daquilo que o próprio Deus havia confiado ao Seu povo. Veja bem que complemento a frase com a expressão: "a palavra escrita". Nisso, eles cumpriam honradamente aquilo que Deus havia destinado aos sacerdotes e escribas (ainda que ímpios, mas sob a ação do Espírito Santo, eles garantiram que a Palavra fosse preservada, e chegasse às futuras gerações).
Contudo, ao acrescentarem às Escrituras conceitos e ideologias humanas, frutos das suas mentes caídas e corrompidas, desprezavam-nas, fazendo o oposto daquilo que pregavam, distorcendo a mensagem bíblica.
Liam para o povo "A", e faziam "b", se me entende.
Então, o trabalho deles de conservar as Escrituras era o trabalho divino; ao passo que o trabalho de corromper a mensagem recebida de Deus era o trabalho satânico.
Além do quê, se consideravam acima do padrão divino; pois quem pode acrescentar algo ao que já é perfeito? Eram tolos, soberbos e vaidosos; idólatras, adoravam a si mesmos.
Volte sempre.
Abraços.
Pr. Luiz Fernando,
Corretíssimas as suas considerações. Não há o que acrescentar.
É sempre uma alegria ver que Deus tem destinado e estabelecido no mundo o remanescente que pregará e viverá, pelo Seu poder, a verdade do Evangelho.
Cristo nos abençoe; capacitando-nos a proclamar o Seu santo Evangelho, mas, sobretudo, a vivê-lo integralmente, ainda que muitos se façam surdos e indiferentes a ele.
Forte abraço!
Como são difíceis algumas questões...
Eles profetizavam e as profecias se cumpriam, e mesmo assim não eram conhecidos do Senhor.
Eles expulsavam os demônios e as pessoas eram libertas, e mesmo assim não eram conhecidos do Senhor.
Eles faziam maravilhas e as maravilhas aconteciam, e mesmo assim não eram conhecidos do Senhor.
Bem difícil...
Natan de oliveira,
Isso prova que Deus é soberano, e de que nada que o homem possa fazer, mesmo em nome de Deus, e operado pelo próprio Deus, é garantia de que ele obterá a salvação. Nunca por algum mérito, nem por justiça própria.
Não é fantástico que Deus use um e outro, as vezes para fazer a mesma obra, e de que um é salvo e outro não? Somente esse trecho de Mateus 23 joga por terra qualquer espectativa do homem de alcançar a salvação por esforço próprio.
Graças a Deus que estamos em Suas mãos, e de que não depende de nós a salvação, mas da obra de Cristo realizada em prol dos eleitos na cruz. Para mim, isto é um grande consolo, pois estou em mãos santas, justas e perfeitas; do contrário, se estivesse em minhas próprias mãos, seria capaz de ganhar o Inferno, com nota máxima, sem precisar de recuperação.
Devemos nos consolar e alegrar em saber que Deus é justo e sábio, para o nosso próprio bem.
Forte abraço, amigo.
Continuação do comentário acima...
"Então é preciso entender que Deus, pela santidade de sua natureza, precisa odiar o pecador no seu carater de pecador. Mas, também por ser Deus, ele ama o pecador no seu caráter de ser humano, já que não existe diferença por todos terem pecado e serem igualmente réus merecedores do juízo.
Para entender melhor, vamos voltar a Romanos 9:21-24: "Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?"
Repare bem no que diz: os vasos da ira estão preparados para a perdição, mas não diz que tenha sido Deus que os preparou para tal. Eles estão preparados para perdição como todo ser humano que nasce neste mundo, porque nasce pecador e condenável. Mas quando fala dos vasos de misericórdia, aí sim, diz que Deus já dantes os preparou. Igualmente, os condenados do corredor da morte estão preparados para morrer, mas o presidente decide preparar um para viver.
O Antigo Testamento nos ajuda a entender um pouco mais essa questão do caráter de santidade de Deus. Lá qualquer pessoa portadora de defeitos físicos era vedada de participar do culto no santuário:
Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão do seu Deus:
Lev 21:18-23 "Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará; como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, Ou homem que tiver quebrado o pé, ou a mão quebrada, Ou corcunda, ou anão, ou que tiver defeito no olho, ou sarna, ou impigem, ou que tiver testículo mutilado. Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do SENHOR; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus. Ele comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo. Porém até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar, porquanto defeito há nele, para que não profane os meus santuários; porque eu sou o SENHOR que os santifico".
Qualquer humanista hoje sentiria arrepios e consideraria essa medida discriminatória, e com razão. Acontece que para entendermos o Antigo Testamento é preciso entender o Novo Testamento. Na Lei Deus revela sua santidade e total aversão ao que é imperfeito, e assim deve ser. Até mesmo o Rei Davi odiava os coxos e a aleijados: "Porque Davi disse naquele dia: Qualquer que ferir aos jebuseus, suba ao canal e fira aos coxos e aos cegos, a quem a alma de Davi odeia. Por isso se diz: Nem cego nem coxo entrará nesta casa". 2 Sm 5:8".
