sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O HOMEM É UM FANTOCHE?








Por Jorge Fernandes

Não, o homem não é um fantoche de Deus, mas se fosse, não haveria problema algum; de certa forma até seria preferível, pois assim a certeza de agradá-lO estaria assegurada em 100%. Igualmente, não há capacidade no homem de escolher entre o bem e o mal sem que Deus o regenere, transformando a sua natureza caída, e “assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.7). Como está escrito em Ezequiel 36.26: “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne”; portanto, se Deus não transformar o coração de pedra em carne, ele continuará e sempre será um coração impossível de reconhecer que o bem é tudo o que procede de Deus. O homem é pecador porque quer, a sua natureza assim o quer, e será santo somente se Deus quiser. Sem o novo-nascimento, sem a transformação que somente Ele opera no ímpio, nada de salvação nem santidade; permanece-se morto em delitos e pecados.
A eleição e predestinação é a realidade da escolha de Deus e não a realidade do homem, pois esse homem, realmente, escolherá sempre pecar. O problema é que, visto alguns serem aparentemente boas pessoas (não furtam, mentem, difamam, falam palavrões, se prostituem... ajudam ao próximo, fazem caridades, como os espíritas e filantropos), isso nos leva a crer que foram capazes de escolher o bem. Porém, qualquer coisa que não seja para a glória de Deus é pecado, mesmo as aparentes boas ações (já que provêm unicamente do esforço próprio, com o objetivo de se alcançar uma vantagem pessoal, um prêmio), mas quando fizer algo, não faça “para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão” (Mt 6.5).
Engana-se quem acha que eles escolheram ser bons. Essa bondade foi controlada e decretada eternamente pelo Senhor, e assim o homem permanece indesculpável diante dEle, impossibilitado de reivindicar qualquer mérito por algo que Deus produziu e forjou nele. Por isso, Cristo diz àqueles que não o confessam como Salvador: “se não crerdes que EU SOU, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24)... mesmo não fazendo o mal, mesmo fazendo o bem. O pecado é algo muito diferente de atitudes boas e más. O pecado afronta a Deus, é rebeldia, inimizade para com Ele, é não admiti-lO como Senhor; e não será a doação de alimentos, atravessar velhinhas na rua, ou adotar uma criança abandonada que o aproximará. O erro está em não professar como verdadeira a obra expiatória de Cristo, o Seu sacrifício na cruz do Calvário para a remissão dos pecados; sem Jesus, nada feito! Ser bom (o que não implica em santidade; e todo aquele que se aproxima do Todo-Poderoso tem de ser santo), envolver-se em causas humanitárias, ou ser um religioso praticante, não é o passaporte para a vida eterna. É necessário muito mais do que isso...
Primeiro, ser um eleito de Deus, porque não é o homem quem escolhe, mas Ele. Segundo, Deus operará no homem, pelo poder do Espírito Santo, o novo-nascimento, e o converterá infalivelmente, tornando-o nova criatura em Cristo, o qual será Senhor e Salvador, por Sua obra completamente consumada na cruz. Isso é graça, algo imerecido, mas recebido porque Deus quis dá-la, e torná-lo filho adotivo, co-herdeiro de Cristo. Isso é misericórdia, pois, apesar de merecer a condenação no Inferno, poupou e absolveu-o do castigo eterno. Terceiro, com a mente de Jesus, é-se atraído a Ele, à Sua oferta de sacrifício, ao Seu perdão, ao arrepender-se dos pecados, a lamentar a vida dissoluta e bárbara em que esteve, a entristecer-se por have-lO desprezado.
Portanto, com a mente corrompida, com a velha natureza, não é possível sujeitar-se ao senhorio de Cristo. Somente quem tem o novo-nascimento é capaz de tê-lO como Senhor, porque é impossível ao homem resistir às maravilhas de Deus, tanto a Sua graça, misericórdia, autoridade, poder e amor. É como o caso do filho cativo por seqüestradores, e que vê o pai entrar pela porta de repente, correndo para os seus braços a fim de libertá-lo. Será que o filho o rejeitará? (o exemplo é tosco, e está muito aquém do que Cristo faz). Então, fique tranqüilo, não somos títeres mas filhos escolhidos por Deus a participar da Sua eterna glória; porém, se você não confessou Jesus Cristo como Salvador da sua vida, comece a arrancar os cabelos, porque é impossível ao homem “ir” a Deus sem que Ele opere o desejo, a restauração, e um coração segundo o coração do Seu Filho Amado.
Apesar de que seria melhor tanto para você como eu sermos fantoches, não foi assim que Deus quis; e quem pode questionar os preceitos e decisões do Senhor? Como disse: “agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43.13). Cabe-nos obedecê-lO e proclamar o Evangelho da Graça. É dever, mesmo sabendo que a maioria permanecerá cauterizada, condenada, “pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece... Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer” (Rm 9.16;18).
Deus é soberano em tudo, seja na salvação ou no homem. E isso é imutável, como o próprio Deus.

