Por Jorge Fernandes Isah
INTRODUÇÃO
Atributos comunicáveis são os atributos divinos que podemos encontrar, ainda que em graus muito menores, em nossa personalidade. Como está escrito no livro de Gênesis, Deus nos fez à sua imagem e semelhança, de forma que nos deu algumas características de sua pessoalidade, não no sentido de serem idênticas às nossas mas de, através delas, nos identificarmos com o ser pessoal que ele é. Vemos em nós, ainda que por sombras, aquilo que ele é; ainda que diferentemente de nós ele seja santo, perfeito e eterno. Por isso falamos dos atributos comunicáveis como aqueles que definem Deus como o ser pessoal. Entendo, contudo, que é difícil, e mesmo impossível, distingui-lo em sua pessoalidade, como se fosse possível ele ser parcialmente pessoal ou parcialmente impessoal em seus atributos. Deus, na verdade, é pessoal em todo o seu ser, em todos os seus atributos, mesmo nos que não são considerados comunicáveis. Afirmar que esse ou aquele atributo é mais pessoal do que outro parece-me uma distorção, como se pudêssemos fragmentá-lo ou dividi-lo no que não pode ser fragmentado ou dividido. Esta divisão serve para entender melhor aquilo que é por demais grandioso, maravilhoso e inescrutável ao homem: a divindade em todos os seus aspectos eternos, infinitos e imutáveis.
Quando consideramos o que definiu-se por "comunicáveis", não podemos esquecer de que eles também são, em sua perfeita unidade, "incomunicáveis", no sentido de serem infinitos, eternos e imutáveis como é todo o ser de Deus. De sorte que, falar em pessoalidade de alguns atributos poderá induzir ao erro de se considerar outros como impessoais; mas sendo o ser de Deus completamente perfeito, essa distinção faz-se desnecessária e, até mesmo, inadequada.
Ainda que se diga que os atributos incomunicáveis apenas assinalam ou evidenciam o ser absoluto de Deus, enquanto os comunicáveis o ser pessoal, fica-nos claro que isso é algo impossível do ponto de vista da unidade e exclusividade divina, a qual não pode ser dividida nem mesmo para efeitos meramente didáticos.
Não estou dizendo que certas classificações não sejam de providencial e prudente ajuda no entendimento e compreensão do ser divino; não é isso. Mas que a ideia de pessoalidade em alguns atributos pode ser mais danosa para esse entendimento do que auxiliadora. Por mais que se não queira, é inevitável, por nossa limitação e imperfeição, uma certa "dissecação" do ser absoluto e supremo; porém, em alguns aspectos ela não traz nenhum dano à compreensão, mas aqui, penso, ela pode ocasionar sérios desvios e distorções levando mesmo à incompreensão.
Sendo ele absoluto, o causador de todas as coisas e pelas quais deu-lhes a existência, Deus se relaciona pessoalmente com a Criação, ou melhor, com suas criaturas. Porém, não devemos esquecer de que Deus é um ser pessoal em si mesmo, onde subsistem três pessoas, que se interrelacionam eternamente, mesmo havendo o carater de subordinação entre elas, sem que haja desigualdade, mas uma igualdade perfeita e santa. Qualquer tentativa de se definir Deus, portanto, como um ser impessoal é, em si mesma, falsa; ainda que não houvesse nada criado, pois nele mesmo encontramos a personalidade perfeita da qual somos meros reflexos imperfeitos e finitos. O que nos leva novamente a questionar qualquer tentativa de entender a pessoalidade divina a partir do homem e suas relações. Elas nos auxiliam como elementos díspares, quase em oposição ao que Deus é, ainda que haja resíduos divinos nos seres criados; mas devemos ter a consciência de que o nosso carater e relacionamentos estão anos-luz de qualquer semelhança ao carater e pessoalidade divinas. A referência ao homem como um ser pessoal deve-nos levar a reconhecer que, como criaturas finitas e limitadas, criados pelo Deus absoluto, temos que ele é também pessoal, mas de uma pessoalidade superior, infinita e perfeita, ao contrário de nós.
Nada disso seria possível se Deus não se quisesse revelar ao homem como o ser pessoal, e, para tanto, temos como base e testemunho a Escritura Sagrada, na qual lemos, desde o início, Deus se relacionando com as suas criaturas. E, nela, encontramos a melhor definição sobre o ser de Deus: ele é Espirito; a quem ninguém pode ou poderá ver, mas, em sua misericórdia e bondade, aprouve a ele nos dar a conhecer pelo seu Filho Amado, o qual poderemos olhar, tocar, abraçar, pois é o Verbo encarnado, a segunda pessoa da Triunidade Santa, e que é a perfeita imagem divina. A ele, Deus eterno e Todo-Poderoso, mas também Todo-Amoroso para com o seu povo, honra e glória eternas!
