Por Jorge Fernandes Isah
Entendo que a fé a qual Paulo se refere não é a salvadora ou aquela que Deus nos dá para reconhecermos Cristo como Senhor e Salvador, visto ser dada a uns e não a todos os irmãos.
Mas, então, a qual fé o apóstolo se refere como um dom especial? Bem, provavelmente, esta fé está relacionada com milagres e, mais especificamente, com aquilo que Cristo disse aos seus discípulos: "Porque a fé que vocês têm é pequena. Eu asseguro que, se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: 'Vá daqui para lá', e ele irá. Nada será impossível para vocês" [Mt 17:20]. Se atentarmos para o texto, os discípulos não conseguiram expulsar um demônio de um menino, o que levou o seu pai a implorar ao Senhor para que o fizesse, ao que Jesus desabafou: "Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam-me o menino" [v.17]. Após ordenar que o demônio saísse do rapaz, viram os discípulos que o demônio obedeceu imediatamente à ordem do Senhor, e lhe perguntaram, em particular: "Por que não conseguimos expulsá-lo?, então, o Senhor apontou o problema: a falta de fé!
Portanto, tudo indica que esse dom estava diretamente ligado à fé que produzia milagres; mas, também, a fé produzia um milagre especial, do qual toda a igreja deveria compartilhar, que é de acreditar no poder divino, de maneira a não deixá-los entregues à incredulidade, ao desânimo, às vicissitudes, sabendo que o poder de Deus era maior do que todas as coisas e, entre elas, a maior que um homem pode almejar é o de testemunhar a Cristo, o que, convenhamos, diante de um mundo caído e que odeia a Deus, não é nada muito fácil.
Se atentarmos para as circunstâncias daquele momento histórico, perseguições, apedrejamentos, prisões e mortes, simplesmente pelo fato de professar a fé em Cristo e proclamar as suas boas-novas, havemos de entender a situação de angústia, sofrimento e dor pelas quais os irmãos eram provados. Por isso, acredito que havia um dom especial de fé, de levar à fé outros irmãos, de estimulá-los a crer nas promessas do Evangelho, na esperança, na qual toda a igreja deveria comungar, nos momentos emergenciais, de forma que essa fé servia como consolo, mas igualmente era uma "força motriz" na intercessão junto a Deus por aqueles que eram afligidos pelos inimigos e que se sentiam "fracos na fé" [Rm 14.1]. Certamente eram irmãos que, com o dom especial de fé, auxiliavam e sustentavam os débeis [1Ts 5.14], suportando as suas fraquezas [Rm 15.1-2].
Esta fé capacita-nos também a colocarmo-nos à serviço de Deus, de honrá-lo e glorificá-lo com nossa vida e atitudes, levando-nos a dar um bom testemunho de Cristo. Há também o fato de que ela produz a esperança e certeza nas promessas que nos foram entregues por Deus, persuadindo-nos de tudo o que ele disse se cumprirá, pois ele é verdadeiro, tornando o que ainda não vemos em certeza, a fim de que a nossa alma caminhe tranquila e confiante na revelação. Não é o que diz Hebreus 11.1-3?
"Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Pois foi por meio dela que os antigos receberam bom testemunho. Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê não foi feito do que é visível".
Outro ponto importante em relação à fé é que, por ela, Cristo habita em nós, e ele somente habitará naquele que tem fé, que receberá a plenitude da graça, ao passo em que Cristo está-se formando nele. Esta é uma relação de dependência do crente em Cristo, pois tudo é dele e nós também o somos. E, como o apóstolo Paulo, poderemos dizer, seja agora ou em breve, "já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim" [Gl 2.20].
Notas: 1- Aula realizada na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2- Ouça e baixe o áudio desta aula em Aula 75 - Dons IV.MP3
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