domingo, 21 de março de 2010

Santidade: Temporal ou Eterna?












Por Jorge Fernandes Isah

"Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" [Hb 12.14].

Primeiro, vamos definir a palavra santo, que quer dizer separado. Como Deus é santo, Ele é separado de toda a Sua criação. Existe a idéia errônea e antibíblica de que a criação é a extensão de Deus, como se tudo o que veio a existir pelo poder da Sua palavra fizesse parte dEle. Ora, esta visão é pagã, comumente chamada de panteísmo [grego: pan, "tudo", + theós, "deus"], a qual define ser Deus o todo, e o todo Deus; uma espécie de universalidade dos seres, onde o conjunto de todas as criaturas [materiais e espirituais], a sua totalidade, compõem a unidade de Deus. O problema desta doutrina é que a criação e o Criador se confundem e se fundem, assim como o infinito e o finito, o material e o espiritual, o que leva à idéia de que tanto um como o outro são autocriados ou podendo ser criados por outra força. Mas toda essa confusão é fruto de outra artimanha do maligno, sempre promovendo a mentira, o qual "não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira" [Jo 8.44]. A Bíblia nos revela o contrário: toda a criação, seja o bem e o mal, material e espiritual, está separada de Deus, não é uma "extensão" dEle, nem subsiste e vive nEle, mas é sustentada e sobrevive por Ele.

Bem diferente do sistema proclamado pelos pagãos, anacrônico à Bíblia: a criação existe, vive e se mantém pelo poder de Deus, segundo a Sua vontade, nada além disso.

De certa forma, o entendimento errado dos atributos divinos leva até mesmo cristãos a cogitarem inadvertidamente uma espécie de "panteísmo". A confusão está na incompreensão da doutrina da onipresença e onisciência, que diz não haver lugar no universo onde Deus não esteja; não que está a ocupar todo o espaço, visto estar fora dele, mas no sentido de que tudo o que acontece, seja onde for, encontra-se diante de Deus e é promovido por Ele; e de que também tem o conhecimento perfeito de tudo, em seus mínimos detalhes, e nada pode escapar à Sua infinita presença. Como o salmista diz: "Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também" [Sl 139.7-8]. O que a Escritura diz claramente é que Deus está em todos os lugares, não há recôndito que não alcance, o que é diametralmente oposto à idéia de que Ele é tudo, e tudo é Ele: "Porventura sou eu Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor" [Jr 23.23-24]

Como Criador de todas as coisas, Ele conhece todo o processo exaustivamente, desde o nascimento até a morte, da existência à destruição, sendo que nada acontece sem que seja da Sua vontade ou alheio a ela, "porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?" [Is 14.27]. O esclarecimento é necessário para não se ter dúvidas de que Deus está separado da Sua criação, de que Ele não faz parte dela, mas está aparte dela; de que são coisas distintas, ainda que a criação seja completamente dependende de Deus e da Sua vontade, sem o que jamais existiria ou sobreviveria.

Então Deus é e está separado de toda a criação, ainda que ela seja consequência do Seu atributo de onipotência; porém como Deus é perfeito, puro e justo, é distinto da criação, que não possui a perfeição, a pureza e justiça divinas, sendo imperfeita, impura e injusta.

As obras de Deus não são Deus, ainda que existam por e para Deus, logo, pertencentes e sujeitas a Ele [tanto para nascer, viver ou morrer], sem que possam "contaminá-lO", antes é o Senhor quem as santifica ou não, segundo a Sua soberana vontade.

Por isso a Bíblia afirma que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus [Rm 3.23]. Há uma separação natural entre o Criador e as criaturas em virtude de suas naturezas distintas, agravada pelo pecado [que torna as criaturas ainda mais distantes do Senhor], sendo que, do ponto de vista temporal, Deus se aproximará daquelas que foram salvas eternamente por Cristo, e jamais se achegará àquelas eternamente destinadas à perdição. 

Do ponto de vista atemporal, Deus sempre estará próximo do eleito, mesmo que, no tempo, ele ainda não seja convertido; pois a salvação aconteceu no tempo, mas foi decretada na eternidade. Graças a Ele, Cristo, o Cordeiro sem pecado, o qual morreu na cruz e ressuscitou para que os eleitos, diante de Deus, estivessem mais alvos e mais brancos do que a neve [Sl 51.7], sem nenhuma mácula, santos como santo é o nosso Deus, "porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo" [1Pe 1.16].