O fato de Deus estabelecer princípios morais e de obediência nos leva a reconhecer nele a suprema pessoalidade, na qual somos guiados a, voltando-nos para ele, buscar sermos como ele é. Por isso há inúmeras exortações quanto à santidade: sede santo como é santo o vosso Pai. Somos exortados e orientados pelo próprio Senhor a sermos pessoalmente como ele é. Claro que a referência não é a sermos como Deus, em sua unidade e intereza, mas a sermos integralmente santos, retos e justos como ele é. O carater santo, reto e justo, no qual devemos almejar, mostra-nos que somente assim é-se possível relacionar-se com o Criador e compreender essa "faceta" maravilhosa da sua pessoalidade, ainda que o termo "pessoa" não seja aplicado na Bíblia a Deus. Contudo a ideia de o ser pessoal é verdadeira, sendo explicitada na criação do homem, mas, especialmente, na salvação providenciada pelo próprio Deus, realizada na expiação do Filho eterno, Jesus Cristo, que propiciou aos eleitos relacionarem-se definitivamente com Deus, revelando-o através de si, como a imagem fiel e perfeita, de forma que pudéssemos conhecê-lo e termos nossos caracteres moldados à sua semelhança. E aquilo que é pessoal somente em Deus, santidade e justiça plenas, também o será em nós, por sua obra realizada [mas, para nós, está em processo de realização].
ATRIBUTOS INTELECTUAIS DE DEUS
1) O Conhecimento de Deus
Pode-se defini-lo como sendo a perfeição de Deus pela qual ele conhece a si mesmo e todas as coisas num único ato eterno e simples. Com isso se quer dizer que o conhecimento divino é abrangente, exaustivo, infinito e simultâneo, de maneira que nada lhe escapa, nem se lhe apresenta progressivamente, e de que o seu conhecimento vai além das coisas criadas. Sabiamente o salmista diz: "Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu entendimento é infinito" [Sl 147.5]. O profeta também diz: "Ai dos querem esconder profundamente o seu propósito do Senhor, e fazem as suas obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? E quem nos conhece?" [Is 29.15], e, ainda: "Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento" [Is 40.28].
Diferentemente de nós que temos o conhecimento limitado e parcial ao que vemos, tocamos, podemos mensurar ou verificar, Deus tem o conhecimento exaustivo e infalível de tudo [onisciência]. Muito antes do mundo vir a existir, Deus já o conhecia. Muito antes de sermos criados, ele também já nos conhecia. Todos os fatos, em seus mínimos detalhes, não lhe escapam, pois foi pela sua vontade que eles vieram a existir. E a vontade divina não está presa a nada nem ninguém. Não podemos dizer que Deus age conforme o curso das coisas se desenrolam, à medida em que acontecem, para então definir o passo seguinte. Não. Deus preordenou tudo o que acontece, por sua livre vontade, a qual produz o seu conhecimento. Não numa sequência como a descrita, primeiro a vontade, depois o conhecimento, isso é fruto da limitação humana que, presa ao tempo, não consegue orientar-se fora dele. Deus tem vontade e conhecimento simultâneos, jamais progressivamente, pois ele vê as coisas de uma vez em sua totalidade, ainda que o próprio conceito de simultaneidade esteja atrelado à ideia do tempo, a qual é exterior ao ser de divino, não exercendo nenhuma influência sobre ele.
Deus conhece a si mesmo, o que se chama de "conhecimento simples". É o conhecimento que Deus tem de si sem fazer nenhum esforço para se conhecer. É o conhecimento próprio, inerente, e não se desdobra em conhecimento progressivo. Deus sempre se conheceu completamente, sem a necessidade de, como o homem, conhecer-se progressivamente, através da observação e do aprendizado de si mesmo e dos seus semelhantes; um conhecimento adquirido, empírico. O homem é, em muitas fases da vida, ignorante de si. É possível que passados anos e anos ele não tenha o conhecimento de si, pois sempre os terá incompletos, e, muitas vezes, incompreensíveis [por conta da finitude humana, mas também do pecado que afetou a nossa mente, corrompendo-a]. Ainda assim, o que conhecemos de nós somente é possível pelo favor divino, de nos dar o seu Espírito, "para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente" [1Co 2.12]. Quanto a Deus, ele não ignora nada do seu ser e natureza, de forma que sabe tudo a seu respeito, pois, assim como Deus é eterno, o seu conhecimento também é, sendo completamente imune à ignorância. Deus não aprende nem adquire conhecimento; ele tem todo o conhecimento, pois ele depende apenas de si, e tão somente de si, e não das coisas criadas, para saber como elas são, muito antes de serem. Ele anuncia o fim desde o princípio [Is 46.10], e lhe são conhecidas, desde o princípio do mundo, todas as suas obras [At. 15.18], e, então, temos a afirmação bíblica de que o conhecimento divino é eterno.
