domingo, 8 de junho de 2008
GRAÇA
Por Jorge Fernandes
O rosto dissolve-se em lágrimas,
Uma dor lacerante no peito,
Ergo o punho e soco o ar raivoso,
Há um grito difuso a teimar em não sair,
Estende-se por todos os músculos a agonia de tê-lO desprezado.
A alma miserável e imperfeita,
Tenta avançar em passos capengantes,
Apenas recua num grande esforço,
Deslizando na ladeira escorregadia,
Onde a carnalidade interior,
Soçobra os inexpressivos feitos.
Exaurido na inércia estéril,
Como ramo extirpado há dias da árvore,
A definhar numa terra infrutífera,
E o rigor da vergonha afugenta-me de Ti.
A vida despedaçada,
Partes largadas no caminho,
Repulsiva tentação que me arrasta a vasa,
Sem rogos, a cair em densas trevas.
No fôlego último,
Lembrei-me da Tua palavra,
“Fiz reverdecer a árvore seca”,
E derribado, elevou-me.
Disse.
E fez.
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