No tempo, a santidade se inicia na regeneração que o Espírito Santo opera em nós, como a boa obra de Deus iniciada e que atingirá o ápice na eternidade [Fp 1.6], quando o nosso corpo corruptível se transformar em incorruptível, e formos semelhantes a Cristo nosso Senhor [1Co 15.52-53]; quando não haverá mais morte, nem pecado. Ele operará a santidade através da incorruptível "palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre" [1Pe 1.23]. Portanto, o ser santo é algo inalcançável para o homem, somente o Senhor é quem pode torná-lo e fazê-lo separado do mundo, e ligado a Ele; tirados do meio da Sua criação, de entre as criaturas corruptíveis, tornando-o filho adotivo em Cristo, e assim será mantido pelo Seu poder e graça.

Eternamente, já somos salvos antes da fundação do mundo, muito antes do nascimento e queda do primeiro homem, pois o decreto divino estabeleceu que os eleitos, em número certo e definido, seriam tantos quanto Deus escolheu, conheceu e predestinou para serem conforme a imagem de Cristo [Rm 8.29]. Desta forma todos os eleitos [mesmo os que ainda não foram regenerados no tempo] já são salvos e santos. Pode parecer estranho que um homem em pecado, irregenerado, tenha comunhão com Deus. A Bíblia diz que o Senhor abomina o pecado. Porém, como o Espírito Santo faria uma obra de regeneração em um pecador? Haveria como Deus ter comunhão com o ímpio? Segundo as Escrituras, não! A pergunta é: em que ponto o homem deixa de ser ímpio? Como é possível ao homem sair da esfera pecaminosa para a santa? Teríamos de concordar com os arminianos de que somente após escolher a Deus o homem poderá ter comunhão com Ele. Ou seja, a decisão humana o santifica ao ponto de ser capaz de reconhecer em Cristo o seu salvador, e então, somente então, ter o privilégio de comunhão com Deus. O que remeteria os méritos da regeneração ao homem, não a Deus. Mas há uma profusão de textos bíblicos que desmentem essa hipótese. Paulo diz: "Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só" [Rm 3.10-12]

O dilema persiste: o homem não pode se tornar santo nem Deus ter comunhão com o pecador. Logo, Deus, que está fora do tempo, já nos tem como santos, porque fomos santificados eternamente. Ao promulgar o decreto eterno, sendo o Senhor imutável, e de que toda a Sua vontade se realizará infalivelmente, "pois nenhum dos teus propósitos pode ser impedido" [Jó 42.2],  mesmo sem ainda existir, o eleito já está salvo, já é santo. A vontade e decisão em eleger um povo para Si não aconteceu no tempo, mas muito antes dEle criar o tempo. Também escolheu que o processo ocorresse no tempo e, por nossas limitações, tomássemos consciência da pecaminosidade natural, do estado degradante, da morte iminente e incontestável, caso não tivesse nos escolhido. Pois a santidade divina é que nos impede de permanecer no pecado, transformando pecadores em santos aos nossos olhos, mas aos Seus olhos já fomos santificados pelo sacrifício de Cristo, muito antes do Senhor morrer na cruz.

A questão é de perspectiva: quando olhamos para nós mesmos, não temos a visão do resultado [ainda que a Bíblia nos revele o fim de todo eleito: a eternidade diante de Deus]. O fato de estarmos no tempo revelará um encadeamento de situações, as quais serão reveladas progressivamente, indicando o estado de regeneração ou de corrupção. Mesmo assim, para muitos, será impossível conhecer o real estágio em que se encontram, e o fim que os aguarda; apenas no dia do Juízo tomarão conhecimento de que estavam mortos, e permanecerão mortos. Ao passo que, para o Senhor, não somente os fatos, mas todo o fim já é do Seu conhecimento. Como tudo ocorrerá segundo o Seu desejo, seguindo rigorosamente o decreto eterno em que todos os detalhes foram determinados, Deus conhece os Seus escolhidos, e já os tem por certo como Seus. Ou seja, para nós, é um processo; para Deus, já está tudo consumado.