Continua...
Última parte do comentário acima...
"Todavia, o que vemos no mesmo livro de Samuel? Mefibosete, um coxo, desfrutando de lugar cativo na mesa do Rei, com seus pés coxos ocultos sob a mesa pela mesma graça que é capaz de lançar nossos pecados no esquecimento graças à obra de Cristo na cruz:
2Sa 9:6-13 "E Mefibosete, filho de Jônatas, o filho de Saul, veio a Davi, e se prostrou com o rosto por terra e inclinou-se; e disse Davi: Mefibosete! E ele disse: Eis aqui teu servo. E disse-lhe Davi: Não temas, porque decerto usarei contigo de benevolência por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu sempre comerás pão à minha mesa. Então se inclinou, e disse: Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu?... Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém, porquanto sempre comia à mesa do rei, e era coxo de ambos os pés."
Foi a graça que proporcionou que Cristo morresse por todos, e não apenas pelos salvos. Se não fosse assim tão ampla a eficácia de seu sacrifício, ele não poderia tirar o pecado do mundo "Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". Todavia sabemos que, apesar de seu sacrifício ser suficiente para salvar a todos, ele levou sobre si "apenas" os pecados de muitos, e não de todos. (Tirar o "pecado" do mundo, no singular, e levar "os pecados", no plural, são diferentes aspectos de sua obra).
2 Co 5:15 "E ele morreu por todos"
Hb 9:28 "Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos"
Is 53:11 "...mas ele levou sobre si o pecado de muitos"
Quando examinadas pela ótica da graça, até mesmo as afirmações do A.T. precisam ser entendidas. Veja o que Jesus disse: "Mat 5:43-48 "Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus... Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus".
Perceba que ser perfeito como o Pai é perfeito inclui amarmos nossos inimigos como Deus ama os inimigos dele. Depois de uma ordem assim dada por Jesus, se acharmos que Deus só ama os que fazem o bem ou os que foram eleitos por Ele estaremos considerando que podemos ser mais do que Deus neste aspecto, pois de nós é esperado que amemos a todos, sem distinção.
Mario Persona"
Mário,
Não tem de quê. Como disse, não foi bajulação, mas a constatação de que Deus tem lhe dado conhecimento, entendimento e capacidade de batalhar pela fé dada aos santos. Toda a glória é do Senhor, mas creio que Ele quer que reconheçamos nos irmãos aquilo de bom que tem realizado em suas vidas (fruto da Sua infinita graça).
Primeiro, obrigado por ler o meu texto "Velhos e Novo Fariseus".
Segundo, essa é uma interpretação sua que não concordo à luz da Escritura. Não entendo grego nem hebraíco, mas acredito que, por mais necessário que seja o aprendizado das línguas originais do AT e NT, elas não são necessárias à interpretação do contexto bíblico. Crendo que a Bíblia é a infalível, inerrante e inspirada Palavra de Deus, e de que Ele preservou-a originalmente nas traduções (não todas, mas em especial no Texto Massorético e TR), creio também ser possível interpretar à luz da minha tradução todo e qualquer texto bíblico.
Terceiro, qual o problema de Deus amar e também odiar? Isso O fará menos santo? Mas onde na Bíblia diz que Deus não é santo por odiar alguém? Por planejar a morte de milhares como fez com os cananeus e outros povos? Por lançar sobre a Indonésia tsunamis, sobre os iranianos terremotos, sobre os belorizontinos inundações, sobre outros povos neve, frio, calor, seca, etc? Isso o faz menos santo? Onde isso está escrito?
Quarto, a Bíblia afirma que Deus é santo. Pronto! Para mim, já é o suficiente. Porém a Bíblia afirma que nem uma folha cai sem a Sua vontade; o que equivale dizer que tudo, absolutamente tudo no universo ocorre pela vontade divina, inclusive o mal.
Mas você me dirá: você está dizendo que Deus faz o mal, logo Deus não é santo.
Isso é uma blasfêmia!
Bem se Deus não planejou e arquitetou o mal, o mal existe à revelia de Deus, logo, Deus não é soberano. Há algo que está além do controle divino, no caso, o mal. Mas a Bíblia afirma que Deus é santo e opera o mal. Com todas as letras. Basta ler o capítulo 1 e 2 de Jó, e o capítulo 45 de Isaías, e tantas outras passagens em que Deus ordena o mal. O argumento é de que, se Deus é o autor do mal, então Deus não é santo. Mas essa inferência não é bíblica, porque a Bíblia afirma tanto uma como outra coisa. Há então incoerência? Não. O mal, o diabo, o pecado, eu, você e o universo são criações divinas; e como tais, estão sujeitas completamente à autoridade dEle. Não há como o diabo, eu, ou os anjos bons, escaparmos da soberania divina, no sentido de que somos capazes de fazer algo que Deus não planejou previamente, de sermos livres de Deus. Tanto a Queda, o pecado, e o próprio diabo fazem parte do eterno decreto de Deus, sem o qual nada disso existiria. (Os meus comentários ao livro Jó esclarecem melhor esses pontos, caso se interesse).