Deus sabe tudo sobre tudo, ele tem o conhecimento perfeito e completo de todas as coisas. Ele conhece todos os eventos, passados, presentes e futuros, bem como o que se passa no coração do homem, seus propósitos e atos. Nada escapa aos olhos de Deus, nem algum lugar pode estar escondido dele. É o que o salmista diz: "Senhor, tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento... Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás, se fizer no inferno a minha cama, eis que tu li estás também" [Sl 139.1, 7-8]. Nada, nem mesmo os pensamentos mais insignificantes podem ser ocultados de Deus. Tudo se apresenta diante dele, o que é e o que há de ser, mas também o que foi e o que não. É o que o apóstolo nos diz: "E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas" [Hb 4.13]. Ora, se Deus conhece a si mesmo que é infinito, como não poderia conhecer o que é finito?
2) PRESCIÊNCIA DIVINA
A presciência divina não é apenas uma antevisão, adivinhação ou simplesmente "ver o futuro". Deus não é um mero espectador como quando nos posicionamos diante de uma tela, passivamente, a ver um filme. Deus conhece o futuro, assim como conheceu o passado e conhece o presente, porque para ele o tempo está sempre diante de si. Vejamos o exemplo de um rolo de filme [já que as trilhas dos dvds não são visíveis aos olhos humanos]: o filme se compõe de quadros que rodados a certa velocidade dá-nos a imagem correta do evento que ocorreu. Podemos ver um quadro e ali uma cena. Mas aquele quadro não poderá nos revelar todo o desenrolar da película. O filme será sempre uma apreensão do passado, de algo que já aconteceu [mesmo um filme futurista será passado diante do espectador]. Os quadros, individualmente, não representam o filme. À medida que eles se sucedem, compreendemos o que ocorreu. Se pularmos diretamente para o final, na maioria das vezes não compreenderemos o seu desenrolar. Se apenas iniciássemos-lo, não saberíamos do que se trata. Deus não vê dessa forma. Fazendo uma analogia, ele seria uma espécie de diretor que, antes mesmo de iniciar a gravação do filme, já conhece todo o seu enredo. O fato é que muitos diretores não são os autores do texto, e é comum que os diretores interfiram no curso da história à medida em que o filme é produzido. No caso de Deus, ele é o autor do enredo e aquele que propicia, infalivelmente, que o enredo aconteça sem modificações. Ele elaborou e executou todo o projeto, do seu início ao seu final, sem alterações ou ajustes. Por causa da sua imutabilidade e todo-poder, muito antes do mundo vir à existência, Deus já o conhecia como ele é.
O significado disso é que os defensores da “scientia media” estão enganados, e defendem uma base que não é bíblica. Originariamente criada por teólogos jesuítas, e posteriormente adotada pelos luteranos e remonstrantes [arminianos], eles defendem que Deus elegeu e escolheu pessoas a partir do conhecimento de que elas, no futuro, teriam fé e se arrependeriam, vindo a serem salvas. Mas, pergunto: como pode o Deus perfeito, sábio e imutável deixar-se conduzir por aquilo que suas criaturas fazem ou deixam de fazer? Se Deus age segundo a vontade de suas criaturas, temos que ele não tem sua vontade livre, e a tem “presa” à das suas criaturas. A tentativa dos adeptos da “scientia media” é harmonizar a doutrina da predestinação e eleição divinas [leia-se, soberania de Deus] com a do livre-arbítrio humana [leia-se, soberania humana]. Mas fato é que a Bíblia nos revela a vontade e poder soberanos de Deus e, em nenhum momento, revela que o homem tenha uma escolha livre, indiferente ou arbitrária, capaz de leva-lo tanto a escolher uma como outra proposição contrária. Se atentarmos que causas internas [a natureza caída, por exemplo] e externas nos levam a tomar certas decisões, temos que o homem não possuí o livre-arbítrio ou a liberdade da indiferença, pois ela somente pode acontecer em um ambiente de completa neutralidade interna e externa, o que é impossível.