Certo é que somos nós a alcançar a santidade [não é Deus quem a alcança por nós; já que Ele é e sempre foi santo, e não precisa alcançar nada, pois é e sempre foi o perfeito Senhor do universo]. Deus nos capacita, nos habilita e transforma para sermos santos, constituindo-nos o corpo do Seu Filho Amado, o qual é a cabeça. E assim seremos um com todos os escolhidos, os quais são justificados exclusivamente por Deus. A obra é dEle, mas nós é que somos feitos santos e mantidos santificados. Assim, devemos sempre buscá-la, clamar ao Senhor que nos transforme a cada dia, para que a boa obra seja concluída naquele dia.

E, ao fim, como o próprio Senhor disse, seremos um com Ele, assim como o Pai é um com o Filho [Jo 17.21]; separados para Ele, por intermédio dEle, para a Sua glória; definitivamente afastados do pecado, da morte, da corrupção e do mal; o que não é panteísmo, mas Cristianismo bíblico, por que as criaturas destinadas à perdição estarão irremediavelmente separadas de Deus na eternidade, ao contrário de nós.

Alerta: nada do que disse seja mal-interpretado; a santidade é uma obra completa de Deus nos eleitos, mas se o homem não é santo, e despreza a santidade, não é eleito, nem "verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" [Jo 3.36].

16 comentários:

Oliveira disse...

Interessante.
Profundo.

Gosto de divagar em pensamento sobre a questão do tempo.

Afinal eu estou aqui mas a Escritura afirma que eu também estou assentado nas regiões celestiais em Cristo.

Uma analogia aplicável ao seu texto é a do filme, onde nós estamos dentro e vivendo o filme, mas o mesmo já está perfeitamente definido e já foi visto pelo seu diretor (Deus) antes de fazê-lo e mesmo "depois"... bem... analogias não sã perfeitas.

Uma pequena implicação, com a qual não tenho problemas, mas só para eu saber a sua posição a respeito:

- Por que eu devo clamar ao Senhor para que me transforme a cada dia, se eu calmando ou não, tudo irá como está decretado?

Grande abraço

PS: Meu filho, se Deus quiser, nasce amanhã.

Jorge Fernandes Isah disse...

Natan,

primeiro, você anda muito sumido. Sei que os cuidados com a Marley, o trabalho, e a maior dedicação à Júlia devem tomar-lhe quase o tempo todo, mas um email, vez ou outra, aos amigos, não custa muito, né? (ontem liguei para você, mas não estava em casa, então tive uma pequena e agradável conversa com sua esposa, e fiquei sabendo que o Tiago nascerá até 2a. feira. Tenho orado para que as bênções e a graça de Deus esteja sobre o Tiago e todos vocês). Então, não suma!

Acho que pensamos muito, mas muito parecido (a exceção é a escatologia, afinal, sobre o que iríamos brigar?), e não me surpreende que você tenha se identificado com o que escrevi, afinal, como sabe, boa parte desta reflexão foi decorrente de nossas várias conversas e debates virtuais.

Quanto ao "por que clamar a Deus?", creio que a resposta é simples, apesar de alguém vir a considerá-la simplista: porque o Senhor ordenou que assim fizéssemos. E se ordenou, que se cumpra! Pois a obediência é fruto da obra de Deus, é fruto da santidade que Ele opera em nós; logo, se desprezo Suas ordens (e isso acontecerá em nossa vida terrena, mas sempre haverá o arrependimento, porque o Espírito Santo nos acusará, revelando-nos o pecado e a necessidade de arrependimento), como disse, não sou eleito nem santo, mas a ira de Deus está sobre mim.

De qualquer forma, até mesmo o clamar a Deus é obra dEle em nós, assim como tudo o mais em nossa vida.

Cristo o abençoe imensamente; e, em especial, amanhã.

Forte abraço, meu irmão!

Ricardo Mamedes disse...

Jorge, caro irmão,

Uma excelente reflexão. Eu também gosto muito de pensar na eternidade como contraponto ao nosso tempo. A questão de Deus não estar adstrito ao tempo, sendo o criador dele mesmo, facilita a compreensão dos decretos eternos, porque a eternidade está além do tempo, fora do tempo. Assim como Deus está fora do universo, mas não divorciado dele.

Quanto à pergunta do Natan, penso que o fato de sermos eleitos não deve jamais nos distanciar da oração, do clamor para que nos aproximemos mais e mais dele, mesmo porque o determinismo não exclui a nossa responsabilidade, como já discutimos tantas vezes. Dizer o contrário seria de certa forma dar força a argumentos arminianos segundo os quais somos fantoches nas mãos de Deus. Algo como o hipercalvinismo, ou uma característica dele, a meu ver.