Em relação a João 3.16-17, faço a interpretação da palavra "mundo" no contexto do próprio texto de João, e para mim, mundo aqui se refere ao mundo dos eleitos, e não ao kosmos, como você alude. Se quiser dar uma olhada, leia o texto "Movimento: Jesus ama a todos! é cristão?".
Quinto, quanto a Efésios 2.4, Paulo refere-se à Igreja, ao povo de Deus, não aos incrédulos ou reprovados. Ali, ele afirma que Deus nos amou quando ainda (no tempo) estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Contudo, em Cristo, somos salvos eternamente, porque Deus nos salvou e nos fez Seus filhos antes da fundação do mundo (no tempo). Para que eu me expresse melhor, basta responder à seguinte pergunta: A Bíblia afirma que somos santos, e somos chamados de santos (os eleitos, a Igreja). Por que então continuamos pecadores? É que, infalivelmente, Deus nos fez santos eternamente, em Cristo (mesmo antes da encarnação do Verbo), mas a nossa santidade (que acontecerá infalivelmente pelo poder de Deus) se dará progressivamente no tempo. O que nos faz, ao mesmo tempo, santos e pecadores; santos para Deus (que tem o olhar infinito, ilimitado e completo), mas pecadores aos nossos olhos finitos e limitados.
continua...
Continuação do texto acima...
Em relação ao jovem rico, novamente, pergunto: onde está escrito que esse jovem não foi salvo? O que lemos é a impossibilidade de alguém obter a salvação por mérito próprio, de, sem a regeneração e o convencimento dado pelo Espírito Santo, alcançar a salvação. Sobre o jovem não sabemos mais nada, logo, não podemos afirmar que ele foi condenado. O que está visível e claro é que esse jovem, por si só, por suas forças e méritos, não conseguiria a salvação, evidenciando-se que ninguém, por justiça própria, pode requerê-la de Deus.
Logo em seguida, a partir do verso 23, lemos que os discípulos ficaram admirados com os obstáculos humanos para se obter a salvação. Por fim, disseram: "Quem poderá, pois, salvar-se?" (v.26). Ao que o Senhor diz: "Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis" (v.27).
Aquele fato citado por Mateus e Marcos revela-nos claramente a impossibilidade completa e total do homem se salvar, pois, a salvação é algo que apenas Deus pode operar. Logo, ao meu ver, da mesma forma que muitos inferem que o jovem foi condenado, de minha parte infiro que Cristo respondeu não somente aos seus discípulos mas a todos nós, declarando que também aquele jovem, ao qual o Senhor amou, podia e, provavelmente, foi alvo da graça divina, e salvo finalmente.
Mário, o problema é que muitos crentes querem defender Deus de algo que Deus não procurou se defender, nem Ele próprio se defendeu (é claro que uso o termo "defender" apenas como entendimento, não como fato, visto que Deus se defenderia de quem? Quem pode acusá-lo?).
Há inúmeras passagens em que Deus manifesta o Seu ódio ao ímpio, e os réprobos são alvos da ira divina. Bem, você como eu, entende que a ira de Deus é santa, por que ela reflete exatamente a Sua justiça e santidade. Imagine que Deus ama a todo mundo, todos os homens e mulheres que nasceram desde Adão. Não seria incoerente, após o juízo, Ele odiar aos que não foram salvos? E lançar sobre eles a Sua ira, quando lançou sobre eles o Seu perdão? Por que, se Cristo morreu por todos, é certo que a obra de Cristo não foi realizada pela metade, não ficou incompleta, logo, é mais fácil pregar o universalismo, onde todos são salvos, e de que não haverá um inferno, visto que até satanás e seus anjos serão perdoados. Se Cristo morreu na cruz para expiar os pecados do mundo, é lógico que o mundo teve os seus pecados expiados, e todos foram infalivelmente salvos.
Alegar que é preciso a pessoa querer a salvação, faz da obra de Cristo uma piada, a torna dependente da vontade humana, e, para o Deus Todo-Poderoso, Criador do Universo, isso seria, no mínimo, um contrasenso, para não dizer, blasfêmia.
Agora, se Cristo morreu pela Sua Igreja (AT 20.28; Ef 5.25), e somente por ela, Sua obra foi concluída perfeitamente, pois o alvo da expiação foram os pecados dos eleitos e não daqueles que foram reprovados.
Logo, a questão da expiação limitada está diretamente ligada à glória de Deus, à Sua onipotência, à Sua onipresença, ou seja, ela explicará se eu creio no Deus soberano sobre todas as coisas, ou no Deus limitado e dependente da vontade humana (aqueles que rejeitaram o primeiro conceito, se entregaram ao segundo, e são os criadores de teorias heréticas como Teologia do Processo e o Teísmo-Aberto).
Continua...
Continuação...
Aí está a questão. Deus escolhe quem quer, e faz o que bem quer, exatamente por que, no universo, não há nada igual ou superior a Ele. Deus é o máximo, e controla tudo segundo a Sua vontade, sem dar satisfação a ninguém.