2 comentários:

Oliveira disse...

Caro Jorge

Eu não me ofendo quando me dizem que sou um fantoche.

O que é ser fantoche?
Um boneco controlado por um artista?

Eu te garanto que o controle que Deus tem de nós homens, é muito maior e mais abrangente do que o controle que o artista tem por algumas cordas sobre o seu boneco.

Então não é questão de ser fantoche, mas de ser um "super-fantoche", ou seja, totalmente controlado por Deus.

Com o agravante de que o homem, mesmo sendo controlado por Deus, faz exatamente o que quer, uma vez que até mesmo o arbítrio está subordinado à soberania de Deus.

E tem mais.... pode-se falar 1000 vez esta mensagem para um ímpio e ele não ouvirá até ser vivificado pelo ES, e no final sempre perguntará: Sim, mas então nós somos fantoches?

Eu diria: Sim, de uma certa forma somos "fantoches" sim, mas... e daí?

Pode a coisa criada, reclamar contra o seu Criador?

Um abraço

Jorge Fernandes Isah disse...

Natan,
Como também fiz questão de colocar, não há problema algum se eu fosse "fantoche" de Deus. Contudo, à vista da revelação bíblica, não vejo o homem dessa forma. Você sabe que ainda tenho alguns "ranços" compatibilistas (os quais estão se esvaindo pouco a pouco, à medida que o Espírito Santo de Deus tem me mostrado a verdade), mas mesmo o determinista mais radical não entenderá o homem como um títere, no pleno sentido da palavra.
É claro que em um artigo que se propõe a discutir a questão da salvação em relação à escolha de Deus e não do homem, não poderia esgotar a questão do determinismo. Mas apontei-a ainda que primariamente.
Portanto, concordo com tudo o que disse na relação de Deus com o homem, e no fato do nosso Senhor determinar tudo, mas tudo mesmo, até as mínimas coisas na vida do homem [também coloquei este ponto de vista no texto Senhor ou Escravo em http://kalamo.blogspot.com/2008/03/senhor-ou-escravo.html (ainda que de uma forma seminal e compatibilista); também em F1 e Soberania de Deus, http://kalamo.blogspot.com/2008/11/f1-e-soberania-de-deus.html (já bem menos compatibilista); e nos comentários ao Evangelho de João]; e de que ele não tem o que se chama liberdade de escolha, "livre-arbítrio", ou "livre-agência".
Temos conversado sobre o assunto (entre tantos outros), e quem sabe não posto algo para debatermos aqui?
Quanto a questão da regeneração, acho que o texto é claro em afirmar que se é impossível "ir" a Deus sem que Ele opere a transformação e restauração do pecador.
Agradeço o seu comentário que foi, no mínimo, instigante, mas sobretudo verdadeiro.
Amigo, obrigado.