Quero aproveitar para dar os parabéns ao Natan pelo nascimento do filho que se aproxima. Orarei para que Deus cuide de toda a família.

Grande abraço e que Cristo os abençoe!

Ricardo

Pr. Luiz Fernando disse...

Prezado irmão Jorge,
Por ser santo Deus é o outro. A santidade de Deus o diferencia da criação por completo. A essência de Deus é a santidade e Ele a comunicar, em parte a todos nós. A dificuldade para o cristão moderno é aceitar a total independência de Deus. Quando isso não está claro para o homem ai ele se vê participante no processo de escolher Deus como seu salvador. A aceitação dessa doutrina deveria o homem a paz, segurança e equilíbrio, mas temos visto o contrário. Precisamos resgatar esses valorosos ensinamentos da Palavra conforme você muito bem fez. Parabéns pela clareza.
Um abraço
Em Cristo

MINISTÉRIO BATISTA BERÉIA disse...

Graça e paz Jorge.
Como sempre um excelente texto que não pode ficar só aqui, por isso tomei a liberdade de publicá-lo também.
Interessante é que de tudo o que você falou, foi a forma como você conclui com um alerta. Esse alerta é exatamente para sermos como Deus, santos, separados do pecado e termos uma vida que condiz com o Deus que servimos. Como disse João em sua primeira carta: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus" (Jo 3.9).
A santidade é um processo que só termina no céu, mas ela é a marca registrada de um servo de Deus.
Fique na Paz!
Pr. Silas

Jorge Fernandes Isah disse...

Ricardo,

obrigado por seu comentário.

Na verdade, como em nossa conversa telefônica, um dos problemas da igreja atual é o antinomismo, a falsa doutrina que trata Deus como um qualquer, de tal forma que não importa o que eu faça, nem como faça, e que repita sucessivas vezes até não me cansar do pecado, que Ele estará sempre em disposição de me perdoar.

Acontece que Deus é santo, e somente resgata à santidade aqueles que são Seus escolhidos e que, por isso, são capazes de compreender e entender a natureza divina, e o quanto precisamos vigiar e orar para que a nossa natureza seja transformada dia após dia na imagem santa e perfeita do nosso Senhor Jesus Cristo.

Assim, capacitados por Ele, somos capazes de obedecê-lo em nosso clamor: santifica-me, Senhor! Faça-me santo como Tu és santo!

Forte abraço, meu irmão!

Cristo o abençoe!

Jorge Fernandes Isah disse...

Pr. Luiz Fernando,

Muito boa lembrança. O homem se considera independente de Deus, um ser autônomo, quando tudo no universo está sujeito a Ele, quer queira ou não, como a Bíblia claramente afirma.

Outro ponto interessante colocado pelo irmão, é o de que as doutrinas calvinistas (portanto, bíblicas) trazem realmente paz e conforto ao coração do homem, exatamente porque a salvação e a preservação não são obras nossas, mas de Deus, o qual as realizará infalivelmente nos eleitos.

Enquanto o arminiano está a andar numa corda bamba tendo o vislumbre do abismo... Basta um passo em falso e... Ao contrário, aqueles que se sujeitam à Palavra sabem que estão firmados na Rocha, Cristo, e vem a tempestade, porém jamais serão arrastados. Como o Senhor disse: aqueles a quem o Pai me dar, jamais lançarei fora.

É Deus operando, inexoravelmente, para a nossa segurança completa e total.

Forte abraço, meu irmão!

Cristo o abençoe!

Jorge Fernandes Isah disse...

Pr. Silas,

o irmão sabe que é uma grande honra ter meus textos publicados no "Ministério Beréia", apenas não é mais honroso do que a sua amizade.

Sim, meu irmão, ao contrário do que muitos crentes "pregam" hoje em dia, a santidade é uma marca fundamental do cristão. Isso não quer dizer infalibilidade, mas de que não a desprezamos, antes oramos e clamamos ao Senhor que nos faça santos como Ele é santo; e nos arrependamos quando caimos na vala-comum, na sarjeta do pecado.

Como o Ricardo disse, o fato da santidade ser uma obra de Deus não nos exime da responsabilidade de desejá-la, buscá-la, e vivê-la.

Mais uma vez, obrigado por seu comentário.