Paulo revela claramente a soberania de Deus, exatamente àqueles que questionavam as decisões divinas. Veja que na sequência de Rm 9, o apóstolo coloca várias citações do AT em que Deus pouco está ligando para o que vão pensar dEle, pois, "quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?" (v 20). Paulo demonstra o poder que Deus, como oleiro, tem de fazer o que bem quiser com qualquer de Suas criaturas, o barro, podendo fazê-lo para honra ou desonra, segundo a Sua vontade.
"E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou. Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?" (v 22-24).
Mais claro, impossível. Nem precisa de comentários.
A sua analogia em relação ao presidente e o condenado é muito boa quanto à questão da justiça divina. Mas não tem nada a ver com o amor, visto o presidente ao dar o seu indulto ao condenado o faz apenas e tão somente por justiça (uma justiça limitada, falível, que pode mesmo ser injustiça), pois ele sequer conheçe-o.
No caso de Deus, que conhece tudo e todos, o amor é o ponto fundamental para a aplicação da Sua justiça, visto que por Ele conhecer tudo e todos, até mesmo o mais íntimo dos nossos corações, não condenaria um justo, nem absolveria um injusto, já que a Sua justiça é reta, santa e perfeita.
Sinto muito, mas essa sua afirmação sobre Deus odiar o pecador e amá-lo ao mesmo tempo não tem nenhuma base bíblica. Você está especulando. O amor de Deus está diretamente ligado àqueles que foram comprados pela morte do Seu Filho Amado. Se um reprovado não foi comprado por Cristo, não há amor. Por que todos fomos feitos um em Cristo, todos somos participantes do Corpo de Cristo, todos fomos eleitos em Cristo, todos seremos semelhantes a Cristo, e viveremos eternamente, e reinaremos eternamente por Cristo. O condenado não participa de nenhuma dessas exigências, logo, não pode ser o alvo do amor de Deus, por que ele não está em Cristo, nem Cristo nele.
Voltando a Rm 9, se não foi Deus quem os preparou os vasos da ira, foi quem? Paulo não faz a analogia de Deus com o oleiro? E das Suas criaturas com o barro? Então, quem é o oleiro que preparou o barro? Satanás? O acaso? A analogia é de que o oleiro FAZ um vaso para a manifestação da Sua ira, e FAZ um vaso para a manifestação da riqueza da Sua glória. Não tem o que interpretar. Está mais claro e límpido do que água. Qualquer inferência além do que o próprio texto diz é acréscimo. Lutar contra aquilo que Deus falou é tolice. E defendê-lo de algo que Ele mesmo não quis se defender, é acusá-lo, certamente, de algo muito pior. Todas as interpretações que li de Rm 9 (em sua maioria arminianas e dispensacionalistas) querem tirar o poder e a glória de Deus, ou, no mínimo, enfraquecê-las, e, por contrapartida, dar algum poder ao homem. Mas isso não existe. O homem não é nada segundo a Bíblia. E Deus é o Todo-Poderoso, segundo a mesma Bíblia. E o fato de escolher uns para a condenação e outros para viver na Sua glória, não O torna injusto, perverso, mal ou coisa parecida. Por inferência bíblica, Deus é bom, santo e justo (segundo o padrão dEle mesmo, que é o único padrão capaz de avaliá-lo [caso precisemos avaliá-lo, o que para mim, é tolice]).
Continua...
Continuação...
Quanto a 2Sm 9.6-13, novamente temos a prova de que, nenhum homem, seja em qual padrão estiver (aleijado ou são) é capaz de obter a salvação, seja por qualquer virtude ou por qualquer defeito. Deus mostra exatamente que o Seu padrão em nada tem a ver com o padrão humano. Provavelmente, se fossemos escolher aqueles que iriam para o céu, por um padrão nitidamente humano, escolheríamos os jovens, saudáveis, belos, e agradáveis. Os feios, doentes, rabujentos estariam destinados ao inferno. Mas se quem fizesse a escolha fosse um feio, doente e rabujento, ele poderia considerar os seus pares injustiçados e levá-los consigo (uns, ou todos). É algo subjetivo, e Deus sabe que a subjetividade humana é pecaminosa, porque provém exatamente de uma mente pecadora e ímpia. Logo, ele estabeleceu o Seu padrão: aquele que crer em Cristo, Seu Filho, que morreu na cruz para expiar os pecados, não do mundo, mas de todo aquele que crê (Jo 3.16).
As passagens que você cita referem-se a isso, e de que os eleitos são os alvos da graça de Deus (seja aleijado ou são).
Sobre a graça e a extensão da expiação, há uma contradição em suas afirmações. Cristo morreu por todos, mas levou os pecados de muitos? Como pode morrer por todos, mas salvar apenas alguns? A Sua morte não foi expiatória? Como um castigo substitutivo? Se foi, e a Bíblia afirma que foi, ou Ele morreu e expiou todos, ou morreu e expiou os eleitos.