O erro está em se considerar como necessário para a responsabilidade humana que ele seja livre, mas a questão do sentido de liberdade, se para isso será obrigatório que as decisões humanas sejam indeterminadas, nos levaria a descrer e colocar em dúvida a onisciência divina, pois mesmo Deus, seria incapaz de saber eventos que não sejam claramente determinados. Não haveria, por exemplo, a certeza de que as profecias se realizariam. Então, temos duas proposições lógicas que se contradizem, e tentar harmonizá-las implicará no absurdo da ilogicidade. Afirmar que Deus elegeu homens para a salvação por conta daquilo que eles viriam a fazer, ou seja, por seus próprios esforços e méritos, é enganoso e anti-bíblico. Sabemos que o homem somente pode vir a Deus se ele quiser. Não é algo que se possa querer antes de Deus operar a regeneração e tirar-lhe a venda dos olhos. Deus é quem os abre, levando-os à luz do Evangelho de Cristo, e, então, somente então, eles têm a fé suficiente para o arrependimento.
Arthur Pink diz que o termo presciência não é simplesmente um mero pré-conhecimento de eventos futuros. Ele liga o termo ao fato de que Deus não tem, primeiramente, presciência de eventos contingentes, para depois eleger as pessoas, mas ele tem o pré-conhecimento de pessoas, antes de tudo. Em todas as passagens do Novo Testamento onde o termo é encontrado não há referência alguma a atos humanos, mas a homens. A presciência divina não se refere a ações; e a predestinação e eleição não são consequências da presciência, não são causadas por ela, mas esta decorre daquelas. Nas passagens a ordem é muito clara: Deus prevê que os que predestinou e elegeu ouvirão infalivelmente o Evangelho e se converterão. Não estudarei uma a uma dessas passagens, mas as citarei para que se possa analisá-las e confirmar a assertiva de Pink; são elas: Atos 2.23; Rm 8.29-30 conforme Rm 11.2 e 1Pe 1.2. A ordem correta dos eventos na Escritura é fundamental para que se não retire a glória de Deus na salvação do homem, colocando-a indevidamente no próprio homem. Quando este é quem determina a predestinação e eleição divinas, passa-se a ter uma salvação meritória, por haver no homem alguma coisa boa, seja prevista ou concretizada, que levará Deus a se compadecer e lançar sobre ele a sua graça e misericórdia. Mas quando entendemos corretamente a obra de redenção, reconhecemos que ela é completamente divina, de forma que seremos conformados à imagem de Cristo, à qual fomos chamados segundo o propósito de Deus [Rm 8.28-29]. Deus tem um propósito, de que sejamos a imagem do seu Filho; ele não nos elegeu porque anteviu que seríamos conformes, mas porque nos elegeu é que vislumbrou que o seríamos. Deus decretou primeiro, e sua presciência baseia-se no seu decreto, de forma que, seremos conformados a Cristo porque esse é o propósito divino.
Resumindo: Deus não previu determinado evento e decidiu tirar dele o máximo possível. Ele ordenou que tais eventos realizassem e, assim, a sua vontade livre e soberana se realizasse na história. Por isso Deus não viu algo que aconteceria e ordenou que acontecesse, mas ele ordenou e ela aconteceu infalivemente, sem chance de não acontecer. E a presciência nada mais é do que a "visão futura" [ainda que o futuro não exista para Deus] daquilo que Deus ordenou, como coisa realizada, líquida e certa.
Notas: 1) Aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico em 18.03.2012;
2) Baixe o áudio desta aula em file.MP3
3) O esquema da foto acima foi retirado do site da Universidade Metodista de São Paulo, e me pareceu adequado para resumir como se dá o conhecimento de Deus a partir da visão humana. O conhecimento divino, em si mesmo, é "indemonstrável", pois é infinito, eterno e perfeito. Nenhuma representação é possível, então, optei em representar a forma de como ele estabeleceu que o homem poderia conhecê-lo. Parece-me um esquema equilibrado [ainda que metodista], em que a Bíblia é o centro desse conhecimento, e, somente a partir dela, ele é possível, mas se trata de uma imagem, e nada além disso. Aceitarei críticas ao esquema, caso haja.
2) Baixe o áudio desta aula em file.MP3
3) O esquema da foto acima foi retirado do site da Universidade Metodista de São Paulo, e me pareceu adequado para resumir como se dá o conhecimento de Deus a partir da visão humana. O conhecimento divino, em si mesmo, é "indemonstrável", pois é infinito, eterno e perfeito. Nenhuma representação é possível, então, optei em representar a forma de como ele estabeleceu que o homem poderia conhecê-lo. Parece-me um esquema equilibrado [ainda que metodista], em que a Bíblia é o centro desse conhecimento, e, somente a partir dela, ele é possível, mas se trata de uma imagem, e nada além disso. Aceitarei críticas ao esquema, caso haja.
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