Forte abraço!

Cristo o abençoe!

Esli Soares disse...

Bom Texto, ótima reflexão...

Quase não tem espaço para comentar por que está bem construído e concordo com tudo. Assim bastaria meu aceite.

Entretanto, a esfera da criação manchada pelo pecado foi visitada num ato totalmente "insano" do Criador.

O Eterno fez-se finito e habitou entre nós, e se uniu eternamente com a nossa natureza. O transcendente se tornou pequeno (enquanto encarnado e não glorificado). Ele deixou a sua glória para nos alcançar. Ele veio atrás de nós, nos perseguiu, e através da Cruz fomos encontrados. Foi assim que a santidade de Deus nos aceitou. Esse ato histórico é também eterno, perfazendo o caminho inverso do próprio Cristo que vem da Eternidade para História, este saí da História e vai (volta, não sei!) para a Eternidade. Para o homem caído, mas amado por Deus, a Cruz é providência. Por isso o arminianismo é tão longe da perspectiva bíblica.

Na paz,
Esli Soares

Jorge Fernandes Isah disse...

Pr. Esli,

sei que o irmão não quis dizer isso, apenas para o caso de algum apressadinho que leia o seu comentário não pense erroneamente, você não está a dizer que Cristo é pequeno.

Como disse, ele encarnou, assumindo a condição humana, na temporalidade, por amor dos eleitos, e para cumprir a Sua santa vontade. Ainda que homem, permanece Deus, ainda que morreu, continua eterno, ainda que humilhado, não perdeu a Sua glória, ainda que servo, mantém-se Senhor de tudo.

Endosso o seu comentário; e alegrou-me muito a sua doxologia, a glorificação de Cristo.

Grande abraço, meu irmão!

Cristo o abençoe!

Esli Soares disse...

Jorge...

É isso mesmo, eu estava me utilizando da referência de Hb 2;9 e da figura de um infante. Jesus era (quando encarnado, antes da glorificação) e é totalmente Deus. A famosa união hipostática

É "insano", não tenho outra palavra para descrever o Criador se rebaixar a depende fisicamente de uma mulher, usar fraldas, mamar, dar os primeiros passos, etc... eu fico em êxtase pensando no que Ele fez por mim.

E me irrita alguém dizer que esse trabalho não é suficiente ou que é necessário o homem livremente querer aceita-lo, ou pior, é apenas provisório dependendo do comportamento de crente. Afirmar isso é simplesmente desrespeitar o trabalho de Cristo.

Esli Soares

Jorge Fernandes Isah disse...

Pr. Esli,

como disse, concordo plenamente com o seu comentário; e sou seu "companheiro" de irritação. Dá mesmo nos nervos ouvir que o homem tem alguma capacidade, seja ela qual for, de escolher "livremente" a Deus. Mais que desrespeito, isso é tolice, das maiores que alguém pode ter.

Fica na paz, meu irmão!

Cristo o abençoe!

Oliveira disse...

Caros

Ricardo... obrigado pelas palavras de parabéns. O garoto segue firme e forte, mamando, dormindo e ....

Jorge... não há tempo agora, mas acho simples a resposta de que devemos orar "apenas" pelo fato de ser um mandamento do Senhor.

Entendo que a oração, quando verdadeiramente entendida pela ótica da soberania de Deus, se resignifica e tem outro propósito principal.

Mas por falta de tempo, fico devendo este debate.

Grande abraço!

Jorge Fernandes Isah disse...

Natan,

alegra-me saber dos progressos do Tiago, e de que ele faz outras coisas além de mamar e dormir [rsrs].
Cristo o abençoe e o fortaleça cada dia mais, dando-lhe saúde, e tornando-o uma bênção no seu lar.

Quanto à questão do clamor e da oração, o que eu quis dizer com obediência foi submissão. É claro que a oração tem outras implicações:o amor a Deus e ao próximo; o nosso relacionamento com o Senhor; a confiança; a esperança; e muitas outras coisas. Mas creio que o principal objetivo da oração é mostrar-nos a nossa insuficiência e a nossa dependência a Deus. Quando curvamos nossas cabeças ou ajoelhamos, e abrimos o nosso coração, seja para agradecer ou para clamar, somos aperfeiçoados na santidade, unindo-nos mais ao nosso Deus e afastando-nos mais do mundo e da carne.