Em relação a Mt 5.43-48, o fato de Deus ordenar que amemos nossos inimigos, O faz obrigado a amar os seus inimigos? Qual o padrão de justiça humano? Podemos comparar-nos com Deus? Cristo ao exortar-nos a amar os nossos inimigos não afirma que Deus ama os Seus. Por quê? Não seria por que o nosso padrão de justiça é corrompido, imperfeito, e o nosso julgamento falho? Ao contrário, Deus, como Senhor, onisciente, onipresente, conhece tudo e todos, e o Seu julgamento é reto e santo, bem como a Sua justiça. Cristo não nos estimula a odiar exatamente porque o nosso ódio pode ser injustificado e corrompido. Ao passo que se eu amar a todos, até aos meus inimigos, deixarei para que o Senhor faça o julgamento correto. Não é o que Paulo diz ao afirmar que a vingança não nos pertence, mas a Deus? (Rm 12.17-21). Por que o juízo de Deus é perfeito, enquanto o nosso imperfeito. E ao julgarmos pelo nosso padrão, serão imensas as probabilidades de cometermos injustiça.
Deus ordena que amemos os nossos inimigos. Mas Ele não está subordinado às Suas ordens. As ordens de Deus são para nos enquadrar, não a Ele. Como soberano, não está sujeito ao que prescreve, determina ou estabelece. A sua natureza é perfeita, e somente seres imperfeitos estão sujeitos à Lei (no caso, a ordem divina). Deus não está sujeito à Lei, a Lei Moral é criação de Deus para as suas criaturas (tanto os eleitos como os não eleitos), para que a Sua justiça fique patente aos olhos humanos.
Ainda que na eternidade eu seja santo e perfeito como Cristo, jamais serei como Ele é, pois Ele é perfeito, o mesmo ontem, hoje e eternamente; enquanto sou um ser imperfeito, pecador e, mesmo no passado, fui um inimigo de Deus. Logo, ainda que tenha o meu corpo glorificado, jamais volte a pecar, jamais morra novamente, continuarei sendo uma criatura, alvo do amor, graça e misericórdia divinas.
O mesmo pode ser dito daqueles que estarão no inferno, junto a Satanás e seus anjos? Sendo castigados por Deus? Estando debaixo da Sua ira? Ou não é Deus quem castigará os condenados?
Se não for, quem será? E como entender a Sua justiça?
Forte abraço.
[Obs:Em relação à resposta original ao Mário Persona, houve apenas correção ortográfica e na concordância, pois o texto originalmente não foi revisado. O que não exclui a permanência de alguns deles].
continuação...
- Amor e ódio sendo volição (vontade + ação), é possível sim amar e odiar uma pessoa em diferentes contextos e perspectivas (a meu ver). O ponto é que assim como a vingança, o ódio também é atributo somente restrito a Deus. Nós homens, pelo menos depois de Jesus devemos amar e não odiar os nossos inimigos. Antes entendo que também era assim, a partir do mandamento de amar o próximo como a si mesmo. Mas o pessoal do Velho Testamento foi resignificando o que era próximo, até pelos tempos difíceis, etc... e chegou ao ponto de Davi odiá-los com ódio consumado e achar que estava certo. Mas em Jesus temos o sentido original da lei restabelecido.
- Nós podemos amar (não falo de sentir);
- Nós não podemos odiar as pessoas;
- Mas Deus pode tanto amar quanto odiar;
Vejamos um exemplo:
- Falando de amor e ódio quanto a questão de salvação... Deus ama somente os eleitos e odeia e suporta o vaso da ira. Neste aspecto ele não ama (vontade de salvar e ação de salvar o vaso da ira);
- Mas no aspecto da graça comum, e o texto fala disto nos arredores, fica claro que Deus faz chover tanto para vasos de honra como para de desonra. Deus torna pobres ou ricos ambos os casos. Neste aspecto Deus está amando os ímpios quando ele tem vontade de enriquecer o ímpio e a ação de enriquecê-lo;
- Então discordando levemente do Jorge (na realidade concordamos pois ela fala de amor e ódio no aspecto da salvação e neste caso Deus não ama e odeia ao mesmo tempo, mas somente odeia o ímpio), discordando levemente temos o exemplo de ser possível Deus amar e odiar ao mesmo tempo quando comparamos diferentes aspectos ou objetivos do amor ou ódio:
Quando Deus dá saúde ao ímpio, ele está "amando" o ímpio (vontade de dar saúde e ação de dar saúde), mas ao mesmo tempo ele não dá salvação ao ímpio e assim o "odeia" pois não tem vontade de salvá-lo nem age para vivificá-lo. Amor e Ódio ao mesmo tempo.
Da mesma forma o justo poderá estar debaixo tanto do amor quanto da ira de Deus ao mesmo tempo, quando analisamos diferentes aspectos: Pois ele nos ama do ponto de vista da salvação (tem volição em nos salvar), mas ao mesmo tempo nos castiga, ou nos faz empobrecer, ou adoecer, etc... etc... quanto então ele tem a volição (vontade + ação) de operar o mal (desgraças) na nossa vida.
Difícil?
Vou parar por aqui, se não vou ter um "ataque" de palavras igual ao meu caro amigo Jorge.
Grade abraço
Amigo Jorge
Você teve um ataque de palavras... risos...
Isto pega?
Escreve, escreve e escreve sem parar... riso...
Algumas considerações sobre a questão que o seu companheiro afirma:
- Ele erra quando esquece que o oleiro do texto citado é Deus, logo não há que se dizer que os vasos da ira voram preparados por outro que não o oleiro. Só existe um oleito neste texto;
- Ele esquece que a questão dos aleijados não serem aptos para apresentarem ofertas no período levítico, não implica em discriminação dos mesmos, a mesma lei afirma que os carecas não eram para serem expulsos do meio do povo. Apenas indica e aponta profeticamente que o cordeiro seria perfeito, Jesus seria perfeito, sem ossos quebrados etc.. quando foi para a cruz. A meu ver este rigor estético indica isto: aponta profeticamente para o sacrifício de Cristo na cruz. Agora é bom lembrar que do ponto de vista humano Jesus era sem defeito, mas do ponto de visto visual era muito feio, como relata Isaias;
- A parte difícil de Davi odiando tais pessoas (coxos, etc...) não é mandamento. Apenas mostra como Davi reagia diante de tal situação. Da mesma forma o Salmo onde Davi mostra que odeia com ódio consumado aos ímpios. Não está escrito que devamos odiar os ímpios com ódio consumado. No tempo certo Jesus corrigiu o entendimento dizendo... foi-lhes dito "odiai" EU PORÉM VOS DIGO "amai".
- E por último amor e ódio na Bíblia não são sentimentos, mas vontade seguida de ação. Deus não sente amor por nós pois amor-sentimento-emoção é instabilidade emocional e Deus não tem sombra de variação emocional. Tudo isto e outras palavras que colocam emoção em Deus são formas humanas de expressar um coisa parecida com o que se passa com Deus;
- Amor e ódio na Bíblia são volições;
- Neste caso é possível eu sentir emoção e total aversão a uma pessoa e mesmo assim amá-la (vontade + ação = volição = tratar a pessoa da melhor maneira possível);
- Ou seja, eu não vou com a cara do cara, não sinto nada por ele, as vezes sinto coisas bem ruins... mas não devo transparecer e dar vazão a este sentimento, mas tratá-lo da melhor forma possível (amor volição).
continua...
Caro Jorge
Esqueci de dizer, que esta questão do amor e do ódio, principalmente do ódio, é a ÚNICA parte em que discordo de tudo o que li do Vincent Cheung (que sabes, sou grande admirador).
Ele afirma na sua Teologia Sistemática que devemos odiar aos que não são da fé... usando como apoio este Salmo de Davi e longa argumentação lógica (mas que ainda não me convenceu).
No mais o Vincent Cheung é uma benção para mim em tudo o que escreve.
Grande abraço
Grande Natan,
Não diria que seja um ataque, mas uma defesa de palavras. De certa forma, fui atacado... Brincadeira. O Mário é um irmão abençoado; tenho discordâncias em relação a algumas de suas posições, assim como tenho com você (quase imperceptíveis, diga-se), mas isso não atrapalha a amizade e comunhão que temos, ainda que a distância.
Quanto ao que colocou, concordo com praticamente tudo; inclusive, em relação aos "aleijados" e "excluídos" do A.T., esqueci-me de dizer que eles remetiam à perfeição de Cristo (como opostos), o Cordeiro imaculado, perfeito (ótima a sua lembrança). O que não invalida o ponto no qual centralizei, de que da mesma forma que muitos foram excluídos das atividades no Templo, um aleijado comeu à mesa com Davi; o que corrobora a posição de que a escolha de quem é aceito ou reprovado cabe exclusivamente a Deus. Não temos nenhum poder de convencê-lO, nem de nos fazer aceitos por Ele.
Contudo, não concordo com a sua visão de que Deus ama e odeia ao mesmo tempo. Não vejo base bíblica para isso, nem quando você coloca a questão da graça comum. Sua explicação me pareceu meio sem sentido. Explico: a graça comum de Deus sobre os ímpios nada tem a ver com o amor que Ele eventualmente teria por eles, mas se refere ao Seu atributo de justiça, com o claro intento de cumprir o Seu propósito eterno, e de glorificá-lO.
Se Deus amasse, desamando, ficaria evidente que seus "sentimentos" estariam confusos, e sabemos que isso não existe em relação a Ele. Deus ama dando dinheiro, posses, saúde, poder, sucesso a alguém, e não o ama salvando-o? Qual é a real prova do amor de Deus? Não foi entregar o Seu Filho Amado à morte na cruz para salvar os eleitos? Então, para mim, está muito claro o alvo do amor divino, a Igreja, pela qual o Senhor Jesus morreu.