Mas há outras questões relativas à oração, e gostaria de, no futuro, espero que próximo, refletir juntamente consigo.

Forte abraço, meu irmão!

Fique na eterna e gloriosa paz do nosso Senhor Jesus Cristo!

Roberto Vargas Jr. disse...

Caríssimo Jorge,
Como vê, estou tentando tirar um pouco do atraso nas leituras. Não sei se vou longe, mas vou indo...
É muito importante a dupla distinção que você enfatiza: 1) eternidade/tempo e 2) ontológica Criador/criatura. Tanto quanto você se manteve nas distinções em si eu subscrevo suas palavras!
Porém, um detalhe (que considero dispensável no seu texto) não tem base lógica (nem bíblica). Esta é que, pela simples distinção entre Criador e criatura, esta é imperfeita, impura e injusta por contraste a Deus que é perfeito, puro e justo. A distinção em si não traz consigo esta implicação e sua análise depende de pressupostos que não são mencionados no texto.
Isso tem muito a ver com nosso debate sobre o mal. Andei a pensar nisso e creio que pode ser interessante você olhar as coisas de acordo com o esquema bíblico criação-queda-redenção. Muito do que eu tenho dito tem a ver com isso. Para explicar de modo muito simplista, é como se Deus estivesse a nos dizer: "[Criação] Homens, eu os criei em perfeição. Não a Minha perfeição, mas a medida da perfeição que Eu lhes dei. Vocês como a coroa da criação e à Minha imagem e semelhança, tudo o mais sendo de uma perfeição inferior a vocês*. E assim os criei como uma amostra do que vocês deveriam ser. [Queda] Mas vocês caíram, se perderam ao desviar os olhos de Mim para o que criei e agora não podem ter esta perfeição perdida**. Caminham agora neste mundo perdidos em imperfeição, incapazes de sequer Me reconhecer pelas obras de Minha mão, embora não possam fugir desta sensação de que Eu Sou. Caminham sem poder voltar-se a Mim [Redenção] Porém, Eu escolhi alguns de vocês para revelar a Minha glória de forma que estes terão de volta esta perfeição. Não por seus méritos, mas pelos Meus. Vocês serão o que devem ser, sustentados e mantidos por Mim. Vocês já experimentam um pouco disso, mas experimentarão a plenitude no tempo que me aprouve desde a Eternidade!"
* Esqueçamos os anjos, no momento.
** Sim, conforme o decreto, mas também voluntariamente.
É por aí! rs
Grande abraço, meu querido irmão!
No Senhor,
Roberto

Jorge Fernandes Isah disse...

Roberto,

Primeiro, obrigado por subscrever a maior parte do que escrevi; mesmo eu sabendo que, como homem imperfeito, o meu conceito pode estar soterrado pela imperfeição. Como creio na regeneração da mente, e que progressivamente o Espírito está a implantar a mente de Cristo em mim, considero que não errei, ainda que não tenha acertado completamente. E foi o que você disse. Ufa! É um grande alívio mesmo! [sem qualquer ironia].

Tenho muita simpatia pelo seu esquema. Porém... pode ser teimosia, implicância, cegueira, mas ele me parece dourado como uma pílula. O problema está exatamente nessa espécie de perfeição imperfeita que não me entra na cabeça. No texto, eu coloco a concepção de que o homem é perfeito como "top" da criação, não uma perfeição que remonte a Deus. E o que me inculca é: sendo perfeito, mesmo que em um padrão de perfeição semelhante ao homem Jesus(no que não concordo), como e por quê Adão pecou? Tinha de haver uma natureza "propensa" ao pecado. O que chamo de pecado latente. Não vejo outra saída, a menos que eu seja obrigado a concordar que ele tinha o livre-arbítrio, como a maioria dos calvinistas, o que me parece uma loucura ainda maior, muito menos bíblico.

Bem, uma coisa é certa, com este e outros textos, tenho meditado em questões que jamais imaginaria pensar, e os comentários dos irmãos têm me levado a refletir ainda mais na questão. Pode ser que futuramente o assunto se acente melhor, mas, no momento, ainda que a discordância seja muito maior, estou em paz. Não me sinto aflito com minhas especulações, talvez porque em nada desejei ou me descuidei em "desglorificar" a Deus.

Que Ele nos capacite a entender verdadeiramente a Sua obra.

Grande abraço, meu amigo!

Fica na paz!