O que não podemos comparar é o padrão de justiça divina com o padrão de justiça humana. Ainda que parcialmente a justiça divina esteja presente na justiça humana (pela Lei Moral, pelo senso moral), aquela é perfeita, enquanto esta é imperfeita.
Não entendo como você a questão de Deus não ter sentimentos como amor, ódio, etc. Se entendi corretamente a sua colocação, você diz que pelo fato dEle ser imutável, não tem sentimentos, mas uma volição de amor, ódio, etc. Se Deus não tem sentimentos, Ele é insensível, se é insensível, como pode amar e odiar? Ódio e amor são sentimentos, e Deus os tem, por que, do contrário, a afirmação de Jesus e dos apóstolos de que Ele é amor, não teria sentido. Ainda que a volição ao qual se refere inclua ações, ela não exclui o sentimento. Senão, qual a base para o Senhor nos criar, salvar e glorificar eternamente?
Quanto ao "ataque de palavras" fique tranquilo. Você é aprendiz diante da minha verborrágia. E por falar nisto, lá estou eu indo de novo ao ataque...
Forte abraço!
Estranhos os teus argumentos.
Você diz que Deus tem sentimentos (emoção)...
Mas então o que sentimento para você?
E o que é emoção?
E o que é amor?
A morte de Cristo é resultado do amor-volição de Deus, e não resultado de amor-emoção de Deus, pois é resultado de vontade de dar o filho seguida da ação de dar o filho para o resgate de muitos.
Jesus teve emoções aqui na terra enquanto homem.
Mas Deus? Emoção a meu ver é instabilidade no sistema nervoso, e que pode ser equilibrado por remédios por exemplo (anti-depressivos, etc...).
Mas Deus não tem sistema nervoso como nós, nem células como nós que depende de variações químicas.
A variação química do cérebro humano é que produz as emoções de "amor", "ódio", "ira", raiva, alegria, tristeza, etc....
Deus não é instável.
Ele não tem sobra de variação emocional.
Este é o erro, as pessoas lêem a palavra "amor" na Bíblia e acham que ele significa emoção, quando na realidade para mim (não lembro da referência) amor na Bíblia significa caridade.
E simploriamente caridade, é qualidade de carinho... ou "carinhodade".
Então mesmo que não sinta nada por alguém, devo amá-lo, ou seja, tratá-lo com caridade, tratá-lo com carinho.
Ódio é o contrário, é tratar sem carinho, tratar com rigor, com justiça.
Aliás o ódio e a ira de Deus nas escrituras é sinônimo de volição de justiça e correção, e não significa jamais para mim, sinônimo de emoção vingativa, mas sim de volição julgadora.
Graça comum não tem haver com amor?
A Bíblia não diz que Deus é amor? Logo quando um ímpio "ama" seu filho, este "amor" que ele sente vem de onde? Do ímpio? Como que um vaso caído, por si só pode amar? Pode sair vida de uma fonte contaminada?
Os sentimentos somente são confusos quando sentimento é tomado como emoção.
Amor e ódio em Deus não são sentimentos e nem para nós deveria sê-lo.
O sinônimo de "amor" na área de sentimento é paixão ou gostar ou simpatia...
O sinônimo de "ódio" na área de sentimento seria desprezo ou raiva...
Deus não é insensível quando falamos de sensibilidade-percepção.
Mas Deus é "insensível" quando estamos a falar de variação emocional em relação a alguma pessoa ou algo.
Eternamente Deus é imutável e ele não fica de mau humor e de bom humor.
Instabilidade emocional é coisa de homem.
E quando a Bíblia usa expressões e atributos "humanos" para falar de Deus, é uma forma de aproximação, pois quando diz que Deus se arrepende... ou que Deus se irou... ou que Deus se enfureceu... ou coisa que o valha... são "antromorfismos", assim como é dizer que as mãos de Deus... os olhos de Deus...
Afinal, Deus se arrepende?
Deus se ira como nós?
Deus se enfurece como nós?
Deus tem mãos com 10 dedos?
Deus tem dois olhos?
Mas enfim, não precisa concordar comigo.
Se você gosta do Vincent, leia a sua Teologia Sistemática e lá ele dará as referências bíblicas e melhores argumentos que os meus para te mostrar que na Bíblia, nem amor nem ódio são emoções mas volições.
E sendo volição, é possível amar e odiar ao mesmo tempo, desde que diferentes aspectos sejam objeto deste amor ou ódio.
Quando Jesus e os apóstolos afirmaram que Deus é amor, eles não estavam dizendo que Deus é sentimento, nem estavam dizendo que Deus é emoção pura.
Eles estavam dizendo simplesmente que Deus é vontade+ação em caridade para com os homens.
E tanto é fato que não importando o significado da palavra em si, ele é amor mas também é fogo consumidor (ódio justo), logo se fosse só amor não teria como castigar os ímpios eternamente no inferno, pois o amor não se vinga (justiça aplicada).
Mas enfim... não precisamos concordar em tudo... risos...
Mas que amor não é emoção, biblicamente falando, não é não... risos...
Natan,
Acho que estamos a dizer quase a mesma coisa de maneira diferente, e acaba que consideramos confusa e estranha a colocação do outro.
Vou tentar explicar:
1) Quanto ao que disse, que Deus não tem emoção, concordo consigo. Deus é imutável, logo, não está sujeito a emoções, a mudanças em Seu Espírito que o tornem alegre num momento e triste em outro. Nisso, estamos de acordo.
2) Não concordo quando você diz que amor e ódio não são sentimentos. Para Deus podem não ser sentimentos como para nós (pois Deus é perfeito e nós não somos), mas, se Deus ama (e Ele ama!), como entender esse amor? Deus poderia amar de maneira tão diferente que o padrão máximo de amor, a morte de Cristo na cruz, nos é ininteligível e inexplicável?
E as várias exortações bíblicas ao amor seriam o quê, então? Em qual padrão foram proferidas?
3)Deus pode amar e odiar ao mesmo tempo uma mesma pessoa? Não seria essa uma confusão? E a confusão não é uma emoção? Não consigo ver base bíblica para Deus amar e odiar alguém ao mesmo tempo (lembre-se, Deus não está no tempo). Para mim, isso seria incoerente e conflituoso. Ou Ele ama alguém, ou não ama.
4) Em relação aos antropoformismos, eles são expressões humanas que dão entendimento àquilo que Deus quer nos revelar. Isso não quer dizer que essas expressões sejam falsas, e de que Deus quer nos revelar algo falso de Si mesmo. Quando dizemos que os olhos de Deus estão sobre nós, não se diz que Ele tenha olhos físicos como os nossos, mas de que está a observar tudo e todos. É prova da Sua onipresença. Logo, Deus é onipresente. Quando Ele diz que nos ama, não há como dar outro significado à palavra ao não ser amor.
Se entendermos que tudo procede de Deus, e de que fomos criados à Sua imagem e semelhança, é fato que temos em nossa natureza características divinas (ou seja, "sentimentos" divinos), especialmente após o novo-nascimento que o próprio Deus operou em nós.
É uma questão confusa, e difícil de discutir num espaço restrito como este.
Talvez a questão principal é que diferencio sentimento de emoção, e de que você vê as duas coisas de forma igual. Ambas estão relacionadas com o senso moral.
Emoção é uma perturbação, uma comoção a partir da moralidade (partindo-se do pressuposto de que todos temos algum senso moral).
Sentimento é uma consciência íntima, uma disposição mental a valores inatos à natureza do ser.
Por exemplo, Deus ama, mas não chora por amor. Deus odeia, mas não chuta o pé-da-mesa. Ele tem sentimentos, mas não se emociona; o que não quer dizer que Ele seja frio e desinteressado em Seu amor e ódio. Simplesmente, o Seu amor é perfeito, assim como o Seu ódio. Em oposição ao nosso amor e ódio imperfeitos (carregados de emoções verdadeiras e falsas).
Acho que é mais ou menos isso o que quis dizer. Pelo menos, espero que seja.
Forte abraço.
Gostei da sua distinção entre sentimento e emoção e me rendo a ela.
Mas o seu "sentimento" está mais para a minha "volição", ou pelo menos metade dela que é a vontade (parecido com a tua "disposição mental").
Vamos lá:
Emoção: Distúrbio mental. Deus não tem.
Sentimento: Disposição mental. Deus tem.
Volição: Disponsição mental (sentimento) + vontade + ação.
Voltando a questão, é possível Deus amar e odiar ao mesmo tempo? Sim... risos...
Amor = caridade.
Ódio = disposição mental para punir justamente.
Assim com um pai ama seu filho mas quando ele sai da linha o pai fica bem disposto mentalmente para punir justamente.
O erro dos pais está em unir ao ódio (disposição) a raiva (distúrbio mental) e corrigir o filho com os dois em mente, quando deveria corrigir só com o ódio em mente.
Da mesma forma, Deus tanto nos contempla com seu amor quanto pode em situações específicas aplicar seu "ódio" (disposição mental de punir justamente) sobre nós.
Mas no fundo você dirá... risos... que este meu "ódio" na realidade é amor... amor de pai, que castiga visando um bem maior.
Mas enfim, gostei da distinção de sentimento, emoção, etc... me permitiu crescer mais um pouco.
Grande abraço!
Natan,
Acho que as coisas estão ficando mais claras agora.
Como creio que Deus jamais pensou algo que não fez (por que os Seus pensamentos e sentimentos são perfeitos, então, Deus jamais pensará ou sentirá algo imperfeito, logo, tudo que pensou, realizou), o que você define como volição pode ser a minha definição sobre sentimento.
Acontece que você foi mais além do que eu, e deu uma explicação completa, pois, para o Senhor não há etapas, nem sequências, mas tanto o sentir, como o pensar, como o agir, são únicos. Se Deus estivesse no tempo, poderíamos dizer que Ele fez e faz tudo de uma só vez.
Abraços.
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